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6 de jun. de 2014

Por que pobreza? Educação, educação (China)

Olá amigos
Ontem eu estava vendo esse documentário "Por que pobreza? -  educação, educação" que retrata a educação superior na China. 
Fiquei chocada como um dos países mais ricos do mundo, mesmo com uma política comunista não consegue prover educação superior pública e gratuita aos seus educandos, deixando-os à mercê de instituições fraudulentas que apenas "tomam" dinheiro dos alunos mais pobres sob a promessa de se formarem em uma universidade e assim garantir um lugar no mercado de trabalho -  o que não acontece e muitos ficam sem o dinheiro e sem o diploma. 
O documentário mostra ainda como é difícil para os chineses conseguirem trabalho, mesmo com ensino superior, a taxa de desemprego entre os jovens é muito alta e ao mesmo tempo a mãe de obra é desqualificada (mesmo a dos jovens que se formaram em uma universidade).
Espero que vocês gostem desse viés social das relações entre educação, pobreza, ensino a distância e compromisso.
Semíramis

28 de mai. de 2013

Durkheim e a Educação

Èmile Durkheim viveu num período em que a sociedade estava inteiramente ligada às transformações sociais advindas da Revolução Industrial.

Tais transformações foram tão fortes que Durkheim acreditava ser necessário criar um novo método, um novo sistema científico e moral que marchasse em harmonia com a nova ordem social instaurada, tarefa essa da ciência.

Posterior à Marx, Durkheim preocupava-se em combinar pesquisa empírica com teoria sociológica.
Durkheim entendia que a educação era um fator de coesão social.

Acreditava que a educação era elemento principal que recuperaria a ordem social e os professores teriam como função a constituição de uma moral quase que inexistente na sociedade de então.

Considerava que a educação em cada sociedade possuia aspectos múltiplos e uno ao mesmo tempo - pois em cada sociedade haveria um tipo específico de educação com múltiplos aspectos inerentes à ela mesma e aos costumes daquele povo.

A educação deveria de suscitar na criança

1- Um certo número de estados físicos e mentais, indispensáveis para a sua própria sociedade;
2- Um certo número de estados físicos e mentais que o grupo social particular (casta, classe, família, profissão) tenha como certo e indispensáveis á sua própria sociedade.

Assim, para Durkheim não havia um único tipo de educação. varia de acordo com as sociedades e suas necessidades e interesses em jogo.

Nas sociedades em que havia pouca divisão do trabalho e mais solidariedade mecânica coletiva era maior, atingindo um maior número de pessoas, posto que quando as pessoas desempenham as mesmas atividades, os indivíduos tendem a pensar de forma similar.

O conjunto de regras nas primeiras sociedades era melhor introjetado na sociedade por conta do maior compartilhamento dessas regras - até pelo número menor de pessoas envolvidas. Nas segundas sociedades, os conjuntos de regras ficam restritos a grupos mais específicos, variando de lugar e de grupos de pessoas. Nessas sociedades é maior a busca de satisfação social e individualismo, o que se fortaleceu com o capitalismo.

Em sociedades mais diversas, com acentuadas divisões do trabalho, a Solidariedade Orgânica, há um enfraquecimento dos laços sociais e da consciência coletiva, pois há maior distancia entre as pessoas e maior margem para interpretações pessoais.

Para essas sociedades, onde os laços sociais são mais frouxos, há uma perda de sentimentos de união, co-participação e de respeito às normas sociais, a educação assume a condição de mantenedora da moral, elemento imprescindível de coesão social. Através da educação, a sociedade alcançaria a homogeneidade, de forma a fixar na criança os valores sociais e morais desejáveis na sociedade, ainda que as sociedades sejam muito diversas, sempre há valores e crenças básicas comuns à todos os membros.

Se uma sociedade visa preparar uma criança para uma determinada função a que será chamada a desempenhar, a educação não pode ser a mesma, deve ser diferenciada e comum à todos. Durkheim apontava para um tipo de educação diversificada e especializada, cada vez mais precoce. Para ele não haveria maneira de se obter uma educação totalmente igualitária e homogênea, uma vez que, para isso, deveria de se remontar desde os primórdios da humanidade, no seio das classes pré-históricas nas quais não houvesse nenhuma diferenciação. Dessa forma, a educação ( escola) seria a responsável por presidir e organizar o conhecimento direcionado a formar os indivíduos.

Durkheim acreditava que nem todos os seres humanos eram designados a ter o mesmo grau de importância ou desempenhar as mesmas funções (assim ter os mesmos gêneros de vida). Assim, se cada um de nós tem uma destinação diferente, funções diferentes à desempenhar, seria importante se atribuir estudos e capacitações inerentes à cada profissão.

