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15 de jan. de 2013

Uma visão psicopedagógica do bullying escolar - Anna Carolina Mendonça Lemos


Uma visão psicopedagógica do bullying escolar

Bullying in schools: a psychopedagogical vision


Anna Carolina Mendonça Lemos
Psicopedagoga associada da Associação Brasileira de Psicopedagogia - Seção Brasília, assessora da Promotoria de Justiça de Defesa da Educação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, psicopedagoga do APRENDIZ - Espaço Psicopedagógico Clínico e Institucional - e membro acadêmico da Associação da Refundação Psicanalítica Internacional - ARPI



RESUMO
bullying escolar é uma forma de agressão velada dentro da instituição educacional, que acarreta danos, freqüentemente irreversíveis, na vida global dos envolvidos, de modo a destruir-lhes a saúde, psicológica e física. Além de conseqüências como rebaixamento da auto-estima, depressão e marginalização, pode estimular desejos (e atitudes) de suicídio e assassinato. Portanto, merece intervenção de áreas profissionais distintas, preferencialmente em uma atuação em equipe, na qual também participam a família e a escola. A Psicopegagogia, institucional e clínica, pela sua parcela de participação, objetiva resgatar o desejo de aprender perdido da vítima, do agressor e dos espectadores do fenômeno. Portanto, o presente estudo visou desenvolver uma ligação entre obullying e a teoria psicopedagógica, a fim de possibilitar o desenvolvimento de uma intercessão entre ambos, capaz de auxiliar profissionais, pais, interessados e envolvidos.
Unitermos: Aprendizagem. Transtornos de aprendizagem. Agressão. Comportamento. Saúde do adolescente.

SUMMARY
School bullying is a form of hidden aggression within the educational institution which causes damage, frequently irreversible, to the lives of those involved; harming - possibly destroying the victim's health, psychological, and physical well being. As well as lowering self esteem, bringing on depression, social isolation and interpersonal problems in later life, bullying can, in the worst case scenarios, push its victims to commit suicide or even murder. Treatment from various professional areas must be sought, preferably in conjunction with family and the school. The objective of Psychopedagogy, both institutional and clinical, is to recover the desire to learn, normally lost by the victim as a result of bullying. The purpose of this study is to establish how psychopedagogy can directly support victims of bullying, and create a link between them, in order to assist the work of professionals, and be informative to families and interested members of the public.
Key words: Learning. Learning disorders. Aggression. Behavior. Adolescent health.



INTRODUÇÃO
bullying é um fenômeno de agressão velada, física, verbal ou psicológica, capaz de acarretar enorme prejuízo emocional, psicológico e social no indivíduo vitimizado. Portanto, por se tratar de uma realidade também presente no âmbito escolar, capaz de comprometer o processo de aprendizagem, a psicopedagogia não poderia deixar de analisá-lo, bem como de preparar-se para atuar em situações correlacionadas.
Este artigo pretende desenvolver uma ligação entre o bullying e a teoria psicopedagógica, a ponto de possibilitar que os profissionais preocupados com o fenômeno, além dos próprios envolvidos, pais e interessados, recebam mais informações capazes de remetê-los a uma atitude eficaz na prevenção, diminuição, ou quem sabe, no combate ao fenômeno bullying e seus efeitos.

