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21 de jul. de 2014

Aprendendo com os surdos 7 - E ao atendimento especializado é completo?

O atendimento especializado alcança a dimensão de atendimento pedagógico diversificado ao educando surdo. Diante dessa perspectiva devemos salientar que o profissional que deseje se especializar para atuar com os surdos em seu atendimento, deverá também se capacitar na linguagem brasileira de sinais, de forma a promover uma integração mais completa, bem como interagir com outros indivíduos surdos para se sociabilizar e ao mesmo tempo, promover o diálogo e o entendimento maior entre surdos e sociedade ouvinte.
O estudo não acaba nesse curso, deve antes, ser um aprendizado por toda vida, sempre sendo revisitado, novas teorias pedagógicas devem ser pensadas e desenvolvidas no sentido de ampliar essa inclusão/integração, enxergado sobre um novo olhar todas as relações:. escola, família, sociedade.
As mudanças em um tempo histórico podem ser positivas para aquele tempo histórico, mas não para as necessidades futuras. A autonomia do surdo, seu pensamento e sua historicidade devem ser sempre levadas em conta antes de um determinado atendimento.
Tais fatores na escola só serão plenamente interiorizados se houver um esforço de toda a comunidade escolar em promovê-los, caso negativo, em vão será o esforço de tantos que hoje se aplicam para melhor compreender esse grupo tão diverso e ao mesmo tempo tão semelhantes aos que ouvem.



Profª Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

Aprendendo com os surdos 8 - Fatos gerais acerca da pessoa surda, lutas e historicidade em busca de emancipação e independência