Ou em suas próprias palavras:
"A educação não é, pois, para a sociedade, senão o meio pelo qual ela prepara, no íntimo das crianças, as condições essenciais da própria existência".

DURKHEIM, Èmile. Definição de Educação. In:. Educação e Sociologia, 3. Ed. Tradução de Lourenço Filho. São paulo, Melhoramentos, 1952.

25 de abr. de 2013

Aula 12 - O Pensamento Comunicativo de Habermas

O pensamento comunicativo de Jürgen Habermas

Jürgen Habermas é um filósofo e sociólogo alemão. Advindo da Escola de Frankfurt (uma das principais correntes do marxismo cultural) procurou superar  o pessimismo dos fundadores da escola quando adota o paradigma comunicacional, assim ele tem como ponto de partida:
  1.         A ética comunicativa de Otto Von Apel
  2.        O Conceito de ação objetiva – T. Adorno
  3.        Ética de Platão e a lógica de Aristóteles
  4.        Idealismo Alemão (Hegel)
  5.       Reconhecimento intersubjetiva
  • Razão Comunicativa / Ação Comunicativa
Habermas apresenta a comunicação livre, racional e crítica como alternativa à razão instrumental e superação da razão iluminista, aprisionada pela lógica instrumental, que encobre a dominação.

Razão instrumental – Segundo Aurélio Buarque Ferreira de Holanda, teria uma das conotações como “Sistema de princípios a priori cuja verdade não depende de experiência.”
Convém já explicitar sobre a “A noção de razão instrumental” no dizer de Chauí “[que] nos permite compreender”

  • a transformação de uma ciência em ideologia e mito social, isto é, em senso comum cientificista;
  • que a ideologia da ciência não se reduz à transformação de uma teoria cientifica em ideologia, mas encontra-se na própria ciência, quando esta é concebida como instrumento de dominação, controle e poder sobre a Natureza e a sociedade;
  • que as idéias de progresso técnico e neutralidade cientifica pertencem ao campo      da ideologia cientificista.
 Razão iluminista – a razão iluminista é uma razão independente das verdades religiosas e das verdades inatas dos racionalistas. Assim, a noção de autonomia iluminista se refere a uma razão que se dobra a evidências empíricas e matemáticas. 
O iluminismo proclama tanto para a natureza quanto para o conhecimento o princípio da imanência (Imanência – Filosofia: Diz-se da atividade ou casualidade cujos efeitos não passam do agente). Filosofia. Diz-se de um ser que se identifica a outro ser. (Na filosofia de Spinoza, Deus é imanente ao mundo.) A natureza e o espírito são concebidos como plenamente acessíveis, não como algo obscuro e misterioso.
     
     Lógica Instrumental – Adequação dos meios aos fins.


Habermas explica que a teoria crítica precisa romper com Marx em três dimensões:
  1.    Deixar de lado a tendência evolucionista inserida no marxismo- as sociedades passariam por estágios de desenvolvimento bastante específicos, o qual teria início com o capitalismo e culminaria num modelo de organização social comunista;
  2.    O viés economicista observado na obra de Marx se consagra uma evidência de forças produtivas e de trabalho em relação às outras esferas da sociedade
  3.    Considera uma perspectiva reducionista a tendência de olhar o sistema social através da separação da dominação.


A sobreposição da burocratização e da monetarização das esferas do cotidiano social em detrimento da argumentação e participação pública; interfere no processo de interações sociais.
Habermas observa que na segunda metade do século XX, o que é visível é uma privatização e mercantilização do espaço público. A argumentação pública cede lugar aos interesses administrativos e econômicos. O mesmo pode ser observado  em relação às instituições privadas, as quais são invadidas gradativamente e cada vez regulamentadas pelo Estado ou pelo dinheiro. Assim as atividades culturais, científicas ou educacionais passam a ser mediadas por instrumentos e normas que desconstroem as formas tradicionais dos laços sociais.

A ética do discurso
As fundamentações morais dependem da efetiva realização das argumentações, não por razões pragmáticas relativas ao equilíbrio de poder, mas por razões internas relativas à possibilidade de discernimentos morais.
As interações nas quais as pessoas envolvidas se põem de acordo para coordenar seus planos de ação são denominadas comunicativas – é o acordo alcançado em cada caso medindo-se pelo reconhecimento intersubjetivo das pretensões de validez.
Enquanto que no agir estratégico um atua sobre o outro para dar ensejo à continuação desejada de uma interação, no agir comunicativo um é motivado racionalmente pelo outro para uma ação de adesão  - e isso em virtude do efeito ilocucionário de comprometimento que a oferta de um ato de fala suscita - Que um falante possa motivar racionalmente um ouvinte à aceitação de semelhante oferta [se explica] pela garantia assumida pelo falante, tendo um efeito de coordenação, de que se esforçará, se necessário, para resgatar a pretensão erguida... Tão logo o ouvinte confie na garantia oferecida pelo falante, entram em vigor aquelas obrigações relevantes para a sequência da interação que estão contidas no significado do que foi dito2...