A TEORIA PSICOPEGAGÓGICA
A psicopedagogia se ocupa do estudo do processo de aprendizagem humana, de forma preventiva e terapêutica. Entretanto, ainda que o enfoque da psicopedagogia seja os problemas de aprendizagem, é necessário que se ocupe do processo de aprendizagem como um todo, a fim de descobrir as barreiras que impedem ou atrapalham o aprendiz de se autorizar a saber.
Segundo Bossa1, a Psicopedagogia, atualmente, trabalha com uma concepção de aprendizagem, segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.
Os fatores biológicos (intrínsecos) têm tanta importância quanto os sociais (extrínsecos), pois, além de estarem completamente entrelaçados, são capazes de influenciar positiva ou negativamente o processo de aprendizagem. Portanto, de acordo com Paín2, existem dois tipos de condições para a aprendizagem: as externas, que definem o campo do estímulo, e as internas, que definem o sujeito.
Em conformidade, Fernández3 afirma que para aprender é necessário que existam vínculos de aprendizagem, que supõem a articulação com o meio, dos intercâmbios afetivos, cognitivos, orgânicos, simbólicos e virtuais. Tal afirmação infere que a aprendizagem está relacionada a um aprendente e a um ensinante - este, não somente o professor, mas qualquer pessoa participante do processo educacional do sujeito - e no vínculo estabelecido entre eles.
Ademais, Fernández3 afirma que todo o processo de aprendizagem implica quatro dimensões articuladas, de modo a não ser aceito falar de aprendizagem excluindo qualquer uma. São elas: organismo, corpo, inteligência e desejo.
O organismo, de acordo com Fernández3, constitui a infra-estrutura neurofisiológica de todas as coordenações possíveis e possibilita a memória dos automatismos, ou seja, é um funcionamento já codificado, que necessita do corpo. Em concordância, Weiss4 afirma que alterações nos órgãos sensoriais impedirão ou dificultarão o acesso aos sinais do conhecimento. No entanto, é conveniente destacar que pessoas com limitações orgânicas podem não apresentar problemas na aprendizagem, visto que, dentro de suas possibilidades, não há déficit, ou seja, o processo de aprendizagem flui corretamente dentro de suas limitações.
O corpo, por sua vez, é o meio por onde passa a aprendizagem, do início até o seu fim, desde a mais tenra idade. É por meio da exploração do corpo que o bebê começa absorver as suas primeiras aprendizagens e a formar a sua identidade. Dessa forma, os sentimentos e os pensamentos são transmitidos a partir do corpo e, portanto, o conhecimento é fornecido e adquirido igualmente a partir dele.
A dimensão cognitiva, que engloba a inteligência, caracteriza-se pela construção da objetividade, ou seja, refere-se à estrutura lógica. De acordo com Fernández3, a inteligência tende a objetivar, a buscar generalidades, a classificar, a ordenar, a procurar o que é semelhante, o comum. Para tanto, Piaget5 afirma que a cognição utiliza os mecanismos de acomodação e de assimilação, os quais participam da absorção do conhecimento ao longo do processo de amadurecimento das ações mentais da criança em busca de uma organização lógica dos objetos e do mundo. Uma aprendizagem "normal" refere-se a um equilíbrio entre os movimentos assimilativos e acomodativos.
Segundo Fernández3, o conteúdo de um conhecimento provém de um ensino (sistemático ou assistemático), mas a possibilidade de processar este conteúdo depende da presença, no sujeito, de uma estrutura cognitiva, adequada ao nível de compreensão requerido e de um vínculo que possibilite representar esse conhecimento.
A dimensão simbólica, por fim, engloba o desejo e refere-se à construção da subjetividade, ou seja, da apropriação e representação do objeto. De acordo com Fernández3, é o nível simbólico que organiza a vida afetiva e a vida das significações. A linguagem, o gesto e os afetos agem como significados ou significantes, com os quais o sujeito pode dizer como se sente ao mundo. Portanto, expressa nossos sonhos, nossos erros, nossas lembranças, nossas falhas, nossos mitos. Trata-se, por conseguinte, das significações dadas aos representantes psíquicos existentes no inconsciente, caracterizando a importância do meio externo à formação psíquica do sujeito.
Dessa forma, segundo Fernández3, a aprendizagem é um processo que se significa familiarmente, ainda que se aproprie individualmente, intervindo o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo do aprendente e também do ensinante. Assim, no aprender, interagem a elaboração objetivante (inteligência) e subjetivante (desejo). O sintoma instala-se sobre uma modalidade e essa modalidade tem uma construção pessoal a partir dos quatro níveis (organismo, corpo, inteligência e desejo).
Assim, para aprender é necessária a articulação entre os quatro níveis. Então, quando uma dificuldade de aprendizagem se instaura? Ou seja, quando o processo de aprendizagem passa a apresentar falhas, problemas, limitações, inibições ou bloqueios? Quando ocorre desarmonia entre os níveis. E quando ocorre uma desarmonia entre os níveis? Quando um fator, externo ou interno, possui força suficiente para lhe ser causador.
Fernández afirma que fatores externos à estrutura familiar e individual do sujeito, ou seja, provenientes da ordem educativa, ocasionam o denominado problema de aprendizagem reativo, enquanto que os internos são considerados inibição ou, ainda, sintoma.
Vorcaro6, em conformidade, afirma que a causa dos problemas de aprendizagem passa a ser analisada a partir de três modelos: 1) a causalidade orgânica, a qual remete a problemas biológicos, genéticos e físicos; 2) a causalidade a partir de determinação dada pela escola fracassada, ou seja, é decorrente da conduta da escola; e, 3) a causalidade determinada pela posição da criança no discurso dos pais, isto é, oriunda das questões parentais, que demonstram que a série de significantes inconscientes relacionada ao ato de aprender inibiu a aprendizagem.
A escola e a família, portanto, são efetivamente contribuintes e definidores do desenrolar saudável ou do fracasso da aprendizagem. Como educadores, possuem imensa relevância no estímulo a um processo de aprendizagem fluido e sua conduta, sua postura, seu exemplo, sua maneira de lidar com o sujeito, com o objeto de conhecimento e com a forma de circulação do saber são fundamentais para desenvolver no sujeito uma motivação para o saber. Em contrapartida, no caso de uma má condução, são capazes, igualmente, de desenvolver bloqueios e de impedir que a aprendizagem se processe corretamente.
Segundo Paín2, os problemas de aprendizagem são perturbações produzidas durante a aquisição e não nos mecanismos de conservação e disponibilidade, embora estes aspectos mereçam consideração. Assim, com exceção das rupturas muito precisas, a significação do problema de aprendizagem não deve procurar-se no conteúdo do material sobre o qual se opera, mas, preferencialmente, sobre a operação como tal.
Portanto, assim como a aprendizagem participa de um processo, a não-aprendizagem também. O não-aprender é oriundo de um processo desenvolvido no âmbito no qual o sujeito está envolvido, com participação de outras pessoas, outros desejos, outros significantes, embora a um possível fato específico lhe seja atribuída a "culpa". Nota-se, entretanto, que, muitas vezes, o fator gerador da dificuldade de aprendizagem tem menos valor do que o processo dele decorrente.
A psicopedagogia visa, justamente, desenvolver um trabalho com a criança, a família e a escola, sensibilizando-os sobre a importância de sua conduta. Institucionalmente, o trabalho psicopedagógico contribui para a prevenção ou diminuição de dificuldades de aprendizagem, objetivando favorecer um ambiente educacional saudável que não estimule bloqueio ou limitação da aprendizagem, por meio da aplicação de métodos preventivos com os alunos, a equipe de profissionais e a família. Ademais, visa detectar os problemas já instalados e, caso necessário, propor mudanças na estrutura geral da escola, na conduta de profissionais específicos e/ou encaminhar o discente a um clínico.
Clinicamente, a psicopedagogia contribui para o tratamento das dificuldades instauradas. Bossa1 considera, ainda, que o trabalho clínico na Psicopedagogia tem função preventiva na medida em que, ao tratar determinados problemas, pode prevenir o aparecimento de outros.
O psicopedagogo, ao receber um sujeito com queixa de dificuldade de aprendizagem, seja encaminhado pela escola, por outro profissional, pelos pais ou por iniciativa do próprio aprendente, inicia um processo diagnóstico para investigação da causa do problema.
A partir do resultado do diagnóstico podem ser adotadas algumas das seguintes medidas: início do atendimento psicopedagógico, encaminhamento a especialistas diversos (seja por não ser atuação de psicopedagogo, seja para trabalho multidisciplinar), intervenção na escola e intervenção na família.
O atendimento psicopedagógico, por sua vez, no caso de o diagnóstico apontar a sua necessidade, está respaldado, de acordo com Amaral7, nos seguintes pilares: 1) a re-significação das fantasias relacionadas ao ato de aprender; 2) a restauração do vínculo que o sujeito estabelece com o objeto de conhecimento; 3) a reconstrução da auto-imagem do sujeito enquanto aprendente, e; 4) a reparação do vínculo do sujeito com o ensinante.
Segundo Chamat8, uma das características mais marcantes da proposta oferecida é a busca e valorização das possibilidades do ser que aprende, viabilizando o caminho para a auto-estima que se constitui a chave-mestra do desenvolvimento do pensamento a partir da internalização da crença em si mesmo e consolidação de um objeto permanente. Isso lhe possibilitará a libertação da afetividade, formação de vínculos e, conseqüentemente, da motivação para a busca do saber.
Em suma, a psicopedagogia visa possibilitar que as quatro dimensões (orgânica, corporal, cognitiva e simbólica), quando desarmônicas, sejam novamente intercambiáveis, a ponto de possibilitar que o processo de aprendizagem deslanche com a fluidez necessária. Ademais, cabe-lhe detectar a causa de tal desarmonia, ou seja, quais questões ocasionam o distanciamento do aprendente com o saber (orgânicas, escolares, familiares).