Definidos como anormais, objetos de uso, seres subservientes, estúpidos, desprovidos de inteligência, incapazes, deficientes, incapazes de conduzirem sua própria existência, dementados, desorientados, marginalizados e alheios à sociedade, os surdos, durante muitos séculos foram alvo do escárnio alheio e das formas mais humilhantes de vida.
O surdos, sendo considerados aberrações, eram mandados para os circos de aberrações ou mesmo servindo de escravo, no seio de sua própria família, sem nenhuma dignidade, muitas vezes acabavam suas vidas na mendicância e na miséria.
No entanto, à partir do século XIX, surge a necessidade de se educar os surdos de forma que eles pudessem interagir e assim, manter os negócios e tradições econômicas familiares. Assim, temos os primórdios dos estudos surdos.  
Devemos frisar que não constitui ofensa chamar o indivíduo de"Surdo" porque eles mesmos se referem dessa forma.
Os estudos surdos  tem surgido nos movimentos surdos organizados, bem como nas perspectivas culturais e antropológicos, como uma ramificação desses estudos, com o propósito de enfatizar a importância da linguagem, das práticas discursivas e das conquistas de direitos e saberes.
Segundo Carlos Skliar, “os Estudos Surdos se constituem enquanto um programa de pesquisa em educação, onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas e entendidas a partir da diferença, a partir de seu reconhecimento político” (1998, p. 5).
Os Estudos Surdos visam eliminar a visão da surdez enquanto deficiência. Segundo essa proposta, o surdo não é um indivíduo deficiente, doente e sofredor. Os surdos são um grupo organizado culturalmente, eles mesmos não se definem como "deficientes auditivos", mas como um grupo à parte, cuja ausência da capacidade ouvinte não os impede de se comunicarem, posto que eles tem uma linguagem própria e sua própria organização cultural.
Os surdos desenvolvem potencialidades psicoculturais diferentes das dos ouvintes. Dessa forma, os surdos não definem a surdez como uma incapacidade que os fazem menores que os indivíduos ouvintes, mas apenas indivíduos que interagem com o mundo de forma diferente das dos ouvintes.
Estamos passando por um período histórico de redefinição do que seja a surdez. Enquanto que na medicina a surdez é definida pelo déficit auditivo e da classificação dos níveis de surdez (leve, profunda, moderada, congênita, pré-linguística, adquirida ou provocada) essa definição deixou de mencionar a experiência da surdez, em considerar os contextos culturais e psicossociais nos quais o surdo se desenvolve. Assim, os estudos surdos ganham terreno fértil.
Os surdos vivenciam um déficit de audição que os impedem de adquirir de maneira natural, a linguagem oral e auditiva da maioria social. Sua linguagem e cultura são construídos à partir de estratégias cognitivas e de manifestações comportamentais, de forma diferente, mas não discriminatória das pessoas ouvintes..
Nos estudos surdos é enfatizado a difereça e não a deficiência, assim, é banida a expressão“deficiente auditivo” de forma a re-situar o conceito de surdez. Esse termo deve ser usado no meio médico-clínico, enquanto que Surdo está mais afeito ao marco sócio-cultural da surdez. 
A sociedade tende a ver a surdez como uma doença que futuramente há de ser sarada à partir de enxertos ou chips neurocirúrgicos, constantemente pesquisados pela medicina, pela engenharia genética ou de prevenção de doenças.
O surgimento da surdez muitas vezes é visto pela sociedade como um grande malefício, resultante das condições de vida insalubres, doenças contagiosas de larga escala, pouca ou nenhuma acessibilidade à escola ou mesmo, a falta de cuidados médicos e familiares. Uma cruel fatalidade, castigo, punição ou carma da família ou do próprio surdo. (Sá; Ramuro, 1999. p59)
É certo que cada indivíduo tem sua história pessoal, e os surdos também a tem, mas na sociedade, nascer surdo é algo pejorativo, falha, culpa, pobreza, fatalidade, apesar da surdez genética seja bastante incomum, cientistas afirmam que cerca de 25% dos seres humanos carregam o gene da surdez.
Quanto mais rápido for diagnosticada a surdez e seu grau, mais rápido este começará a se interar da linguagem de sinais, tendo uma educação apropriada e o mais importante, convivendo tanto com os ouvintes quanto com outros surdos, de forma que interajam de igual, prologando sua visão social e sua percepção cultural.
Quando detectada a surdez numa criança, ela é encaminhada imediatamente aos médicos e inúmeros exames com fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas, como se precisasse de um tratamento, um curativo.
Infelizmente essas ações se tornam mais importantes para a família do que as orientações pedagógicas ou as informações cedidas pelas pelas comunidades surdas. No afã de se alcançar a cura para a criança, esta ainda fica condicionada a se entender doente e incapaz e passa a ter inúmeros compromissos diários com especialistas, visitas cansativas e constantes que tomam maior parte de seu tempo disponível, perdendo o seu tempo escolar e seu tempo de criança. 
Essas atividades parecem suprir as expectativas dos pais, que buscam uma solução quase milagrosa para fazer com que seus filhos se comuniquem de uma forma mais "aceitável" e parecida com a linguagem oral.



Profª Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

18 de jul. de 2014

Aprendendo sobre os surdos 6 - Definição, designação e Diagnóstico

Definição
Como você conceitua surdez ?  A surdez é a ausência de estímulos sonoros.
Existem diferentes tipos de surdez ? Sim, das parciais, passando pelos graus leve, moderado, acentuado e total (anacusia), congênita ou adquirida.
Designação
O forma mais utilizada para designar pessoas com deficiência auditiva é a perda total ou parcial, de forma congênita ou adquirida, da incapacidade de compreender a fala pela audição. Segundo alguns pesquisadores e clínicos, a surdez ainda pode ser classificada de forma etária,

a) Pré-lingual - quando a criança já nas surda ou a perde antes de começar a falar e entender a linguagem falada. Esse tipo de deficiência é mais complexa para o desenvolvimento cognitivo da criança. Grande parte das crianças surdas que perderam a audição antes da aquisição da fala, tem mais facilidade em aprender a língua de sinais;

b) Pós-lingual - diz do indivíduo que perdeu a audição depois da aquisição e desenvolvimento da linguagem e da fala, alguns desses indivíduos conseguem realizar a leitura labial.

