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20 de jul. de 2010

Alguns documentários sobre Edgar Morin













Edgar Morin

Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum (Paris, 8 de Julho 1921), é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu de origem sefardita.


Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método (6 volumes), Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.

Graduou-se em Economia Política, História, Geografia e Direito. Em 1977, publicou o primeiro livro da série O Método, no qual inicia sua explanação sobre a teoria da complexidade. Em 1999, lançou A Cabeça Bem-Feita (Ed. Bertrand Brasil) e Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro (Ed. Cortez), além de outros três títulos sobre educação

Morin defende a incorporação dos problemas cotidianos ao currículo e a interligação dos saberes. Critica o ensino fragmentado.

Assim, sem uma reforma do pensamento, é impossível aplicar suas idéias. O ser humano é reducionista por natureza e, por isso, é preciso esforçar-se para compreender a complexidade e combater a simplificação.

A Proposta de Morin basicamente é "Reformar o pensamento". Edgar Morin, passou a vida discutindo grandes temas: pai da teoria da complexidade, minuciosamente explicada nos quatro livros da série O Método, ele defende a interligação de todos os conhecimentos, combate o reducionismo instalado em nossa sociedade e valoriza o complexo.

Assim, na educação, Morin defenderá exatamente isso: o comprometimento com um ensino abrangente de todas as teorias, culturas, de forma contínua e profunda, o que pode assustar à muitos professores e educadores.

De qualquer maneira, para entender a teoria de Edgar Morin, é necessário que seja repensado o sistema educacional, desde suas bases. Um desafio, não só aos docentes da educação básica, mas à todos os membros da sociedade, na compreensão desses valores e na integração dos saberes dos alunos.

A seguir uma Entrevista com Edgar Morin
Programa Salto Para o Futuro - TVE Brasil -  dezembro de 2002


Entrevista com o Edgar Morin


Salto: O senhor tem afirmado que a ciência é, e sempre será, uma aventura e que o conceito de ciência está se modificando. Como poderíamos conceituar a ciência hoje?

Edgar Morin: A ciência é uma aventura, pois não podemos prever o futuro, por isso esta concepção é verdadeira. Nós não podemos unificar o mundo da ciência. Hoje, por exemplo, a ciência não é somente a experiência, não é somente a verificação. A ciência necessita, ao mesmo tempo, de imaginação criadora, de verificação, de rigor e de atividade crítica. Se não há atividade crítica, não há ciência. É preciso diversidade de opiniões. Mas a ciência também necessita ter a regra do jogo, ou seja, certas teorias podem ser abandonadas quando percebemos que são insuficientes. Então, a ciência é uma realidade complexa e podemos dizer que é muito difícil definir as fronteiras da ciência. Digamos que, em geral, ela é alimentada pela preocupação de experimentar, de verificar todas as teorias que ela expressa. Mesmo que a teoria não possa ser definida de imediato, é preciso pelo menos ver a possibilidade de definí-la no futuro. Mas não há só a verificação, eu repito, porque é preciso criar a teoria ; é preciso aplicar as construções expressas sobre a realidade e ver se a realidade as aceita. Eu acredito que, hoje, quando vemos as diferentes transformações na ciência física, na ciência biológica, nas ciências da Terra, na Cosmologia, temos a impressão que a ciência, de agora em diante, reconhece que seu problema é a complexidade. A ciência do passado pensou ter encontrado uma verdade simples, uma verdade determinista, uma verdade que reduz o Universo a algumas fórmulas. Hoje, nós sabemos que o desafio do mundo e da realidade é a complexidade. E, a meu ver, a ciência que vai se desenvolver no futuro é a ciência da complexidade.

Salto: O século XX pode ser caracterizado como o século da imagem. Em que medida esse fato mudou o imaginário dos seres humanos?

