11 de fev. de 2012

Leo Fraiman: "não são os adolescentes que não têm limites, são os pais"

Leo Fraiman: "não são os adolescentes que não têm limites, são os pais"

Psicoterapeuta e autor fala das principais dificuldades no relacionamento com filhos adolescentes e ensina a evitar erros comuns

Renata Losso, especial para o iG São Paulo 10/02/2012 07:00
Muitos pais apelidam (não tão) carinhosamente de "aborrescência" aquela fase da vida em que, eventualmente, o filho chega da escola e se tranca no quarto até a hora do jantar. O período é complicado e poucos pais sabem como lidar com ele, mas uma coisa é certa: adolescentes ainda precisam dos pais. 

Segundo o psicoterapeuta e educador Leo Fraiman, autor do livro "Meu filho chegou à adolescência, e agora? Como construir um projeto de vida juntos" (Editora Integrare), nem tudo que o adolescente faz é por birra ou pura rebeldia. E, antes de culpá-los por um relacionamento distante, os pais também devem notar os próprios erros. Leia entrevista concedida ao Delas.

Foto: Getty Images
Ser um pai ou mãe participativo é o grande desafio na adolescência dos filhos


iG: O que você percebe na relação entre pais e filhos adolescentes hoje em dia que o fez escrever o novo livro? Existem muitas dificuldades? 
Leo Fraiman:
 Ao longo dos últimos anos venho sentindo, tanto como psicoterapeuta quanto como educador, uma onda de abandono muito grande nas famílias brasileiras. Em nome de ser moderno, de ser amigo do filho, de se estar muito ocupado, os pais acabam largando os filhos precocemente, como se os adolescentes não precisassem mais de cuidados. Mas é durante a adolescência que o cérebro está começando a treinar a capacidade de decisão, de consequência dos atos e, com isso, os pais devem continuar por perto. 

iG: Como os pais de adolescentes costumam agir diante destas dificuldades?
Leo Fraiman: 
Criam-se três papéis comuns: os pais negligentes, os permissivos e os autoritários. Essas características podem trazer muitos danos aos jovens. Vejo que eles não querem crescer e acabam desprezando a própria vida: bebem muito, usam drogas, se tornam promíscuos. Eu já ouvi muitos pais dizerem que os filhos não queriam nada com nada, mas isso acontece porque o filho não se sentia amado e cuidado. E então surgiu a ideia do livro, para reafirmar o significado de "família": pessoas que querem participar umas das vidas das outras e manterem uma cumplicidade entre elas. 

Foto: DivulgaçãoAmpliar
Leo Fraiman: "hoje, não são os adolescentes que não têm limites. São os pais"
iG: Há muitas diferenças entre criar um adolescente no mundo de hoje e na geração anterior?
Leo Fraiman:
 Muitas. Anteriormente os pais tinham respeito por eles mesmos. O que falavam estava falado e ponto final. Hoje os pais não têm limites. Não é o adolescente que não tem limites, são os pais. Eles querem ir à academia, namorar, curtir a vida, cuidar da carreira e, enquanto isso, deixam o filho com o terapeuta, com a babá, com o personal trainer. Ou seja: com ninguém. 

As famílias estão menores, as cidades mais violentas e os adolescentes são criados de uma maneira mais isolada e dentro das redes sociais. Antigamente os filhos tinham que esperar para ganhar presentes, hoje a criança leva um presente para casa ao retornar da padaria com o pai. Vivemos em uma cultura de abandono e imediatismo e é quase como se tivéssemos um padrão adolescente, de que agir como um adolescente é a melhor ideia. O problema em gerar uma cultura em que o melhor é agir como um adolescente é comunicar ao adolescente que ele é o rei do universo – e que crescer é uma porcaria.
 
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O problema em gerar uma cultura em que o melhor é agir como um adolescente é comunicar ao adolescente que ele é o rei do universo – e que crescer é uma porcaria.
iG: E hoje, qual você acha que é o papel ideal dos pais na vida do filho adolescente? 
Leo Fraiman:
 O papel do pai é ser participativo, mas este é o maior desafio também. O pai participativo é aquele que equilibra afeto e firmeza. Sabe dar carinho, elogio e afago, mas ao mesmo tempo sabe manter a palavra e não cai na chantagem emocional do filho. E é esse o pai que não negocia uma boa educação e os cuidados com a saúde. É aquele pai que se esforça para jantar junto, que vai buscar o filho em uma balada – mas em um horário adequado –, que abraça o filho, que vê o boletim e discute o que está sendo aprendido.
 
iG: Você afirma que o adolescente pode se afastar dos pais por sentir que não é valorizado. Existem outras razões para isso acontecer?
Leo Fraiman:
 A vontade de conviver é natural quando o outro me entende, me respeita e se importa. Quando os filhos sentem que os pais estão em uma relação puramente hierárquica, sempre dizendo que o filho precisa ouvir e se explicar, acaba se afastando. Claro que ele tem esta necessidade natural de conversar, de debater e se posicionar, de confrontar e testar limites, mas os pais devem entender que o comportamento do filho nesta hora não é um problema, mas uma característica. 