Nem todos os casos de deficiência auditiva ocasiona atrasos no desenvolvimento motor. Alguns pesquisadores afirmam, entretanto, que são frequentes as perdas de equilíbrio e coordenação motora. Esses problemas são decorrentes de problemas neurológicos, vestibulares, privação de som e ausência de verbalização. (Bueno, 1995) Muitas vezes, os familiares, em especial, os pais, colocam a criança surda numa redoma, não a permitindo executar ações próprias, interagindo com o mundo. (
Diagnóstico
O nível de surdes de uma pessoa só é possível saber com precisão através de uma audiometria. Esse exame é realizado através da mensuração em decibéis (db). Quanto maior for o número de decibéis necessários para a criança responder a um estímulo sonoro, maior e mais significativa terá sido a perda auditiva.
A evolução do sistema auditivo se dá no quinto mês de gestação, evoluindo intensamente nos primeiros meses de vida, expandindo suas conexões neurais por vários anos. À partir do sexto mês de vida, podem ser observados alguns reflexos na criança que podem mostrar, à grosso modo, se ela tem algum grau de surdez ou não.
Por essa razão, outros métodos de aferição e diagnóstico podem ser realizados ou associados à audiometria, de forma a perceber futuros problemas relacionados à audição.

Exemplos:

• Nos primeiros dias de vida, Reflexo de Moro (reagir aos sons com um movimento brusco)

• 03 meses - Reflexo Cócleo-palpebral

• 06 meses - Reflexo de orientação-investigação

• 07 a 08 meses não reagir à voz e a linguagem.
Quanto mais cedo esses diagnósticos forem obtidos, melhores possibilidades e opções de tratamento e linguagem deverão ser desenvolvidas não apenas pelo indivíduo, mas pelos pais e os que convivem com a criança de forma que, ao decorrer de seu crescimento, ela se sinta mais à vontade e conviva com a surdez de forma normal. 

Profª Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

16 de jul. de 2014

Aprendendo sobre os surdos 5 - Desigualdades sociais e educacionais, órgãos de apoio ao Surdo

A LDB 9394/96 deveria representar o nosso futuro mais igualitário, mais protetor e seguramente, mais justo e responsável com as gerações que virão. Também chamada de Lei Darcy Ribeiro - esse grande sociólogo e antropólogo que defendeu a escola pública e a educação de milhões de brasileiros, desde os povos indígenas, passando pelas populações sertanejas e ribeirinhas, até os indivíduos citadinos - essa Lei é abrangente, no sentido de que seus incisos e parágrafos determinam todos os passos que poderiam ser dados no que diz respeito a manutenção da cidadania e da promoção da igualdade de direitos. A valorização da educação é o único passo para formarmos uma sociedade verdadeiramente justa em igualdade e condições para todos os seus cidadãos. Entretanto, nem todas as metas dessa lei são cumpridos e, em muitas escolas e institutos o que vemos ainda é o sucateamento das instituições escolares, a subeducação dos profissionais de educação (muitas vezes coniventes com a situação por não poder abrir mão de sua sustentabilidade), os roubos e desvios de verbas que deveriam ser usados para formar cidadãos.
Esse ciclo vicioso faz com que gerações saiam das escolas semi-alfabetizados; o que mais chama a atenção nesse descaso todo é que a LDB que impõe tratamento digno, com capacitação de profissionais  qualificados para o atendimento dos portadores de necessidades especiais, não tem condições nem financeiras e nem de deslocamento para se capacitarem devidamente, pois as próprias secretarias de educação do país não recebem verbas para oferecer esses cursos de forma gratuita aos professores atuantes em suas regiões. 
O que se esperar quando o poder público simplesmente não fiscaliza seus imediatos que são responsáveis por esses repasses? muito já foi feito, mas para que a educação alcance o patamar de excelência, se comparados à alguns países que erradicaram toda e qualquer forma de analfabetismo ainda estamos muito longe de atingir esse ideal.
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Dados sobre as desigualdades sociais e educacionais
  1. No mundo, mais de 100 milhões de crianças, 60 milhões são meninas e 40 milhões são meninos não tem acesso ao ensino fundamental;
  2. Mais de 1/3 dos adultos não tem acesso  ao conhecimento impresso ou novas habilidades e tecnologias que poderiam viabilizar seus estudos;
  3. Mais de 100 milhões de crianças e adultos não completam a educação básica e outros que conseguem nem sempre adquiriram os conhecimentos básicos e habilidades fundamentais (analfabeto funcional)
  4. Mesmo com o empenho de alguns governos em promover  a educação, milhões de seres humanos continuam na pobreza sem escolaridade ou analfabetos;
  5. Em alguns países industrializados, o corte nos gastos com educação ao longo dos anos 80 arrasou a educação;
  6. A educação básica é mais do que uma finalidade em si. Ela é a Base para a aprendizagem e o desenvolvimento humano permanentes, sobre a qual os países podem construir níveis e tipos mais adiantados de educação e capacitação;
  7. A Educação básica é o enriquecimento dos valores culturais e morais comuns, pois neles os indivíduos e sociedade encontram identidade e dignidade;
  8. A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens  e adultos. Universalizá-la é o melhor caminho para melhorar a sua qualidade e sua disseminação;
  9. As necessidades básicas de aprendizagem dos portadores de necessidades especiais requerem atenção especial. Devem ser tomadas e promovidas medidas que garantam a qualidade de ensino, à igualdade de acesso à educação como parte integrante do processo educativo;
  10. Todos os instrumentos disponíveis e os canais de informação, comunicação e ação social podem contribuir na transmissão de conhecimentos essenciais, bem como na informação e educação dos indivíduos quanto a questões sociais. 
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Qual é a Unidade da FENEIS mais próxima de sua cidade ?Seria na cidade Rio de Janeiro
FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
Em 1983, a comissão pela luta dos direitos dos surdos, um grupo não oficializado, com integrantes surdos, começou a fazer parte nas discussões da FENEIDA, passou a participar dos diálogos da instituição, com representatividade. Até então esse direito era negado aos surdos pois acreditava-se que eles eram incapazes de coordenar uma entidade. Em 1987, porém, eles assumem a diretoria da FENEIDA quando reestruturam o estatuto da instituição passando a ser chamar FENEIS.