Pretensões de validez - significa coisas diferentes segundo o tipo de ato de fala de que se trate. Nos atos de fala constatadores (afirmar, narrar, referir, explicar, prever, negar, impugnar e etc.), o falante pretende que o seu enunciado (aquilo que é pronunciado) seja verdadeiro. Portanto, se eu narro alguma coisa, ou explico algo para alguém eu pretendo que aquilo que narro, ou explico seja considerado verdadeiro, o que para Habermas só ocorre se houver o assentimento potencial de todos aqueles que estão me ouvindo. Sendo assim, se um dos meus ouvintes não aceitar o que falo por não acreditar no que digo, ou por outro motivo qualquer, o conteúdo que é transmitido não poderá ser tido como verdadeiro, pois não houve o consentimento de todos sobre a veracidade de meu ato de fala1.

Ação comunicacional
No início de sua obra principal, Teoria do agir comunicativo, Habermas afirma que “o pensamento filosófico se originou na reflexão sobre a razão encarnada na cognição, fala e ação; e a razão permanece sendo seu tema básico”. Não seria uma surpresa, então, descobrir que o conceito de racionalidade é o fio condutor para sua análise de processos de aprendizagem3.

A esfera pública para Habermas não pode ser confundido como a oposição clássica entre sociedade civil e Estado; ao contrário, a esfera pública representa nesta perspectiva metodológica  um terceiro momento das sociedades modernas, não podendo ser confundida nem com o Estado nem com o Mercado, ou seja, “Uma esfera composta de sujeitos privados com opinião própria, o que assegura a possibilidade da contraposição coletiva a decisões discricionárias do poder público” (Souza,2000:60).

Assim, o agir comunicacional representa todas as interações em que os membros de uma determinada sociedade discutem coletiva e publicamente questões relativas a seus planos de ação. Tais decisões tomadas em conjunto, constituem o princípio de universalização, para que tal aconteça é necessário a obtenção de um consenso, não que os indivíduos pensem da mesma forma, mas baseadas na ideia do debate democrático e dessa forma, construir um conjunto de regras legitimadas socialmente.
Portanto, são “comunicativas as interações nas quais as pessoas envolvidas se põem de acordo para coordenar os seus planos de ação, o acordo alcançado em cada caso medindo-se pelo reconhecimento intersubjetivo das pretensões de validez” (Habermas:2003:78-9)

O Projeto da Modernidade
Outra característica marcante do pensamento de Habermas é sua defesa do “projeto da modernidade” diante das críticas feitas pelos pensadores pós-modernos. Por mais que a modernidade tenha trazido problemas para a humanidade, Habermas tenta analisar, no que ele chama (seguindo Weber) “o processo da racionalização da sociedade moderna”, um potencial para a emancipação humana. 

Esse projeto necessita de ser completado sem abrir mão do que já  foi alcançado, não apenas no conhecimento, mas também de liberdade subjetiva, da autonomia ética e da autorrealização, do direito igual de participação na formação de uma vontade política e do “processo formativo que se realiza através da apropriação de uma cultura que se tornou reflexiva”. 

É esse processo, compreendido como processos de aprendizagem desencadeados ao longo da História, mas especificamente na modernidade, que poderia ser considerado um dos fios condutores do pensamento desse filósofo e teórico social3.

Assim, o projeto da Modernidade tem por objetivo compreender as normas válidas em uma sociedade e suas consequências a partir da análise de uma ética discursiva, ou seja, através da discussão pública sobre os valores, as normas e suas consequências, constituindo assim uma ética laica, fundamentada em uma sociedade centrada na ciência.

Habermas se diferencia de Durkheim por ver a síntese fundada em valores e não em elementos empíricos, não como uma verdade positiva, mas como uma verdade definida pelo uso argumentativo da razão.

Muito embora a teoria da solidariedade de Durkheim ofereça a Habermas uma teoria social que relaciona integração social e integração do sistema. Durkheim vê no conceito de "obrigação" um dos traços constitutivos da norma moral

Entretanto, a sanção é apenas um aspecto da aceitação da norma; é preciso levar em conta também o desejo de obedecer. Estas duas características do fato moral - o desejo e o dever - levam Durkheim a propor uma analogia entre esfera da moralidade e a do sagrado. Desse modo, a antropologia durkeiminiana oferece a Habermas um modelo para integrar à sua análise as ações rituais, que se movem em um nível pré-linguístico, expressando um consenso normativo atualizado regularmente.

