Educação em Tempos de Sorriso Azul
Profª Semíramis Franciscato Alencar Moreira
A primeira expressão do cosmonauta russo Yuri Gagarin em órbita na Terra deve ter agradado o espírito do unificador da Dinamarca - Harald Blåtand, conhecido por Bluetooth; "A Terra é azul" disse pelo rádio, em russo, o precursor da era da comunicação, quando só os militares podiam botar a mão em computadores...Não sei como dizer isso em russo ou se ele sorriu ao dizer outras coisas quando passava sobre as cabeças dos americanos que, por sua vez, provavelmente torciam para a nave explodir naqueles tempos de guerra fria. Dois anos depois, os valentes soviéticos, ateus convictos graças a Deus, puseram uma mulher em órbita – talvez porque falasse demais na Terra ou para testar se falaria menos em órbita – jamais saberemos, mas com certeza o marketing político e o espírito crítico são os pólos opostos que somente a educação, de maneira continuada, integrada ao dia a dia de uma sociedade complexa, pode esclarecer.
Eis aí uma armadilha: Se os políticos, dependentes químicos do poder, serviçais prestimosos da máquina econômica que não patrocina cursos de formação, que escolhe funcionários na medida inversa de suas responsabilidades sociais, como, então, confiar nos diversos ministérios e políticas de educação? Como esconder o sexo da mulher? Ela ganha menos pelo potencial maternal, dos meses que se afastará para renovar nossos quadros sociais... Como renovar, mesmo "à distância", conhecimentos que farão um empregado exigir mais por sua mão de obra? Sorria... "A Terra é azul!"
-" Coloca três turnos aí, encarregado, revezando a cada semana uma turma! Senão algum peão vai tomar seu lugar ou o meu com essa moda de estudar para melhorar de vida!". O verniz do crescimento econômico, principalmente no Brasil, está sobre, camarada Gagarin, um moedor de carne, daquele tipo que o Pink Floyd mostrou moendo crianças no pós guerra europeu; quem mandou aqueles órfãos perderem seus pais na guerra?
Quem mandou nascer no Brasil, país de propaganda premiada? Feita pela elite, onde uns poucos ganham bolsas universitárias federais para trabalhar a serviço do grande capitalismo de consumo e das contas oficiais do Governo Federal. Aliás, este é o ABCDE do mundo contemporâneo: Armas, Bancos, COMUNICAÇÃO, Drogas e Energia. Não raro, o verniz tem que ser passado também nos governos; estes sim, são o viés, de alto a baixo, dólar e bolsa na pechinchada política de educação que recebe muito menos recursos que os setores "produtivos", quando comparamos o orçamento brasileiro por setores; se comparamos o célebre "dólar/aluno/ano" também ficamos abaixo de muitos, muitos países, até mesmo vizinhos mais "pobres" como Argentina e Chile. Por quê? Qual é nossa percepção de riqueza? Quanto vale a vida?
Terá nossa educação, ou melhor, a falta dela, efeitos no "jeitinho" corrupto e impune – brasileiro – de julgar ricos e pobres? Será a educação um dos pilares de uma libertação que não interessa aos bancos que cobram juros escorchantes dos superendividados para darem dividendos aos acionistas dos países de origem? "Ora, que isso?" dirá você em um sorriso azul, "você está sério demais... Relaxa senão não encaixa!"
Muito tem sido falado sobre as novas metodologias de ensino, em especial, os cursos a distância, cada vez mais atraentes no que consiste à flexibilidade de tempo, baixo custo e qualidade de ensino. O número de cursos a distância oferecidos no Brasil cresceu quase 20 vezes entre 2002 e 2009, saltando de 46 graduações abertas para 844 no mesmo intervalo. Em porcentagem, representa 1.834% de crescimento em sete anos. As universidades, faculdades e outras instituições de ensino particular respondem pela maior oferta, segundo informações do MEC (Ministério da Educação), tendo reunido 444 cursos ou 52% do total da oferta em 2009. Os dados são do Censo do Ensino Superior, do Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Vale lembrar que o ensino a distância (EAD), fechou 2010 com cerca de 973 mil alunos, 30% de todos os universitários de instituições particulares, e movimentou cerca de R$ 2,2 bilhões em 2010. Para 2011, a expectativa, de acordo com a Associação Brasileira de Ensino a Distancia (Abed) é obter um crescimento de 8%, o que representaria uma injeção de R$ 176 milhões na movimentação do segmento.