Foto: DivulgaçãoAmpliar
Capa de "Meu Filho Chegou à Adolescência, e Agora?", de Leo Fraiman
iG: Há características comuns dos adolescentes que acabam sendo vistas como rebeldia?
Leo Fraiman:
 Assim como na terceira idade é natural uma pessoa caminhar mais lentamente, durante a adolescência, a impulsividade, o mau humor e a vontade de romper limites também são características naturais. Isso acontece de acordo com mudanças neurológicas, e não porque o filho está fazendo algo contra o pai. Os pais costumam achar que é birra, mas é preciso entender a natureza do adolescente e procurar um papel de cúmplice, e não mais de dono da bola. 

iG: Como lidar com esta natureza do adolescente?
Leo Fraiman: 
Se o pai entende que a irritabilidade de um adolescente é natural, por exemplo, ele não ficará tentando colocar imposições no meio do furacão. O filho, às vezes, vai ficar emburrado e nem toda discussão vai acabar bem. Mas o pai não pode se esquivar. O limite, nesta hora, seria o pai entender que o filho está em uma fase singular, com as emoções à flor da pele, quando tudo é mais intenso, e ser autoritário ou muito permissivo é uma péssima ideia. Ser um pai participativo é, realmente, um grande desafio. Mas é a maior chance que os pais têm de colher o mérito no futuro, com uma família unida, saudável e madura.

iG: Além de serem permissivos, negligentes ou autoritários, que outros erros os pais cometem na criação dos filhos adolescentes? 
Leo Fraiman: 
Comparar um filho com o outro, comparar com a própria adolescência, comparar com o ideal. Dizer: "eu queria que você fosse médico, que você fosse diferente do que você é". Tentar escolher a profissão do filho, não se interessar pela escola do filho, não comparecer a reuniões e falar mal do marido ou da esposa para ele são todos grandes erros. É preciso lembrar que filho é filho: não é terapeuta, não é amigo, nem padre. É filho. 

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O pai participativo é aquele que equilibra afeto e firmeza. Sabe dar carinho, elogio e afago, mas ao mesmo tempo sabe manter a palavra e não cai na chantagem emocional do filho.
iG: E é possível os pais contornarem estes erros tão comuns? 
Leo Fraiman:
 O pai precisa entender que sempre é possível contornar, mas o filho tende a desconfiar se o pai se manteve distante por tanto tempo e, de repente, age mesmo como se tivesse um filho. Contornar essa situação é um trabalho de meses – não é em uma semana que o pai irá conseguir mudar a credibilidade. O filho irá se abrir quando sentir que, continuamente, os pais têm esse interesse real. Mas não acontecerá em 15 minutos, se até os 15 anos de idade ele sentiu que os pais não se importavam muito. 

iG: Até que ponto os pais podem ajudar o filho adolescente na formação do próprio futuro, sem decidir por ele, nem deixá-lo sozinho?
Leo Fraiman:
 Eles podem ajudar dando menos opinião e mais informação. Debatendo mais, escutando mais, dando ao filho uma noção maior da importância de todas as profissões, mostrando as opções que hoje existem no mundo. Mas ficar dando palpite é uma atitude tola: os pais até então provavelmente não conhecem todas as opções do mercado, não sabem quais são as grandes tendências e, muitas vezes, não conhecem os filhos. Ajudar a escolher o futuro baseado em palpite pode ser muito perigoso. 

iG: Como agem o pai autoritário, o pai permissivo e o pai participativo diante do futuro do filho?
Leo Fraiman: 
Os pais autoritários usualmente colocam regras, dizem "filho meu não vai fazer isso" e adoram levantar o dedo. Os pais permissivos podem acabar deixando o filho solto e aí, quando vê, ele não quer nada. O pai participativo leva o filho às feiras de educação, vê guias de carreira junto com o adolescente, entra em contato com amigos que trabalham em áreas que o filho se interessa. O pai participativo é um co-piloto e nunca tenta ser o comandante.

Tudo Inteligente...

É essa é a educação que damos aos nossos filhos?

‘Espero uma vida melhor’, diz preso que ganhou bolsa do ProUni em MG

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ProUni em MG


Roberto Pereira está preso há cerca de três anos na Grande BH.
Ele foi aprovado no Enem em novembro de 2011.