Feneis é uma instituição com caráter eminentemente político. -
 Considerando que a vida social é política, onde a participação de cada indivíduo deve ser valorizada, assim deve ser com os surdos. Os surdos devem discutir entre si quais as principais dificuldades em se relacionar, quais os melhores métodos e ainda o que devem fazer para se integrarem na sociedade. Para isso, um movimento como esses deve ser estimulado e ao mesmo tempo valorizado por se tratar de uma reunião voluntária de pessoas com a mesma característica.


Profª Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

Aprendendo sobre os surdos 4 - O que é a surdez e como ela se manifesta?

1. Durante muito tempo as pessoas achavam erroneamente que a surdez era uma doença e que a pessoa surda seria uma pessoa incapaz de se autogerir; algumas pessoas até mesmo pensavam que, associado a surdez (também acontece com a mudez) o surdo teria problemas mentais. Somente à partir das iniciativas de escolarizar os surdos é que esses preconceitos foram sendo quebrados.

Como parcialmente surda sofri também esses estigmas e cheguei a ser menosprezada na escola onde estudei pois alegavam que meu rendimento intelectual seria abaixo da média por causa de minha surdez e que eu jamais conseguiria alcançar os colegas de classe. Eu acredito que esse tipo de postura além de ser um grande preconceito é também uma total falta de caridade: aquela que menospreza o indivíduo sem dá-lhe a preparação necessária ou acreditar em seu potencial intelectual, apesar das diferenças.

2. Como sei se sou surdo ? Quando a pessoa sente dificuldade em entender o que o outro está falando, não consegue se comunicar plenamente. Há casos que, no início, o indivíduo desmaia ou perde o senso de direção, mas com tratamento adequado, orientação e a realização de audiometria para verificar a intensidade da surdez, o indivíduo é capaz de se autogerir e conviver plenamente com essa dificuldade.

3. Como o Ouvido Funciona - Fonte
 O ouvido capta vibrações do ar (sons) e as transforma em impulsos nervosos 
que o cérebro "ouve". O ouvido externo é composto pelo pavilhão e pelo canal 
auditivo. A entrada do canal auditivo é coberta de pêlos e cera, que ajudam a 
mantê-lo limpo. 
O canal auditivo leva o som a uma membrana circular e flexível, chamada 
tímpano, que vibra ao receber ondas sonoras. Esta, por sua vez, faz vibrar, no 
ouvido médio, três ossículos, que ampliam e intensificam as vibrações, 
conduzindo-as ao ouvido interno. 