No entanto, o consenso normativo garantido pelo rito e mediado pelo símbolo constitui o "núcleo arcaico" da solidariedade coletiva. Em contextos modernos de ação os símbolos religiosos não são mais capazes por si só de expressar o coletivo. O consenso normativo que era garantido pelo rito, ancorado nos símbolos religiosos e interpretado pela "semântica do sagrado" se dissolve e dá lugar à "verbalização do sagrado”, isto é, estruturas de ação orientadas para a intercompreensão. A autoridade do sagrado é, assim, gradualmente substituída pela autoridade do consenso 4.

Portanto, a autoridade moral, apenas se torna válida quando possui uma “... pretensão a uma validez universal que vem a conferir a um interesse, uma vontade ou uma norma”(Habermas 2003:68)
  

Fontes pesquisadas

Sandalowki. Mari Cleise – Guia de estudos Sociologia III  - Universidade Federal de Santa Maria

22 de abr. de 2013

Aula 11 - Anthony Giddens e o estruturalismo Social - parte 2

  • Em que consiste a dualidade do estrutural?
A constituição dos agentes e a constituição de estruturas não são fenômenos isolados, únicos, mas uma dualidade. A dualidade do estrutural dita que as propriedades estruturais dos sistemas sociais são ao mesmo tempo o médium (meio) e o resultado das práticas que se organizam de modo recursivo, ou seja, um fato que acontece repetidas vezes, sempre com um novo resultado até que se atinja um resultado satisfatório.
  • O que são competências?
A competência baseia-se nas capacidades individuais dos trabalhadores, de ser ou não ser capaz de exercerem um determinado trabalho.
“A competência é, assim, uma parte da profissionalidade: as qualidades de responsabilidade, de autonomia, saber trabalhar em equipa caracterizam a mobilização própria da competência” (1996, Dubar - "La sociologie du travail face à la qualification et à la competénce". In Sociologie du Travail).
É uma noção centrada, em particular, no conjunto de saberes que são mobilizados no quadro definido de uma atividade/emprego e cuja avaliação se centra nos resultados finais dessa atuação, sendo independente do lugar e da duração da aprendizagem: quando se fala de competências, sabe-se que não se está falando do trabalho, mas unicamente dos indivíduos.
É, neste sentido, uma construção individual, que pode ser definida por dois traços: ela é uma "arte" e exige uma "mobilização" do indivíduo.
  • O que é sistema social?
Para Giddens, o sistema social é a formação, no espaço e no tempo, de modelos regularizados de relações sociais concebidas como práticas reproduzidas que ele religa à interação social. A reciprocidade de práticas entre atores em circunstâncias de co-presença concebidas como encontros que se fazem e se desfazem. (Riutort, 2008;341 in Sandalowski, 2008, 31.)
  • Qual a crítica que Giddens faz a Durkheim?
A crítica que Giddens faz à Durkheim é relativa à comparação que Durkheim faz do sistema social a um organismo vivo(biológico), entendendo a sociedade como uma extensão do corpo humano, negligenciando a competência dos indivíduos e suas atividades intencionais. Ou seja, para Giddens, o individuo é um sujeito com capacidades de ação, tais capacidades adquiridas pela ação (agência) humana. Não são os indivíduos que criam os sistemas sociais, mas os sistemas sociais são os responsáveis pela sua própria criação. São atemporais, enquanto que os indivíduos são temporais.
  • O que é modernidade para Giddens?
Para Giddens, a modernidade consiste em um estilo de vida, um costume ou organização social que surgiu na Europa, em meados do século XVII – XVIII e que, depois se tornou mais ou menos mundial em sua influência. A modernidade é associada à determinados traços históricos surgidos com o capitalismo, segundo ele um sistema social e econômico.
A modernidade apresenta três aspectos:


  1.  Separação tempo-espaço – onde a difusão do relógio e a padronização dos calendários tornaram o tempo uma construção social artificial.
  2. Mecanismos de desencaixe -  quando se é observado um deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço. Essas organizações modernas podem conectar o local e o global de modo impensável nas sociedades mais tradicionais, afetando o cotidiano de milhares de pessoas, direta ou indiretamente (como o advento da internet na vida dos indivíduos e as mudanças de comportamento dela provenientes) Assim, Giddens ressalta dois tipos:
       1.    As fichas simbólicas – que são meios de troca impessoais (crédito), como o     dinheiro, num valor padrão;
       2.    Sistemas peritos - sistemas especializados conhecimento aos quais os leigos não tem acesso e por essa razão confiam nos indivíduos que possuem esse conhecimento especializado

3. Reflexividade – Para o autor seria pensar e repensar as relações sociais  pois esse processo permitiria a descoberta e o desenvolvimento de novos conhecimentos sobre essas relações. A utilização constante desses conhecimentos permitiria que os indivíduos ordenassem e reordenassem suas relações sociais.