Pedro TriginelliDo G1 MG
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Roberto na biblioteca do presídio (Foto: Pedro Triginelli / G1)Roberto na biblioteca do presídio
(Foto: Pedro Triginelli / G1)
Roberto da Silva Pereira tem 28 anos e foi preso duas vezes por assalto, tráfico e porte de arma, já fugiu de um presídio e está cumprindo pena em regime fechado na Penitenciária José Maria Alkimin, emRibeirão das Neves, na Grande BH, há cerca de três anos. Mas ele resolveu que era hora de mudar de vida e se destacou ao ganhar uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni) para cursar a faculdade de Ciências Econômicas. "Espero uma vida melhor. A prova não estava difícil. Muitas vezes o que atrapalha é a falta de atenção. Eu sempre gostei de estudar", disse.
Roberto fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em novembro de 2011 e foi aprovado. Ele explica que muitos presos não voltam ou começam a estudar porque falta incentivo das penitenciárias. "Quero trabalhar na área da construção civil quando sair daqui. Eu sou um grande incentivador das pessoas aqui dentro. Quero que elas voltem a estudar também", explicou o detento.
A pedagoga Karol Oliveira de Amorim Silva, de 30 anos, trabalha com os detentos na Penitenciária José Maria Alkimin. Segundo ela, quando eles são aprovados dá uma sensação de dever cumprido. "A maioria chega ao presídio no fim da pena e quer mudar de vida para sair. Nosso objetivo é traçar o caminho para ele voltar à sociedade. Muitos acabam se interessando pelos estudos", afirmou.
De acordo com a pedagoga, a penitenciária tem 330 vagas para alunos do ensino médio e fundamental. Neste ano, as aulas começam na segunda-feira (13), e 80% das vagas já estão preenchidas. Outros quatro detentos de Minas Gerais também foram aprovados no Enem e conseguiram a bolsa do ProUni. Roberto vai ter aulas na unidade prisional, por meio de computadores e com acompanhamento da pedagoga, já que ele está em regime fechado.
Uma das salas de aula da Penitenciária José Maria Alckimim (Foto: Pedro Triginelli / G1)Uma das salas de aula da Penitenciária José Maria
Alkimin (Foto: Pedro Triginelli / G1)
Roberto deve passar para o regime semiaberto no meio do ano. Ele informou que começou no crime por causa de uma dívida de R$ 5 mil de sua família. Agora, espera um futuro bem diferente para a família e para ele. "Hoje eu sei que só com o estudo para ter uma vida melhor", explicou.
Educação
De acordo com a secretaria, cerca de 5,5 mil presos estudam em Minas Gerais, sendo que, destes, 17 estão matriculados em faculdades e universidades. Com isso, os detentos têm redução de pena. Segundo a Seds, a cada 12 horas de aulas, é reduzido um dia da pena.

Outro sete presos mineiros também passaram no Enem, mas não tiveram pontos suficientes para receberem uma bolsa do ProUni. As provas do Enem Prisional foram aplicadas nos dias 28 e 29 de novembro de 2011 dentro das próprias unidades.

No primeiro dia de prova foram avaliados os conteúdos de Ciências Humanas e Ciências da Natureza. No segundo dia, o conteúdo foi de Linguagens, Códigos, Matemática e Redação. As provas eram diferentes daquelas do Enem regular, mas apresentavam o mesmo nível de dificuldade, de acordo com a secretaria.
 

10 de fev. de 2012

MEC vai comprar 600 mil tablets para escolas públicas de ensino médio

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Projeto prevê ainda compra de lousas interativas e computadores.

3 de fevereiro de 2012


MEC vai comprar 600 mil tablets para escolas públicas de ensino médio
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O Ministério da Educação vai comprar 600 mil tablets para ser usado por professores do ensino médio das escolas públicas do país. O investimento, que será de R$ 150 milhões a R$ 180 milhões, foi anunciado pelo novo ministro, Aloizio Mercadante, na quinta-feira (2). Segundo o ministro, o equipamento será doado às escolas no segundo semestre deste ano.

"Na educação, a inclusão digital começa pelo professor", disse Mercadante. "É evidente que atecnologia não é um objetivo em si, nada substitui a relação professor-aluno."

O governo vai comprar tablets de 7 ou 10 polegadas com bateria com duração de 6 horas, colorido, peso abaixo de 700 gramas, tela multitoque, câmera e microfone para trabalho multimídia, saída de vídeo, conteúdos pré-instalados, entre outras características. Segundo o ministério, o tablet de 7 polegadas custará R$ 300 a unidade, e o de 10 polegadas, R$ 470.

Além disso, o investimento inclui ainda a compra de lousas eletrônicas interativas e computador com acesso à internet. Os primeiros tablets, segundo o MEC, serão distribuídos para escolas federais, estaduais e municipais que já tenham internet banda larga.
Fonte: Globo.com


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