O ouvido interno é formado por um complexo sistema de canais contendo 
líquido aquoso. Vibrações do ouvido médio fazem com que esse líquido se 
mova e as extremidades dos nervos sensitivos convertem esse movimento em 
sinais elétricos, que são enviados ao cérebro, através do nervo da audição 
(nervo auditivo). 

O modo como os sinais elétricos são interpretados pelo cérebro ainda não 
está claramente entendido. 

Conceito e Classificação da Deficiência Auditiva 
 Denomina-se deficiência auditiva a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. 

Pelo menos uma em cada mil crianças nasce profundamente surda. Muitas pessoas desenvolvem problemas auditivos ao longo da vida, por causa de acidentes ou doenças.  Existem dois tipos principais de problemas auditivos. 

O primeiro afeta o ouvido externo ou médio e provoca dificuldades auditivas "condutivas" (também denominadas de "transmissão"), normalmente tratáveis e curáveis. O outro tipo envolve o ouvido interno ou o nervo auditivo. Chama-se surdez neurossensorial. 

 A deficiência auditiva pode ser classificada como deficiência de transmissão, quando o problema se localiza no ouvido externo ou médio (nesse caso, o prognóstico costuma ser excelente); mista, quando o problema se localiza no ouvido médio e interno, e sensorioneural (neurossensorial), quando se origina no ouvido interno e no nervo auditivo. Infelizmente, esse tipo de surdez em geral é irreversível. 

A surdez condutiva faz perder o volume sonoro: é como tentar entender alguém que fala muito baixo ou está muito longe. A surdez neurossensorial corta o volume sonoro e também distorce os sons. Essa interpretação descoordenada de sons é um sintoma típico de doenças do 
ouvido interno. 


Profª Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

Aprendendo Sobre os surdos 3 - o AEE

O AEE - O Atendimento Educacional Especializado

Para quem se destina o AEE e quais são as tarefas do professor ou da professora que trabalhará a partir da concepção do AEE?
O AEE se destinará tanto ao atendimento aos indivíduos surdos quanto na mediação entre surdos e ouvintes, atendendo de forma suplementar ou complementar , conforme as necessidades dos indivíduos no ambiente escolar.

Que noção de inclusão está presente no AEE?
o AEE deve identificar, elaborar, produzir, organizar, executar, acompanhar e avaliar os alunos tanto surdos quanto ouvintes , pois devem servir de mediadores dessa comunicação. Além disso o professor encarregado dessa função deverá elaborar e executar o plano de AEE, prevendo os efeitos de um planejamento prévio e estrututrado.
O profissional de AEE deve ter em vista a identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, definindo os recursos pedagógicos e de acessibilidade que são necessários.

Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

14 de jul. de 2014

Aprendendo sobre os surdos 2

  • A educação das pessoas surdas é um desafio constante pois os surdos não tem profissionais de educação em todos os segmentos capacitados para atuar em seu atendimento. O pouco ou nenhum conhecimento dos profissionais de educação de práticas e métodos de comunicação e educação para surdos também é uma constante. Há pessoas que, erroneamente, ainda insistem em achar que ser surdo ou mudo também é ser portador de deficiência intelectual.
  • Essas questões sobre a educação dos surdos sequer eram debatidas porque essa modalidade de educação sempre foi tratada com soluções paliativas e sem a preocupação com o foco de se ampliar as políticas. A Libras nasceu à partir da comunicação entre os próprios surdos, uma vez que seu uso era proibido dentro das instituições de ensino. A comunicação era feita através da oralidade e da leitura labial sendo esses os únicos meios de educar os surdos, até a LDB sancionar a lei que regulamente e reconhece o uso de Libras nas instituições de ensino.
  • No início, os surdos mais pobres ficavam às margem da sociedade. 
  • Os que possuíam melhores recursos se escolarizavam em casa com suas famílias ou em institutos próprios para se sociabilizarem os quais, muitas vezes , não tem condições de oferecer uma educação de qualidade, capaz de fazer com que os alunos surdos tenham igualdade de condições com os alunos que não tem nenhum necessidade especial.
  • Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