BULLYING ESCOLAR
Embora sempre presente em todas as escolas, o bullying passou a ser estudado cientificamente somente nas últimas décadas, tamanha a preocupação dos profissionais ao perceber a capacidade da agressão de gerar traumas, muitas vezes, irreversíveis nos envolvidos.
A violência velada, caracterizada pela constância e repetição de agressões - física, verbal ou psicológica - a uma criança ou adolescente, passou a ser denominada bullying.
Segundo Fante9, por definição universal, bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os às exclusões, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying.
Portanto, o fenômeno bullying envolve o(s) agressor(es), a(s) vítima(s) e espectador(es).
O agressor costuma estar em situação de poder, autoridade e admiração, atingindo a vítima com constantes emissões de ameaças, intimidações, apelidos maldosos, gozações, humilhações, ofensas, intrigas, xingamentos, agressões físicas, discriminação, constrangimentos, insultos, perseguições, chantagens, dentre outros. Segundo Fante9, tal comportamento é decorrente de carência afetiva, ausência de limites e maus-tratos e explosões emocionais violentas provenientes dos pais, caracterizando uma ausência de modelos educativos humanistas éticos. Ademais, podem desenvolver uma tendência ao uso de drogas e ampliação do fenômeno bullying em casa e no trabalho.
Os espectadores, ou testemunhas, por razões diversas, assistem à violência, porém nada fazem, mesmo que sejam desfavoráveis ao fato. Para Fante9, podem se sentir inseguros e incomodados com a situação e, portanto, também tendem a ter o processo de aprendizagem comprometido.
A vítima, por sua vez, ainda segundo Fante9, tende a ter um perfil típico, que engloba "timidez, ansiedade, insegurança, falta de habilidades para se impor, medo de denunciar seus agressores, baixa auto-estima, o que a torna vulnerável e passiva à ação do agressor. Muitas vezes, possui alguma característica física ou comportamental marcante, como obesidade, baixa estatura, sardas, não gostar de praticar esportes, dentre outras, o que a destaca e a faz diferente dos demais, despertando a atenção do agressor.
Em decorrência do bullying, a vítima pode desenvolver ou estimular pensamentos suicidas, isolamento, ansiedade, ira, indignação, rebaixamento ainda maior da auto-estima, depressão, medo, traumas, angústia, vergonha, desejo de vingança, problemas psicossomáticos, marginalização, muito sofrimento e aversão à escola.
Fante9 afirma que essas mobilizações psíquicas de medo, constrangimento, angústia e raiva reprimida poderão aprisionar sua mente a construções inconscientes de cadeias de pensamentos, que resultarão em dinâmicas psíquicas destrutivas de si mesma e da sociedade como, por exemplo, a instalação do desejo de matar, por vingança, o maior número possível de pessoas, seguido de suicídio. O trágico é que as vítimas desse fenômeno são feridas na área mais preciosa, íntima e inviolável do ser - a sua alma.
Entretanto, mesmo que as seqüelas não atinjam fatalidades irreversíveis, podem acarretar um prejuízo incalculável, em diversos âmbitos, à vítima, aos agressores e às testemunhas, caso não recebam o atendimento necessário.
Segundo Costantini10, nesses comportamentos, às vezes considerados irrelevantes, pesa de maneira decisiva a ausência de intervenção por parte dos adultos. A escola, portanto, enquanto instituição educadora, não pode ser omissa ao fenômeno bullying e deve ser compromissada em ater-se ao fato, buscar atualizar-se e agir de forma eficiente no combate ao mesmo.
Todos os profissionais do âmbito escolar devem estar engajados no processo, comprometidos com a elaboração e desenvolvimento de debates, palestras, campanhas, trabalhos específicos, parceria com a família e com demais profissionais, dentre outros, para que, futuramente, possam se orgulhar do ambiente sadio e pacífico que estimularam, em decorrência do desenvolvimento de uma vinculação entre cognição e afeto dentro do ambiente escolar.
Em contrapartida, em condição de parceria, a família, de todos os envolvidos, não deve deixar que a situação seja resolvida somente pela escola, devendo contribuir com uma participação ativa. A influência familiar é definidora no desenvolvimento da estrutura psicológica da criança e, portanto, os pais devem se comprometer a oferecer-lhe, desde o seu nascimento, uma formação digna, respeitosa e saudável.
Todo o esforço dispensado não será em vão, visto que, de acordo com Beaudoin & Taylor11, o bullying e o desrespeito tendem a desaparecer onde haja um clima de atenção e de vínculo entre as pessoas.