O ritmo de mudança acelerado do último século, gera um dinamismo próprio da modernidade. A sociedade moderna se torna mais reflexiva no contexto pós-tradicional, pois é o próprio indivíduo que reflete e reconstrói incessantemente o seu mundo (Sandaloswki, 2008; 34 )

A perspectiva teórico metodológica enfatiza o caráter ativo, reflexivo da conduta humana. Giddens, com essa proposta atribui um papel central para a linguagem e capacidade de entendimento individuais na explicação da vida social,ou seja, seu foco se dá basicamente nas ações do indivíduo.

______________________________________________________________

Resumo de ideias baseado em Sandalowski. Mary C. Guia de Estudos de Sociologia III - Centro de Ciências Sociais e Humanas - Depto de Ciências Sociais. UFSM. 2008.

19 de abr. de 2013

Aula 11 - Anthony Giddens e o Estruturalismo Social



Anthony Giddens 

Breve biografia

Sociólogo britânico, Anthony Giddens nasceu em 1938. Contribuiu largamente para a interpretação da teoria sociológica clássica desenvolvendo críticas àquilo que identificou como limitações teóricas do materialismo histórico.
Giddens designou o termo "estruturação"  de forma à denominar a dependência mútua entre a  agência humana (capacidade de realizar coisas) e a estrutura social.
As estruturas sociais não são barreiras repressoras da ação humana tampouco impedem a capacidade de ação do agente social, estão intimamente implicadas na produção da ação, uma vez que fornecem os meios pelos quais os atores sociais agem, bem como os resultados dessa ação.
Giddens, critica a pós-modernidade pois prefere pensar e analisar sobre a reflexividade da modernidade (incorporação contínua novos conhecimentos e informação em ambientes assim organizados) e na modernidade tardia, a radicalização e globalização de traços básicos da modernidade.
A reflexividade, para Giddens, é um importante princípio no desenvolvimento do self.
Outros pontos fortes de seus estudos foram luta de classes, o impacto dos conflitos internacionais nas relações sociais e a sociologia das emoções.

Obras principais:
-Capitalism and Modern Social Theory (1971)
-New Rules of Sociological Method (1976)
-Sociology (1982)
-The Consequences of Modernity (1990)
-Modernity and Self-Identity (1991)
-The Third Way (1998)

A Reflexão sobre a importância da sociologia contemporânea em transpor determinadas oposições clássicas do pensamento sociológico.

·       Teoria da estruturação – a obra de Giddens é basicamente teórica (ao contrário de Bourdieu que se remete à prática e aos casos de estudo)
·       Reformular a teoria social e re-estudar como o desenvolvimento e a modernidade são compreendidos pela sociedade.
·       Principais temas tratados por Giddens:
1.    A história do pensamento social
2.    A família;
3.    As nações e os nacionalismos;
4.    A identidade pessoal e social;
5.    Um dos primeiros pensadores sociais que analisaram o fenômeno da Globalização através da Sociologia.
Estruturação – Consiste em explicar o real não apenas a partir dos seus elementos, mas sobretudo a partir da sua estrutura, na qual se vê uma realidade independente. Nas ciências sociais, essa estrutura será o sistema de relações que está na base da unidade dos grupos humanos. Como sistema, qualquer alteração que se produza num dos seus elementos implicará alterações em todos os outros. Cada transformação na estrutura corresponderia a um modelo, o que pressupõe a possibilidade de prever o modo de reação do modelo quando se altera um dos seus elementos.

Elementos teóricos e metodológicos da teoria de Anthony Giddens.
Giddens propõe uma profunda renovação das análises estruturalistas. Para ele, a sociedade existe à partir de dois níveis eu se reforçam mutuamente na prática, por meio das ações sociais dadas através de rotinas, que se tornam sólidas: são as estruturas sociais e as representações dos agentes.
O processo de relações sociais é estruturado no tempo e no espaço, assim quando Giddens propõe o conceito de estruturação sobe o ângulo do movimento, essa construção se dá de forma circular. Como fundamento, as dimensões estruturantes da vida social correspondem tanto às condições que antecipam quanto aos produtos dessa ação.
Os agentes sociais são dotados de competências posto que estes conhecem o mundo em que estão inseridos sendo capazes de estabelecer ações racionais e intencionais, explicando os atos realizados.
Agente Social - designa um indivíduo ou agrupamento organizado que, em determinadas situações, desempenha um papel ativo numa sociedade ou espaço social. A ênfase é assim colocada no desempenho e não tanto no papel atribuído ao indivíduo ou grupo no sistema social em que está integrado.
Todavia, essas ações cotidianas
Se veem capturadas nas redes múltiplas e difíceis de dominar no inconsciente e nas consequências não-intencionais de ação. Além disso, (...) a atividade social mais corriqueira de todos os dias é menos determinada por motivações diretas do que pela rotina que é um meio de se reduzir as fontes de angústia
(Lallement, 2204 p177)
As regras sociais são ao mesmo tempo coercitivas e habilitantes, ou seja, ao mesmo tempo que a estrutrura social impede uma determinada ação dos atores, baseada em pontos de apoio pode também autorizar outras práticas sociais  Os indivíduos recorrem às suas competências, às quais correspondem à existência de uma consciência prática, agindo  e fundando retiradas do apoio tanto da realidade  quanto das experiências passadas.