Aprendendo sobre os surdos - 1

Resumo-histórico sobre o INES 
O Ines- Instituto Nacional de Surdos - foi criado em meados do século XIX, por iniciativa do francês surdo E. Huet, através de uma proposta ao imperador D. Pedro II. Ele também apresenta sua experiência como diretor do o Instituto dos Surdos-Mudos de Bourges, uma instituição francesa de ensino. 
Tal iniciativa de E. Huet se deu graças ao norte-americano Thomas Hopkins Gallaudet (1781-1851)que realizou estudos no Instituto Nacional dos Surdos de Paris. Ao concluí-los, convidou o ex-aluno dessa instituição, Laurent Clérc, surdo, professor, para fundar o que seria a primeira escola para surdos na América, ou seja, essa ideia era uma tendência na Europa.
Dessa forma, o projeto de E. Huet foi aprovado e o imperador convocou o Marques de Abrantes para acompanhar o processo de criação do INES, que começou a funcionar em meados de 1856.
À partir do artigo 7º do decreto nº. 6.892 de 19 de março de 1908, a educação dos surdos passa a ser de obrigação do Estado, através do 1890/1957 – Instituto Nacional de Surdos Mudos.
 Em quase dois séculos de existência, o Instituto respondeu pelas seguintes denominações: 1856/1857 – Collégio Nacional para Surdos-Mudos 1857/1858 – Instituto Imperial para Surdos-Mudos 1858/1865 – Imperial Instituto para Surdos-Mudos 1865/1874 – Imperial Instituto dos Surdos-Mudos 1874/1890 – Instituto dos Surdos-Mudos 1890/1957 – Instituto Nacional de Surdos Mudos 1957/atual – Instituto Nacional de Educação de Surdos
Por ser uma das únicas instituições desse tipo no país e nos países vizinhos, durante muito tempo o INES recebeu alunos de diversos estados brasileiros, bem como do exterior.
No Instituto era disseminado o uso da língua de sinais francesa, por influência de Huet, essa foi espalhada por todo Brasil pelos alunos que regressavam aos seus Estados quando o curso terminava. Em  1875, um ex-aluno do Instituto, Flausino José da Gama, desenha o livro "Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos" com cópias distribuídas para várias localidades do Brasil, era uma forma de divulgar e tornar popular o meio pelo qual os surdos se comunicavam. Nas décadas iniciais do século XX, o Instituto oferecia além da instrução clássica, o ensino profissionalizante. O término do ensino no INES estaria associado a conclusão de um curso profissionalizante, dentre os quais, oferecidos segundo a vocação de cada aluno, seriam as oficinas de sapataria, alfaiataria, gráfica, marcenaria e também artes plásticas, além de bordado para as meninas em regime de externato.
No entanto, as questões de educação para os surdos sempre foram muito complexas e repletas de controvérsias, uma vez que no congresso de Milão em 1880, considerou que a linguagem oralizada era a melhor forma para se educar os alunos surdos. Tal iniciativa foi adotada em algumas instituições posteriores no país e ao mesmo tempo muito criticada por professores e alunos que reconheciam a importância e a legimitidade da comunicação sinalizada. Esse descontentamento gerou, na década de 80 do século XX, uma necessidade de se discutir sobre os novos rumos da educação para surdos, através de estudiosos do tema, pesquisadores, linguistas, educadores e sociológos que conferiram status de língua à comunicação gestual, com o movimento pela oficialização da Lingua Brasileira de Sinais -  LIBRAS, a qual o projeto de lei da Senadora Benedita da Silva, em 1993, deu início a uma longa batalha de legalização e regulamentação da LIBRAS, em âmbito federal.
O INES - Instituto Nacional de Educação dos Surdos é o único em âmbito federal, o qual promove discussões, debates, publicações, seminários, pesquisas e assessorias em todo o Brasil.
O INES conta também com um grande acervo multimedia, de material didático-pedagógico, fonoaudiológico e vídeos em linguagem de sinais.
Oferece atualmente o
Colégio de Aplicação,
Educação Precoce (de zero a três anos),
Ensino Fundamental e Médio,
Ensino Superior através do Curso Bilíngue de Pedagogia, experiência pioneira na América Latina. 
O Site do INES tem uma interface inteligente que facilita bastante a navegação por qualquer pessoa, sendo ela surda ou não. O site também oferece informações precisas sobre comportamento, eventos, cursos e políticas públicas tanto voltadas para o público surdo, tanto para os profissionais que atuam ou que desejem atuar em prol dos surdos, pois o site oferece cursos de libras e extensões, fóruns de discussão e formação e Capacitação de RH. 
O que mais me chamou a atenção no site do INES foi o Dicionário de LIbras, a TV INES e a divisão de estudos e pesquisas. É muito gratificante ver como tem pessoas engajadas em oferecer uma melhoria na qualidade de comunicação e de  educação aos surdos em nosso país.