A PSICOPEDAGOGIA E O BULLYING ESCOLAR
De acordo com a teoria psicopedagógica, o bullying é considerado um dos atuais causadores de problemas de aprendizagem, visto ser capaz de desarmonizar as dimensões cognitiva, simbólica, orgânica e corporal. A aprendizagem, de acordo com Negrine12, necessita de motivação como componente inerente ao processo, visto estar sempre presente como desencadeadora da ação.
Em conformidade, Spitz13 afirma que os afetos determinam a relação entre percepção e cognição, e servem para explicar comportamentos e acontecimentos psicológicos. Natural, então, que o objeto de aprendizagem deixe de ser objeto de desejo e passe a ser considerado objeto de repulsa, acarretando, portanto, o não-aprender.
Evidente, então, que o processo educacional se torne comprometido, visto que o aluno, desmotivado, passa a não mais ter interesse em freqüentar a escola. A partir de então, passa a inventar qualquer motivo para faltar às aulas, não se preocupa em realizar as tarefas, não presta atenção às explicações, não se socializa, enfim, não desenvolve um envolvimento emocional saudável com o ambiente escolar. Em conseqüência, o aprendente tende à retenção de série, troca de escola e, até mesmo, evasão escolar.
O ambiente escolar, conseqüentemente, torna-se inadequado à vítima, uma vez que os colegas, que deveriam estar enquadrados em um nível de amadurecimento e de comportamento similares, passam a ser considerados como agressores ou impotentes; o agressor, propriamente dito, amedronta-lhe, de modo a fazê-la perder qualquer motivação relacionada ao estudo (ou a si mesma), além de tender a ter o seu próprio processo educacional abalado; as testemunhas passam a ser vistas como rivais e desinteressadas na resolução do problema, além de também poderem estar comprometidas educacionalmente; a família e a escola, por sua vez, quando desconhecem o fato, igualmente não se tornam contribuinte ao fim do sofrimento e, quando cientes da situação, seja por ignorância ou displicência, freqüentemente ignoram-na, considerando tratar-se de comportamentos comuns à idade e sem importância.
A vítima, conseqüentemente, tende a se excluir de todos os envolvidos e a manter-se em um completo isolamento, por considerar-se sozinha, abandonada e incompreendida. Como, muitas vezes, não pode dispensar a escola, sozinha em seu sofrimento, acaba forçando uma motivação para freqüentar aquele espaço, sem, obviamente, aproveitar devidamente as ofertas educacionais, gerando as falhas no seu processo de aprendizagem.
Segundo Fante9, a superação dos traumas causados pelo fenômeno poderá ou não ocorrer, dependendo das características individuais de cada vítima, bem como o da sua habilidade de se relacionar consigo mesma, com o meio social e, sobretudo, com a sua família.
Portanto, não sobram dúvidas de que o fenômeno bullying é capaz de acarretar prejuízo na aprendizagem daqueles que nele estão envolvidos. Entretanto, como não apenas o campo do conhecimento torna-se comprometido, é necessário que outros profissionais intervenham, além do psicopedagogo, a fim de resgatar os demais desejos perdidos do sujeito.