Competências – A competência baseia-se explicitamente nas capacidades individuais dos trabalhadores, de ser ou não ser capaz de exercer um determinado trabalho.
A competência é, assim, uma parte da profissionalidade: as qualidades de responsabilidade, de autonomia, saber trabalhar em equipa caracterizam a mobilização própria da competência (1996, Dubar - "La sociologie du travail face à la qualification et à la competénce". In Sociologie du Travail).
É uma noção centrada, em particular, no conjunto de saberes que são mobilizados no quadro definido de uma atividade/emprego e cuja avaliação se centra nos resultados finais dessa atuação, sendo independente do lugar e da duração da aprendizagem: quando se fala de competências, sabe-se que não se está a falar do trabalho, mas unicamente dos indivíduos.
É, neste sentido, uma construção individual, que pode ser definida por dois traços: ela é uma "arte" e exige uma "mobilização" do indivíduo.



2 de abr. de 2013

Aula 8 - A Sociologia de Max Weber





Maximilian Karl Emil Weber foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia. 

Seus estudos mais importantes estão nas áreas da sociologia da religião, sociologia política, administração pública (governo) e economia.

Principais realizações
Estudos nos campos da economia, sociologia política, religião e administração pública.
- Consultor aos negociadores da Alemanha no Tratado de Versalhes.
- Consultor da comissão que redigiu a Constituição de Weimar.

As Principais obras de Weber foram:
A Ética Protestante e o espírito do capitalismo (1903)
- Estudos sobre a Sociologia e a Religião (1921)
- Estudos de Metodologia (1922)
- Política como vocação

A Sociologia de Weber 

Weber vê como objetivo primeiro da sociologia o entendimento das relações da ação humana. Compreende-se que um fenômeno social passaria a ser compreendido apenas quando um fato carregado de sentido apontasse para outros fatos significativos. 
Conforme anteriormente foi visto em Durkheim, a ordem social era submetida aos indivíduos como forças exteriores à eles (uma força coercitiva). Para Max Weber, no entanto, não existe oposição entre indivíduo e sociedade. As normas sociais tornam-se concretas quando são manifestadas em cada indivíduo sob a forma de motivação.

A sociedade e os sistemas sociais não são superiores aos indivíduos. As regras e as normas seriam o produto de um conjunto de ações individuais nas quais os agentes poderiam escolher as formas de conduta.

Assim, a ação dos indivíduos seria o ponto de partida da sociologia de Weber. Não intencionava com isso negar o papel do Estado, das religiões, do empresariado ou das sociedades anônimas, porém visava ressaltar a necessidade de se compreender as intenções e motivações dos indivíduos, atuantes e participantes nessas situações sociais.  

Weber e a burocracia 

Weber foi um dos primeiros a mencionar a importância da burocracia, como uma forma  de organização social ligada a um determinado tipo de poder institucionalizado pela tradição ou através de leis.

A burocracia seria então uma hierarquia de indivíduos com cargos remunerados e claramente definidos, por pessoas livres, categorizadas e selecionadas à partir de suas especialidades e com possibilidades de ascensão profissional. 

Weber e Ação social
Weber se preocupava com a ação social, enquanto uma ação com sentido - a conduta humana dotada de sentido. O ser humano com significado e especificidade.Esse mesmo indivíduo, cônscio desses valores, é o que dá sentido à sua ação social, conectando  o motivo da ação, a própria ação e seus efeitos.