Edgar Morin : Todos sabemos que a imagem sempre esteve presente, sobretudo na antigüidade. Mas é verdade que, hoje, com os meios audiovisuais, com o cinema, ela se estabeleceu. O que eu acredito, a grande diferença, é que o cinema, por exemplo, dá o sonho coletivo. Ao invés de termos somente um sonho individual, nós vivemos um sonho coletivo. Por outro lado, nós nos reencontramos com as grandes tendências do imaginário ; nos reencontramos com as grandes lendas, com os romances... Nos deparamos com os grandes problemas que vêm de encontro ao imaginário. O imaginário é a maneira de traduzir as aspirações das tragédias dos seres humanos. Mas nós o reencontramos sob uma nova forma.


Salto: Vivemos em uma época em que as tecnologias, que dão suporte à linguagem, estão reestruturando nossos modos de comunicação. Muitos vêem nessa mudança uma ameaça à subjetividade. Como o senhor vê essa questão?

Edgar Morin: Eu acredito que a subjetividade é uma questão que foi, por muito tempo, negada pela ciência. Mas hoje, cada vez mais, ela é reconhecida. E acho que todo questionamento é se as técnicas vão servir às subjetividades ou se as subjetividades vão se utilizar das técnicas. Isso é uma luta permanente que vai continuar. E nós esperamos que as subjetividades possam se utilizar das técnicas.

Salto: O senhor afirma que a cultura e a educação emergem das interações entre os seres humanos. Qual o papel da escola diante desta complexidade?

Edgar Morin: O papel da escola passa pela porta do conhecimento. É ajudar o ser que está em formação a viver, a encarar a vida. Eu acho que o papel da escola é nos ensinar quem somos nós; nos situar como seres humanos ; nos situar na condição humana diante do mundo, diante da vida; nos situar na sociedade ; é fazer conhecermos a nós mesmos. E eu acho que a literatura tem o seu papel. O papel da educação é de nos ensinar a enfrentar a incerteza da vida; é de nos ensinar o que é o conhecimento, porque nos passam o conhecimento mas jamais dizem o que é o conhecimento. E o conhecimento pode nos induzir ao erro. Todo conhecimento do passado, para nós, são as ilusões. Logo, é preciso saber estudar o problema do conhecimento. Em outras palavras, o papel da educação é de instruir o espírito a viver e a enfrentar as dificuldades do mundo.

Salto: Como o senhor vê a relação ciência, imaginário e educação?

Edgar Morin: A ciência das descobertas científicas muitas vezes puderam realizar os mitos que a humanidade consagrou, como o mito de voar. Nós passamos a ter o avião, suas técnicas, e a ciência ajudou a desenvolvê-lo. A ciência, seja qual for, necessita da imaginação. Então, frequentemente essa imaginação é alimentada pelo nosso imaginário. Não podemos separar. Não existe uma inteligência fria e pura, unicamente lógica. A inteligência inclui as paixões, as emoções e também o imaginário. Conseqüentemente, quando pensamos em educação, se você não busca o imaginário na pintura, o imaginário no romance, o imaginário na poesia, você tem uma educação muito pobre. O imaginário se comunica com a realidade e a realidade se comunica com o imaginário. A educação deve garantir essa comunicação permanente.


Salto: Qual a impressão que o senhor tem da educação no Brasil ou na América do Sul?

Edgar Morin: E suponho que existam mais ou menos os mesmos problemas que encontramos nos países europeus. Vocês têm um sistema de educação que se baseia em antigas disciplinas, que são separadas. O que é preciso mudar é reunir essas disciplinas e conceber as novas ciências que são muito mais de agrupamento de disciplinas, como a Ecologia, como a Cosmologia, como a ciência da Terra. Mas eu acho que é um sistema que precisa ser profundamente reformulado, tanto na América Latina quanto na Europa.

Edgar Morin, março de 2000

Tradução : José Roberto Mendes

(Entrevista concedida em 02 de dezembro de 2002)

6 de dez. de 2009

O Ato Docente na Construção Social – Preparando os Profissionais do Amanhã

O Ato Docente na Construção Social – Preparando os Profissionais do Amanhã - Semíramis F. Alencar Moreira (especialista em Docência de Ens. Superior pela UNESA)

Ser professor não é ser somente um repassador de conhecimentos. É ser um formador de opinião. No Ensino Superior, esta função se aprofunda, pois se transforma num elo entre a Instituição de Ensino e os graduandos.
Os graduandos, provenientes de diversas camadas sociais, trazem consigo uma bagagem cultural extensa, suas visões de mundo, muitas vezes parciais ou distorcidas, o que seriam de suma importância se trabalhadas em sala, dentro de cada carreira.