CONCLUSÃO
O fenômeno bullying é capaz de desenvolver sérios comprometimentos ao processo de aprendizagem, visto que desenvolve, na instituição educacional, um ambiente nocivo não somente às vítimas, mas a todos, direta ou indiretamente, envolvidos.
Seus efeitos são capazes de efetivamente desarmonizar as dimensões cognitiva, corporal, simbólica e orgânica, acarretando um conflito entre as questões internas e externas ao sujeito. Os estragos emocionais, sociais e psicológicos graves gerados têm força suficiente para impedir que o sujeito tenha um envolvimento saudável e propício com o objeto de conhecimento.
Embora seja evidentemente estudo da psicopedagogia, o bullying deve receber também devida importância de todos os profissionais que atendem à criança, tais como psicopedagogo, psicólogo, pedagogo, psicanalista, dentre outros, todos com o objetivo de fortalecer a estrutura emocional do sujeito e possibilitar que suas relações inter e intrapessoais sejam bem (re)estruturadas.
Ademais, a escola e a família, como contribuintes do surgimento e desenvolvimento do bullying, por sua forma de atuação, também devem ser responsáveis pela sua prevenção e pelo seu fim, o que demanda conscientização efetiva do seu papel no processo da estruturação do sujeito.
Portanto, trata-se de um trabalho de combate em equipe, em que cada um deve oferecer uma contribuição eficaz. Evidente que não se trata de algo fácil, não somente, e principalmente, por se tratar de seres humanos - fato que atinge a individualidade, estruturas familiar, social, educacional arraigadas, etc. - mas porque o próprio fenômeno começou a ser estudado cientificamente há pouco tempo.
Ainda há muito a ser explorado, elaborado, simbolizado sobre o bullying, a começar pela própria questão nominal, a qual, no Brasil, continua sem tradução do inglês. Qual seria o motivo para que não haja uma palavra ou um termo equivalente em português?
Dessa forma, concluo este artigo deixando-o em aberto, como demonstração explícita de que a realidade da referida violência merece receber continuado estudo.

AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus familiares, às Promotoras de Justiça e aos colegas da Promotoria de Justiça de Defesa da Educação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, às psicopedagogas do APRENDIZ - Espaço Psicopedagógico Clínico e Institucional - e aos membros da ARPI, que diretamente influenciaram e estimularam a elaboração do presente estudo.

