21 de fev. de 2008

Educação na Era da Inclusão


Falar ou agir? Eis a questão. O ano 2000 seria a era da inclusão, disseram. Muito já foi falado, discutido, aprovado e principalmente, reprovado.
Tem sido prática comum deliberar e discutir acerca da inclusão de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência: mencionando direitos inerentes a uma necessidade específica, abrangendo todos os direitos de forma generalizada, embrulhando-os, sem maiores cuidados em mostrar detalhadamente estes direitos.
A integração social foi a idéia que guiou a elaboração de políticas e leis e na criação de programas e serviços voltados ao atendimento das necessidades especiais de deficientes nos últimos 50 anos. Este parâmetro consiste em criar mecanismos que adaptem os deficientes aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de alguns deles, criar-lhes sistemas especiais separados.
Assim a sociedade continua basicamente a mesma em suas estruturas e serviços oferecidos, cabendo aos portadores de necessidades serem capazes de se adaptar a sociedade. Todavia, este parâmetro, apesar de protetor, promove a discriminação e a segregação na sociedade. O portador de necessidades especiais passa a ser visto com piedade e não como um ser humano, portador de outras inteligências e aptidões.
Desta forma é proposto o paradigma da inclusão social. Não somente a de portadores de necessidades especiais, mas todos aqueles indíviduos que estão, de alguma forma, excluidos da sociedade. Este consiste em tornar toda a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades.
Por este motivo, os inclusivistas (adeptos e defensores do processo de inclusão social) trabalham para mudar a sociedade, a estrutura dos seus sistemas sociais comuns e atitudes em todos os aspectos : educação, trabalho, saúde, lazer, etc...
Sobretudo, a inclusão social é uma questão de políticas públicas, pois cada política pública foi formulada e basicamente executada por decretos e leis, assim como em declarações e recomendações de âmbito internacional .
Falamos de Inclusão Social: seria com programas sociais que apenas dão ao povo a sensação de saciedade em ter seus filhos na escola pública, recebendo dinheiro por aquilo que deveria de ser um direito natural?
Falamos de Inclusão Digital: quantas escolas ainda não têm computadores para uso de seus alunos? quantos professores têm um computador que os possibilite melhorar sua prática docente, ou melhor, quantos professores estão realmente preparados para a aplicação dessa veículo que poderia ser a estrutura-base de uma educação renovadora?
Por estas razões, surge a necessidade de uma atualização das diversas políticas sociais. Ora se sobrepondo em alguns pontos, ora apresentando lacunas históricas, muitas das atuais linhas de ação estão em conflito ideológico com as novas situações, parecendo uma colcha de retalhos.
É necessário mudar o prisma pelo qual são observados os direitos já ordenados e os que precisam ser acrescentados, substituindo totalmente o paradigma que até então é utilizado, até mesmo inconscientemente, em debates e deliberações.

5 comentários:

  1. Ola! Obrigada pela visita!!

    Com certeza a sociedade inglesa do século 19 tem muito a nos ensinar!
    Eu também adoro Shakespeare! Aliás foi minha primeira paixão na literatura americana. No entanto discutir shakespeare no Brasil é um tanto complicado... muita gente não gosta de ler não é mesmo?

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  2. Olá Semiramis! Inicialmente parabéns pelo post. Quem dera todos os professores tivessem essa consciência...Infelizmente a realidade da pessoa com deficiência é muito difícil e os ideais de inclusão por vezes parecem inatingíveis.
    Só queria fazer um à parte...
    Desde 1990, quando da Conferência Mundial de Educação para Todos realizada em Jontien na Tailândia é que o movimento da inclusão passou a ser difundido.
    Com base nessa conferência, foi elaborada a Declaração de Salamanca, em 1994, um documento sobre os princípios, a política e a prática da Educação voltada para as necessidades especiais. O documento serviu para chamar a atenção quanto à urgência de ações que tornassem realidade uma Educação capaz de reconhecer diferenças, promover a aprendizagem e atender às necessidades de cada criança individualmente, contestando as ações integracionistas baseadas no princípio da normalização,
    embora na prática ainda existam escolas que se dizem inclusivas, mas mantêm o princípio da integração, mas essa é uma outra história...
    Abração...

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  3. OI, Elis

    Sobre o tratado da Tailândia, a Declaração de Salamanca e a Declaração de Madri eu conheço bem, inclusive, a denominação dessas e seus pormenores fazem parte de um artigo muito maior, continuação deste (que é sua introdução). Porém, concordo com você, trabalhar com as causas inclusivas no Brasil é um pouco difícil. Eu acredito que a criança e o adolescente com necessidades especiais deve ser incluído nos espaços sociais, não somente nas escolas. Vc vê o caso das apaes e das Sociedades de apoio à criança como a Sociedade Pestalozzi: o Governo Federal quer fechá-las, partindo do princípio da inclusão. Já fiz estágio na Apae e sei que lá os profissionais são totalmente dedicados fazendo um trabalho de inclusão e reabilitação maravilhoso no qual a criança e o adolescente passam a interagir com a sociedade de forma integral. Agora, imagine: com o fim das Apaes e das Pestalozzis, como os adolescentes e crianças ficariam sem essa atenção, partindo do princípio que os professores em sua grande maioria, não conseguem dedicar atenção nem à 10% de sua sala de aula. Será um fracasso total.
    obrigada e vamos acirrar este debate!!!

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  4. Acho que você deveria mudar o nome de seu blog. Talvez mude para:
    "educando para o hoje (presente)". Belas idéias, até mais.

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  5. Obrigada, Douglas, pelo gentil comentário
    Mas ainda prefiro acreditar que o educador vai educar o que virá amanhã. Então, educo o amanhã.
    Apesar de saber que eles não estão muito aí para a educação que damos - nos julgam retrógados e sem objetivos nas tarefas que propomos, mas aí já é uma outra história!!
    abraços

    Semíramis

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