Profª Semíramis F. Alencar Moreira, para curso de especialização em Atendimento Educacional Especial para Surdos - Universidade Federal de Uberlândia - UFU-MG

21 de fev. de 2008

Educação na Era da Inclusão


Falar ou agir? Eis a questão. O ano 2000 seria a era da inclusão, disseram. Muito já foi falado, discutido, aprovado e principalmente, reprovado.
Tem sido prática comum deliberar e discutir acerca da inclusão de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência: mencionando direitos inerentes a uma necessidade específica, abrangendo todos os direitos de forma generalizada, embrulhando-os, sem maiores cuidados em mostrar detalhadamente estes direitos.
A integração social foi a idéia que guiou a elaboração de políticas e leis e na criação de programas e serviços voltados ao atendimento das necessidades especiais de deficientes nos últimos 50 anos. Este parâmetro consiste em criar mecanismos que adaptem os deficientes aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de alguns deles, criar-lhes sistemas especiais separados.
Assim a sociedade continua basicamente a mesma em suas estruturas e serviços oferecidos, cabendo aos portadores de necessidades serem capazes de se adaptar a sociedade. Todavia, este parâmetro, apesar de protetor, promove a discriminação e a segregação na sociedade. O portador de necessidades especiais passa a ser visto com piedade e não como um ser humano, portador de outras inteligências e aptidões.
Desta forma é proposto o paradigma da inclusão social. Não somente a de portadores de necessidades especiais, mas todos aqueles indíviduos que estão, de alguma forma, excluidos da sociedade. Este consiste em tornar toda a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades.
Por este motivo, os inclusivistas (adeptos e defensores do processo de inclusão social) trabalham para mudar a sociedade, a estrutura dos seus sistemas sociais comuns e atitudes em todos os aspectos : educação, trabalho, saúde, lazer, etc...
Sobretudo, a inclusão social é uma questão de políticas públicas, pois cada política pública foi formulada e basicamente executada por decretos e leis, assim como em declarações e recomendações de âmbito internacional .
Falamos de Inclusão Social: seria com programas sociais que apenas dão ao povo a sensação de saciedade em ter seus filhos na escola pública, recebendo dinheiro por aquilo que deveria de ser um direito natural?
Falamos de Inclusão Digital: quantas escolas ainda não têm computadores para uso de seus alunos? quantos professores têm um computador que os possibilite melhorar sua prática docente, ou melhor, quantos professores estão realmente preparados para a aplicação dessa veículo que poderia ser a estrutura-base de uma educação renovadora?
Por estas razões, surge a necessidade de uma atualização das diversas políticas sociais. Ora se sobrepondo em alguns pontos, ora apresentando lacunas históricas, muitas das atuais linhas de ação estão em conflito ideológico com as novas situações, parecendo uma colcha de retalhos.
É necessário mudar o prisma pelo qual são observados os direitos já ordenados e os que precisam ser acrescentados, substituindo totalmente o paradigma que até então é utilizado, até mesmo inconscientemente, em debates e deliberações.

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