REFERÊNCIAS
1. Bossa NA. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2ª ed. Porto Alegre:Artmed;2000.
2. Paín S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed;1992.
3. Fernández A. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed;1991.
4. Weiss MLL. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 9ª ed. Rio de Janeiro:DP&A;2002.
5. Piaget J. O nascimento da inteligência na criança. 4ª ed. Rio de Janeiro:LTC;1987.
6. Vorcaro A. Crianças na psicanálise: clínica, instituição, laço social. Rio de Janeiro: Companhia de Freud;2005.
7. Amaral ALSN. Os quatro pilares do atendimento psicopedagógico. Rev Psicopedagogia 2001;19(1):66-9.
8. Chamat LSJ. Técnicas de diagnóstico psicopedagógico: o diagnóstico clínico na abordagem interacionista. São Paulo: Vetor;2004.
9. Fante C. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2ª ed. Campinas/SP:Veru;2005.
10. Costantini A. Bullying: como combatê-lo, prevenir e enfrentar a violência entre os jovens. São Paulo:Itália Nova;2004.
11. Beaudoin M, Taylor M. Bullying e desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. Porto Alegre:Artmed;2006.
12. Negrine A. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre:PRODIL; 1994.
13. Spitz RA. O primeiro ano de vida. 3ª ed. São Paulo:Martins Fontes;2004.


 Correspondência: Anna Carolina Mendonça Lemos
SGAS 915 - Bloco A - sala 309
Ed. Office Center Asa Sul
Brasília - DF - 70390-150
Tel.: (61) 3346-3698 - (61) 3348-9009
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26 de dez. de 2012

Redes sociais, as novas parceiras de estudo

Redes sociais, as novas parceiras de estudo

Reblogado de http://canaldoensino.com.br/blog/redes-sociais-as-novas-parceiras-de-estudo

