21 de set. de 2018

A importância do debate sobre as fake news

Você sabia que a educação pode ser a principal forma de combate aos falsos boatos que circulam na internet, também conhecidos como “fake news”? 

Afinal, com a facilidade de disseminação da informação no ambiente digital, muitas pessoas estão sujeitas a sofrerem com transtornos desnecessários em seus cotidianos e até a terem suas vidas prejudicadas.
A Entretanto acredita que o debate e o desenvolvimento do pensamento crítico sejam caminhos a serem seguidos dentro da sala de aula. A plataforma, juntamente com a Pearson Brasil, promove uma campanha de conscientização sobre a importância de questionar todas as informações recebidas antes de compartilhá-las.
Abaixo, você confere uma entrevista com o professor universitário e jornalista Arnaldo F. Vieira, que fala um pouco sobre como trabalhar a questão das fake news em sala de aula e a importância da checagem de informações.
Vem com a gente, porque só a #EducaçãoÉaSolução!
Entretanto – Em sua opinião, as pessoas têm noção do impacto que as informações têm em seu dia a dia? Como conscientizar os alunos disso?
As pessoas ainda não têm noção do impacto. Elas vivem à base de informação, necessitam dela, mas não sabem filtrar. Acredito que exista uma falha dos sistemas tradicionais que forneciam informações. Antes, as fontes eram a igreja, os movimentos sociais, os políticos e a televisão. Agora, perdeu-se essa habilidade de gerar informação de qualidade. Quem manda é a rede social, que pode ser errônea pois as pessoas que têm má intenção e objetivos escusos conseguem obter sucesso se aproveitando do que chamo de “ignorância programada” das pessoas.
Estou acompanhando o trabalho de um sociólogo norte-americano chamado Robert Proctor, que escreveu um livro intitulado “Agnotologia”. Nele, ele fala sobre a ciência da “ignorância programática” como sendo a opção que as pessoas fazem pela ignorância ao não confiarem nos mecanismos tradicionais de comunicação e como justamente isso abre espaço para essas falsas informações.
Sou professor universitário há 16 anos e já faz tempo que falo para meus alunos, principalmente de Comunicação Social, que devem duvidar de tudo. Sei que hoje, principalmente para os mais jovens, o tratamento dado para a comunicação é bem diferente do que era anos atrás. Vivemos recebendo uma enorme quantidade de informações superficiais e poucas informações de conteúdo profundo, denso e que sirva para formar uma opinião. Por isso, a dúvida é sempre o pressuposto da verdade.
Entretanto – Na sala de aula, você trabalha este tema de que forma?
Além de ser professor universitário, tenho experiências em cursinhos pré-vestibulares e com o Ensino Médio. Minha prática para transmitir informações mudou muito, não tenho mais aquela aula tradicional de “lousa, giz e professor explanando”. Agora, os alunos perdem atenção com muita facilidade. Uma pesquisa do instituto canadense I-Track mostra que temos menos de 30 segundos para captar e fixar uma informação, e o nível de absorção dessa informação também caiu vertiginosamente.
O professor tem que estar o tempo todo acompanhando essa evolução midiática para se adaptar. A menos que o aluno dependa daquele conhecimento, ele não vai prestar atenção na aula. Tudo que estudo e todo o arcabouço teórico que obtive ficou mais difícil de ser ensinado. Se faço uma citação, ela se perde na aula. Se falo um “meme”, os alunos já pegam o celular na hora para averiguar. Há uma banalização do conceito de educação e comunicação.
Uma forma que encontrei de me adaptar em sala de aula foi através da inserção de vídeos, animações, figuras, gráficos…. Ilustrando o que abordo.
Entretanto – Qual sua opinião sobre o uso do celular em sala de aula? Existem pontos positivos e negativos?
É uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que o celular agiliza a sedimentação da informação, também abre a possibilidade da pessoa se dispersar facilmente. A absorção da informação pode fugir do controle, da base pedagógica e da formulação do pensamento. Prestar atenção em tudo é tirar o foco do que é efetivo ou correto. É uma situação complexa.
Mas temos que levar em consideração o seguinte aspecto: não temos como voltar atrás. Por isso, temos que evoluir juntos. Eu, por exemplo, preparo conteúdos específicos, como uma apresentação em power point, e envio no grupo de Whatsapp da classe, pois ali elas vão receber, analisar e, posteriormente, estudar.
Acredito que o professor tem mesmo que combater, de verdade, é o desvio de atenção. Pois quanto mais informação é disseminada, menos eu aprofundo o conteúdo de cada uma.
Entretanto – Um famoso caso de “fake news” no Brasil foi da Escola Base, com informações incertas sendo repercutidas inclusive pelos maiores veículos jornalísticos. Com a internet, por mais que a informação seja perecível e facilmente esquecida, ela ainda permanece “na nuvem”. Como checar as informações adequadamente, sabendo que elas podem ser mal colocadas mesmo nos canais mais confiáveis?
Esse foi um caso emblemático não só no jornalismo, e serve de lição para outros aspectos sociais, quando analisamos a fundo. A gente viu a histeria coletiva, como as pessoas acreditaram nas próprias verdades, como fantasiaram situações por questões pessoais e como a imprensa foi frágil na checagem da informação.
As informações partiam de uma só fonte, um delegado que tinha interesses pessoais. Naquele ano de 1994, não existia internet para os brasileiros, que dirá facilidade no acesso de informações.
Agora, o ato de checar essas informações, que deveria ser feito profissionalmente por jornalistas, foi alastrado para os consumidores comuns. Nós temos que checar tudo em diversos canais de comunicação e tendo por base os maiores veículos de imprensa, pois eles detêm mais responsabilidade social.
Cabe a nós, hoje em dia, sabermos utilizar os sites de busca, analisarmos os conceitos, cruzarmos os dados em diversos sites e nos perguntarmos até onde aquela informação pode prejudicar algo ou alguém. E o mais importante: não compartilhar o que não sabe a procedência ou não tem checagem adequada, pois ao divulgarmos algo para nossos amigos e familiares, “assinamos” que concordamos com aquilo e somos corresponsáveis por disseminar uma informação sem os devidos cuidados e sem saber se é verdadeira ou falsa.

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