A universidade hoje deveria estar intimamente inserida na realidade social como um órgão capaz de orientar, instruir e transformar a sociedade, seguindo o impulso primeiro que levou a Universidade de Berlim, no início do século XIX, a incrementar a cultura a fim de garantir à nação alemã, o contato como desenvolvimento internacional.

Com seus órgãos de extensão, a universidade aproxima os diversos grupos sociais do conhecimento, despertando nos indivíduos o desejo de aprender e de se libertar das amarras históricas de frustração e descaso que a elite, por séculos, o excluiu.

Por trás de um discurso fabuloso, de neutralidade e imparcialidade, o que é visto muitas vezes é o protecionismo e a falta de comprometimento com a educação. O tempo é de mudança de engajamento com o futuro e com as gerações de profissionais que se seguirão, cônscios ou não, das reais responsabilidades de seus cargos. Este comprometimento começa na universidade.

A universidade, tanto na pesquisa, no ensino e na extensão, deve estar apta a formar indivíduos para a vida, para atuarem como agentes transformadores de sua sociedade e ao mesmo tempo serem agentes curadores de suas tradições e de sua cultura, como Goergen ressalta neste trecho:
“Não se trata de negar o sentido ou a necessidade da extensão universitária nem de agregar às tradicionais atividades de ensino e pesquisa algo como um polimento cultural ou ético, mas de assumir um novo conceito, ampliado de racionalidade.”

A educação, se pautada por estes valores, encontrarão a democracia e o desenvolvimento ligados por diversas razões fundamentais. Em primeiro lugar, porque a democracia proporciona a única solução suscetível de conciliar, a longo prazo, os interesses étnicos, religiosos e culturais antagônicos, minimizando o risco de conflitos internos violentos.

Acresce que a democracia é, por definição, um modo de funcionamento do Estado que, por sua vez, influi em todos os aspectos dos esforços em prol do desenvolvimento. Sendo um direito fundamental da pessoa humana, seu avanço é uma importante medida do desenvolvimento. A participação dos indivíduos na tomada de decisões sobre sua existência é um princípio essencial do desenvolvimento.

Assim a Universidade e o docente de nível superior passam a ter um importante papel na formação dos indivíduos mais atuantes socialmente, na construção do processo democrático dentro das unidades de ensino. Cabe destacar que, para que o educador forneça estes subsídios deve ele estar ciente de que a educação é um processo social e político, econômico e cultural.

Nas palavras de Freire, destaca-se o seguinte ponto:

“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo(...) Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. (...) Sou professor a favor da decência contra o despudor. A favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. ” (1996:102, 103).

No entanto, não é o que vem acontecendo. Todos os anos as entidades de nível superior formam especialistas teóricos, sem nenhuma criticidade ou habilidade em sua carreira. Ao que parece, o papel da universidade termina quando conseguiu, finalmente, diplomar seu alunado.

Mercantilistamente, a cada ano, administradores de empresas, advogados, professores, médicos, engenheiros, etc. são encaminhados à seus ofícios sem ter a menor idéia do que fazerna prática, uma vez que, no mundo real, sem teorias ou pensamentos utópicos, os processos cotidianos nem sempre são tão simples que se possa recorrer a um manual. Ainda, nos dizeres de Goergen:

“A universidade deveria sentir-se menos tranqüila ante a desastrosa formação ética, cultural, estética e cidadã daqueles que orgulhosamente diploma todos os anos.”(2001:10).

Culpados? Nem alunos, nem professores, nem a sociedade capitalista decadente. Nem mesmo a universidade que mascara a incapacidade de seus docentes com o rótulo de “tradição” ou de ensino não-ideológico. A educação é um ato político, democrático, artístico, social, cultural, ideológico, muitas vezes utópico, é bem verdade, mas que deveria de visar a formação ética tanto de professores quanto dos alunos.

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