Escolas usam Facebook  e até criam sites próprios para conectar alunos e professores.
Twitter e Facebook  costumam ser considerados inimigos dos estudos por muita gente. Mas algumas escolas já estão se rendendo às redes sociais e as usando como aliadas na preparação dos estudantes e na comunicação entre alunos e professores.
A Escola Parque, na Gávea, desenvolveu, no início do ano passado, a EP2, uma rede social interna semelhante ao Facebook. O projeto foi criado dentro da plataforma Ning, que permite a qualquer um customizar uma rede de acordo com suas necessidades. Na EP2, estudantes a partir do 6 ano podem escrever em seus murais, enviar mensagens diretas e participar de grupos de interesses específicos. O espaço virtual é coabitado por alunos e professores.
O coordenador do segundo segmento do ensino fundamental da escola, Giocondo Magalhães, explica que a ideia é educar os mais novos para as possibilidades de uso e também sobre os perigos das redes. Além de ser mais um espaço de difusão do conteúdo das disciplinas e dos trabalhos escolares.
— Ninguém ensina para eles como atuar nos meios digitais. O que a gente tenta é ajudá-los a tirar um uso pedagógico disso. Já acontecia de um professor colocar conteúdo sobre a disciplina no Facebook, como um vídeo do YouTube. Nossa ideia foi trazer essas experiências para um ambiente seguro, que fosse uma extensão virtual da escola. Além de não ter a limitação de idade de redes como o Facebook (que só aceita usuários maiores de 13 anos, o que é largamente burlado) — afirma o professor.
Professores ficam alertas para evitar cyberbullying
Os estudantes tiveram voz ativa na criação da EP2, apontando os recursos que julgavam mais importantes. E a participação rendeu frutos, pois os alunos abraçaram a ideia. Eles contam que, na rede, compartilham fotos e vídeos, além de usar a ferramenta de bate-papo e, principalmente, tirar dúvidas com professores.
— Uso bastante a EP2 para falar com os professores. Eles tiram dúvidas das matérias, é muito bom. Parece que eles ficam lá o dia inteiro, sempre estão on-line — conta Tamara Castorino, de 12 anos, que vai começar o 8 ano.
O coordenador afirma que os estudantes têm liberdade para postar e criar grupos de acordo com seu interesse. Na rede, é possível encontrar alguns dedicados a ídolos adolescentes, como Justin Bieber, e a times de futebol, como o Botafogo. Contudo, ele diz que há uma supervisão para evitar qualquer tipo de cyberbullying.
— Há uma questão de ética nas redes que a gente trabalha com eles. Ali, estão valendo os mesmos valores da escola. Discutimos com eles tudo ligado à discriminação e continuamos de olho para evitá-la — diz.
No Colégio Palas, no Recreio, a vontade da integração resultou na criação de um grupo no Facebook da turma do 3 ano do ensino médio, exclusivo para para alunos e professores da escola. Foi lá que eles passaram o ano passado trocando informações sobre datas de inscrição em vestibulares, resultado de provas do colégio e de seleções da universidades Além de tirar dúvidas das lições de casa e postarem vídeos e reportagens sobre os assuntos que viram em sala de aula.
— Os estudantes usam muito e há professores engajados também. A gente valoriza, mas $ão prioriza. Eles estudam com o grupo, vão trocando informações entre si. E dessa maneira funciona. Além disso, tem um fator motivacional também: um dá força para o outro o tempo todo — afirma Célia Regina, coordenadora da escola.
A professora Eloiza Gomes de Oliveira, da Faculdade Educação da Uerj, e pesquisadora do uso das redes sociais na educação, é a favor da escola usá-las como ferramentas pedagógicas. Mas alerta que é preciso seguir alguns passos para que o projeto dê certo e conte com a efetiva participação dos estudantes.
— As redes são um espaço de liberdade para os adolescentes, são um lugar para eles se expressarem. Quando a escola entra, não é a mesma coisa. Os alunos temem ser policiados, então é preciso ser muito transparente na relação. É preciso garantir a autonomia $estudante para que a dinâmica possa acontecer. O professor dá o pontapé inicial, mas não pode engessar a experiência — defende ela, que descarta a possibilidade de o uso das redes sociais provocar distração. — Quando eles fazem um trabalho em grupo, não estudam o tempo inteiro. Eles conversam, jogam. Isso não é uma coisa da internet, é natural do próprio jovem.
Grandes grupos internacionais de educação, voltados principalmente para cursos de inglês e preparatórios para a universidade, também miram no chamado "social learning". O conceito pretende levar interatividade e a colaboração, base da chamada web 2.0, para o centro do processo de aprendizado.
A EmbassyCES, braço de idiomas do Study Group, montou o portal Study Smart. Nele, o foco é no aprendizado do aluno fora de sala de aula. Estão disponíveis exercícios interativos e o plano de aula para cada semana. Assim, o estudante pode acompanhar o seu progresso e até acelerar sua troca de nível. A Study Smart aposta também na interatividade: os próprios estudantes criam glossário de termos para as unidades do livro e ainda podem fazer grupos de estudo em salas de bate-papo.
Já a Kaplan International lançou em 2011 um projeto piloto, o Student Portal, implantado em uma escola em Londres e outra em Sydney, na Austrália. O formato é bem parecido com o do Facebook, com timeline, chat e mensagens privadas. Por enquanto, ele é usado principalmente por estudantes estrangeiros que ainda vão chegar aos cursos e aproveitam para se conhecer melhor. Há uma seção também que permite se inscrever nos passeios oferecidos pela escola no seu tempo livre, como idas a partidas de futebol ou museus.
A ideia é, no futuro, integrar totalmente a rede social à plataforma de ensino virtual já existente. Atualmente, a conexão é feita apenas através de um blog. Para o diretor-geral da Kaplan no Reino Unido e Irlanda, Erez Tocker, a proposta é aproveitar o tempo que os jovens já passam conectados.
— Eles passam muito tempo conectados, especialmente no Facebook. Então, a ideia é que o portal seja o nosso próprio Facebook e que eles passem mais tempo lá. Não podemos virar às costas para o que já está acontecendo — argumenta Tocker.
Fonte: O Globo

17 de abr. de 2012

Em Araxá, MG, xadrez no ensino multidisciplinar auxilia na educação


Em Araxá, MG, xadrez no ensino multidisciplinar auxilia na educação

Desde 2004, o esporte faz parte da grade curricular de escolas públicas

10 de abril de 2012



Desde 2004, o esporte faz parte da grade curricular de escolas públicas
Desde 2004, o esporte faz parte da grade curricular de escolas públicas
Em Araxá, no Alto Paranaíba, o xadrez integra a grade curricular das escolas públicas há oito anos e tem trazido bons resultados para os estudantes. Nas salas de aula, foram descobertos novos talentos, inclusive, campeões brasileiros na modalidade.


De acordo com o professor Adriano Pena, oesporte proporciona aos alunos experiência positiva quando conciliam os conhecimentos do xadrez com o ensino regular. Para ele, oesporte de inteligência traz como resultado o desenvolvimento da memória, a concentração e o raciocínio, tudo isso reflete nas outras disciplinas e aumenta o rendimento escolar. "O xadrez como um esporte intelectual que ajuda no desenvolvimento é ideal. É importante a escola estar sempre buscando implantar o xadrez", afirmou.

Muito mais do que o movimento das peças, os alunos aprendem a criar estratégias e desenvolver o raciocínio lógico, além da concentração. "No momento em que ele estão fazendo as aulas, trabalham com a parte da concentração, da atenção e aprendem a ser mais criativos, porque tem que pensar em estratégias rápidas para ganhar o jogo. Então todas estas habilidades são importantes nas disciplinas, nos conteúdos e para a vida", disse a coordenadora pedagógica Ivone Bernini Campos.