AÇÃO - Conduta humana com SENTIDO SUBJETIVO - Razão, pensamento e reflexão da CULTURA E VALORES DO INDIVÍDUO, determinantes de sua CONDUTA

Max Weber diferenciou alguns tipos de ações sociais:
  • Ações racionais: ações tomadas com base nos valores do indivíduo, mas sem pensar nas consequências e muitas vezes sem considerar se os meios escolhidos são apropriados para atingi-lo.
  • Ações instrumentais (também conhecidas como ação por fins, do alemão zweckrational)): ações planejadas e tomadas após avaliado o fim em relação a outros fins, e após a consideração de vários meios (e consequências) para atingi-los. Um exemplo seria a maioria das transações econômicas.
  • Ações afetivas: ações tomadas devido às emoções do indivíduo, para expressar sentimentos pessoais. Como exemplos, comemorar após a vitória, chorar em um funeral, seriam ações emocionais.
  • Ações tradicionais : ações baseadas na tradição enraizada. Um exemplo seria relaxar nos domingos e colocar roupas mais leves. Algumas ações tradicionais podem se tornar um artefato cultural.
Na hierarquia sociológica, a ação social é mais avançada que o comportamento, ação e comportamento social, e é em sequência seguida por contatos sociais mais avançados, interação social e relação social.

Weber e a educação

Para entender Max Weber, deve-se entender o contexto histórico de sua vida, as viagens e estudos que fez. Quando viajou pelos EUA, suas impressões sobre a burocracia numa democracia foi assunto de muitos de seus estudos.
Weber não escreveu sobre educação. Entretanto podemos deduzir através de seus escritos grandes contribuições acerca do papel da educação no mundo capitalista.

Para Weber, haveria três tipos de dominação que teriam relação com os três tipos de educação diferentes:

1- Dominação Racional-legal - cumprimento das leis e das regras. A burocracia, impessoalidade nas relações e disciplina. A crescente especialização/racionalização dos quadros e meios administrativos;

2- Dominação Tradicional - crença no poder absoluto de um chefe. A autoridade pertence não à aquele escolhido pelos habitantes de sua sociedade, mas por um homem que é chamado assumir o poder por causa de uma tradição, costume (monarquia, reis). Dominação patriarcal. Composição de quadros administrativos dada de forma não especializada; hierarquia sem racionalidade, uma vez que a escolha está ligada ao pretendente e ao chefe. 

3- Dominação Carismática - Crença cega num único líder, de poderes "sobrenaturais", líder carismático. Unicamente emocional, sem o discernimento da razão, sujeita a regras decretadas (impostas) e tradicionais. Carisma e vocação pessoais, não é contato o valor profissional ou a especificidade. 

Weber então observa que a educação carismática e tradicional eram comuns nas sociedades pré-capitalistas e a burocrática, especializada, de treinamento seria própria da sociedade capitalista, seu real interesse. Weber concebia que a educação é a forma como os indivíduos se preparam para lidar com as transformações causadas pelo processo de racionalização da vida, tal processo modificou todos os modos de educar, os sentidos atribuídos à educação, o reconhecimento e o acesso ao status e bens materiais para aqueles que tenham acesso a educação sistemática.

Assim para cada uma das dominações, um tipo de educação era observado:

1- Dominação Racional- Legal - Nessa sociedade a educação visava treinar e transmitir conhecimentos especializados com finalidades práticas úteis à administração do estado e às empresas capitalistas; domínio da língua  escrita e falada, aprendizagem; centrado nos títulos; mecanismo de ascensão social - treinamento especializado; educação parcial; especializada, reducionista (algo como o ensino tecnicista)

2- Dominação Tradicional - Nessas sociedades o ideal era educar um homem culto, erudito - o ideal de cultura dependia da classe social a qual ele estivesse sendo preparado. Weber a nomeou como "Educação para o cultivo", preparar o aluno para uma "nova conduta de vida". ( o ensino tradicional; clássico)

3- Dominação Carismática -  nessas sociedades dominadas pelo carisma, a função da educação era a de despertar o carisma, exaltar as capacidades heroicas ou dons sobrenaturais, voltada justamente para heróis ou feiticeiros. ( a educação escolástica) 

Weber se coloca de forma pessimista em relação à esses rumos que o capitalismo moderno e o processo de racionalização da vida estavam ditando em termos educacionais, pois o homem estaria deixando de se desenvolver integralmente em nome de uma preparação que visava dinheiro, status e poder. 


Semíramis F. Alencar Moreira 
Tutora a distância - Licenciatura em Pedagogia 
Universidade Federal de Lavras - MG



25 de mar. de 2013

Os fatos sociais e a divisão do trabalho social em Durkheim - um breve resumo (aula 2.1)


Semíramis Franciscato Alencar Moreira

Fatos Sociais são fatos exteriores e anteriores a existência do indivíduo e continuariam existindo mesmo que este não existisse ou deixasse de existir. São fatos que exercem coação ao indivíduo, ou seja, ao deixar de praticá-los o indivíduo sofreria pressão por parte da sociedade até que se enquadrasse nos padrões vigentes. São exemplos de Fatos Sociais: falar um mesmo idioma, usar roupas, obedecer a regras, leis ou normas pré-estabelecidas, agir conforme os usos e costumes, etc.