A chegada de uma nova geração, criada em meio a equipamentos eletrônicos, também é um grande diferencial para o EAD em 2011. "Este ano marca a chegada à universidade de crianças que já cresceram em contato com o computador, seja em lan houses ou em casa; esse aluno chegou à faculdade e já vem livre de preconceito para com qualquer contato virtual", afirma Renato Bulcão, diretor da Abed (Associação Brasileira de Ensino a Distância).
Assim sendo, essa modalidade de ensino pode ser abrangente, o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, conectados, interligados por meio das tecnologias– desde as telemáticas como a Internet até mesmo às mais simples, como o telefone, o fax, a vídeo-conferência, o rádio, entre outras formas.
A modalidade de ensino a distância EAD não é nova. O que tem mudado primordialmente são as tecnologias que são utilizadas em diferentes projetos e cursos a distância. Esta modalidade de educação surgiu no final do século XIX, onde instituições particulares nos EUA e na Europa ofereciam cursos por correspondência destinados ao ensino de temas vinculados a ofícios de escasso valor acadêmico. Muitos não acreditavam no seu potencial, pois parecia que era um estudo para os que fracassaram na vida escolar convencional. Somente na década de 60, com a criação de universidades à distância que competiam com a modalidade presencial, foi possível superar muitos preconceitos da EAD. (LITWIN, 2001, p. 15). Os cursos a distância tem como principal mediador o professor, responsável pela integração do aluno às atividades propostas; sua atuação deve ser dinâmica, cedendo estímulos e materiais de apoio diversos para que o aluno possa aprender e desenvolver suas atividades com a maior gama de informações possíveis, além do suporte constante do professor. Segundo dados dos REFERENCIAIS DE QUALIDADE PARA EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA, definidos pelo MEC, em complemento às determinações específicas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, do Decreto 5.622, de 20 de dezembro de 2005, do Decreto 5.773 de junho de 2006 e das Portarias Normativas 1 e 2, de 11 de janeiro de 2007, consta que: "Não há um modelo único de educação à distância, os programas podem apresentar diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens, recursos educacionais e tecnológicos. A natureza do curso e as reais condições do cotidiano e necessidades dos estudantes são os elementos que irão definir a melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, bem como a definição dos momentos presenciais necessários e obrigatórios, previstos em lei, estágios supervisionados, práticas em laboratórios de ensino, trabalhos de conclusão de curso, quando for o caso, tutorias presenciais nos pólos descentralizados de apoio presencial e outras estratégias". (MEC, Brasília, agosto de 2007)
Com essa nova abordagem, o conceito de curso a distância, bem como o de aula, também muda. O tempo e espaço da aula poderão se tornar cada vez mais flexíveis. O professor continuará sendo o agente mediador e impulsionador da aprendizagem, e poderá enriquecer esse processo com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: através de e-mails, listas de discussão, alunos e professores podem fomentar debates e discussões através de textos e artigos provenientes de diversos sites de informação, transmissões ao vivo de seminários e palestras via streaming (o que possibilita imagem e som em tempo real com possibilidade de interação); poderá também ampliar seu foco através das redes sociais, desenvolvimento de blogs e vídeos sobre determinado aprendizado. A partir dos acontecimentos em seu cotidiano, não apenas no horário da aula, poderá manter-se estudando, até mesmo nos momentos de lazer, ou seja, transformando seu aprendizado, escolar ou acadêmico, num aprendizado, constante, para a vida. Tenho, para esses objetivos, ferramentas pré-desenvolvidas à base de blogs coletivos.
Assim, os cursos a distância promovem a idéia de que tanto professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio. Com isso o papel do professor se redimensiona, onde ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante jornada da aprendizagem. Tudo vai depender do espírito crítico que cada um de nós, educadores, individual e sinergicamente fizermos, nesse novo ciclo que se inicia. Em tempos de aquecimento global, as máscaras podem cair e, de repente, a educação estará a bordo de uma sonda governamental, mundial, como o Nautilus do Capitão Nemo..."Humanos, bemvindos ao educado mundo novo"! "Bem Be Bês e mentirosos estão fora", isso inclui, claro, quase todos os políticos e grandes capitalistas da atual "civilização".
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - REFERENCIAIS DE QUALIDADE PARA EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA – Brasília, agosto de 2007
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Profª Semíramis Franciscato Alencar Moreira - Janeiro de 2011