Por exemplo, quando não respeitamos uma determinada ordem ou lei estamos infringindo ao código moral daquela sociedade e logo somos coibidos a continuar nossos atos para que não possamos vir a tirar o direito de outros. Como num caso de um crime: o assassino é coibido para que não venha a promover novos crimes ou mesmo incentivar outros a fazê-lo também.  A punição também seria uma forma de impedir pelo exemplo o ingresso de outros ao crime.

A divisão do trabalho social por Durkheim mostra que a cooperação é necessária para incentivar os indivíduos a trabalharem em nome de um ideal em comum. Uma forma de moral quanto à responsabilidades que todos devemos ter para o bom relacionamento em sociedade, onde cada personagem possa beneficiar e ser beneficiado pelo trabalho social conjunto.

A solidariedade seria uma das vertentes dessa moral em Durkheim.

Assim: 

 

Fonte:
RODRIGUES, J.A. (org.) DURKHEIM – COLEÇÃO GRANDES CIENTISTAS SOCIAIS, VOL 1, 3ª edição, 1984 in:0 ENDLICH, Ângela Maria. Divisão Social do Trabalho: breve paralelo de clássicos Comte, Durkheim, Weber e Marx.
Disponível em http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/BolGeogr/article/viewFile/12879/7328  Acessado em 24/03/2013 às 13:00. 

19 de mar. de 2013

Aula 07 continuação - A educação fora e dentro da escola - Educação Infantil


Continuação da aula 07. Educação Fora e Dentro da Escola

 Partindo da máxima que "O próprio indivíduo se educa" – através da organização e reorganização de suas experiências – sabemos que ninguém o fará por ele. Um indivíduo que não organiza ou reorganiza seu interior – conceitos, pensamentos, ações e atitudes – seria um mero autômato, agindo apenas pelo condicionamento (ver os cães de Pavlov ou os macaquinhos de Harlow).
Esse mesmo indivíduo deverá ser trabalhado/ preparado para perceber e interpretar tais estímulos, exigindo ampla participação pessoal. Desta forma, se considerarmos que toda educação é uma auto-educação, a sociedade desempenha papel importante de geradora dos meios, determinante dos objetivos a serem alcançados e na orientação desse processo.
O indivíduo educa-se para determinada situação por meio de uns tantos recursos técnicos materiais e humanos que a sociedade os prepara cuidadosamente
A educação tanto fora quanto dentro da escola poderá ser intencional e não-intencional.
Intencional – quando as condições educativas; objetivos; recursos; atividades – são previamente estabelecidas e arranjadas pelo grupo.
Não-intencional – quando não há preparação prévia das condições que levem à educação; o indivíduo, como participante do grupo ou mero espectador, a partir da própria convivência social, vai assimilando e incorporando maneiras de agir, pensar e sentir do grupo.
Fora da escola predomina a educação não-intencional, já que o indivíduo  aprende e se educa através de todas as experiências sociais das quais  participa: brinquedos, passeios, , programas de comunicação (TV, rádio, internet)convivência familiar, grupal religiosa ou não, etc. O que não quer dizer que fora da escola ou das religiões não há educação intencional.
A maior parte dos pais tem objetivos claros a atingir em relação aos filhos e aplicam meios que consideram mais eficientes para alcançar tais objetivos. Então existe a intenção de educar, de orientar, de criar condições para que os filhos possam se desenvolver de acordo com as expectativas dos pais e da sociedade.    
O nascimento introduz a criança num mundo novo, com numerosas e sempre novas experiências, tanto individuais quanto sociais.
Ao nascer, o bebê se defronta com muitas coisas que nada tem a ver com a sociedade, mas envolve-se de maneira especial seu próprio corpo: fome, prazer, dor, conforto, segurança – seu corpo é atingido por inúmeros estímulos físicos externos: luz/escuridão; superfícies de diversas texturas; líquidos, sólidos, etc.
Mas é também ao nascer que tem início a vida social da criança, já que seu mundo é habitado por outras pessoas  - aos poucos a criança vai distinguindo, compreendendo a importância relativa de cada uma para seu próprio bem –estar. Só outra pessoa pode saciar a fome do bebê ou dar-lhe o conforto necessário, o calor, a segurança, a limpeza e higiene.
São os outros que criam as condições para as experiências infantis  estabelecerem padrões através dos quais ela estabelecerá relações com o mundo exterior. Padrões que são incorporados pela criança, penetram em seu organismo e interferem no seu crescimento.    

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