Aulas que formam campeões e multiplicadores. O enxadrista Cesar Romero Junior tomou gosto pelo xadrez no colégio e, com 16 anos, já é professor. Ele tem como aluno um campeão brasileiro, o também estudante Vitor Amorim Fróis, que é destaque no tabuleiro e na escola. "Estou me preparando para panamericano e estudando muito nos livros sobre táticas, vendo partidas. Na escola busco sempre tirar boas notas", relatou o estudante. O pai dele, Geovane Frois, fica orgulhoso com a coleção de troféus, mas são as habilidades conquistadas pelo filho noesporte o que mais surpreende. "Uma vez só que eles começam a ler algo, conseguem memorizar aquilo. Ele acaba aprendendo mais rápido e tendo melhor resultado na escola", afirmou o pai.

E nesse processo de aprendizagem as crianças já sabem o que colocar em prática em sala de aula. "A gente deve dar um cheque mate na convesa durante a aula, nas bagunças e, principalmente, nas notas ruins", contou a estudante Diuare Faria Rezende.

Além das escolas públicas ensinarem o esporte, o Clube de Xadrez Artur Ros oferece aulas gratuitas, no horário comercial, de segunda a sexta-feira. Os interessados podem procurar informações na Rua Presidente Olegário Maciel, nº 1.070.

Fonte: Globo.com

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10 de jul. de 2011

Flores são Vermelhas


Flores são Vermelhas
No primeiro dia de escola do pequeno menino
ele pegou alguns lápis coloridos e começou a desenhar
e ele coloriu o papel inteirinho
porque é assim que ele via as cores
Mas chegou a professora e disse...
O que é que você está fazendo meu rapaz
estou pintando as flores; disse ele
ela disse... Isso não é hora para artes menino
e além do mais, flores são vermelhas e verdes
existe um tempo definido para tudo meu rapaz
e também um jeito certo das coisas serem feitas
você precisa ter respeito pelos outros
porque não é o único

E ela disse...
Flores são vermelhas meu rapaz
folhas são verdes
não existe porque ver as flores de outra forma
além do jeito que elas sempre foram vistas

Mas o pequeno menino disse...
Existem tantas cores no arco íris
tantas cores no sol da manhã
tantas cores em cada flor e eu vejo todas elas

Pois bem, disse a professora...
Você é um respondão
existem jeitos como as coisas são
e você vai pintar do jeito que elas são
então repita...
E ela disse...
Flores são vermelhas meu rapaz
folhas são verdes
não existe porque ver as flores de outra forma
além do jeito que elas sempre foram vistas

Mas o menino disse...
Existem tantas cores no arco íris
tantas cores no sol da manhã
tantas cores em cada flor e eu vejo todas elas

A professora pôs ele de castigo
ela disse... Isso é para seu próprio bem
e você não vai sair daí enquanto não aprender
e dar suas respostas do jeito que elas devem ser
Então ele começou a sentir-se sozinho
pensamentos amedrontantes encheram sua cabeça
e então ele foi até a professora
e então foi isso que ele disse... E ele disse

Flores são vermelhas, folhas são verdes
não existe porque ver as flores de outra forma
além do jeito que elas sempre foram vistas

O tempo passou como sempre acontece
e eles mudaram de cidade
e aquele pequeno menino foi para outra escola
e isso foi o que ele encontrou
uma professora sorrindo
ela disse... Pintar tem que ser divertido
e existem tantas cores numa flor
então, vamos usar todas elas

Mas o pequeno menino pintou flores
em ordenadas fileiras de verde e vermelho
e então a professora perguntou porquê
isto foi o que ele disse... E ele disse
flores são vermelhas, folhas são verdes
não existe porque ver as flores de outra forma
além do jeito que elas sempre foram vistas
Agradecimentos sinceros à querida aluna Tamma, primeiro período do curso normal por ter me relembrado essa historinha.  

15 de mar. de 2010

15/03 Dia da Escola

Hoje é dia 15/03 - Dia da Escola



Instituição essencial ao conhecimento, por mais falida e desacreditada que possa estar, a escola ainda é o lugar onde o conhecimento do mundo começa, onde damos os primeiros passos de seres sociais, aprendemos normas de conduta, instruções de vida e conhecimento.

A escola é o lugar de se fazer amigos, de abrir os horizontes da vida, de pensar com as informações do ontem e do hoje os sistemas, produtos e teorias do amanhã.

Em homenagem ao dia da escola, seguem alguns videos


O primeiro é um trailer do documentario sobre a função social da escola ou a escola serve pra que? Entrevistamos representantes do poder publico, maies, pais, diretores, professores e a sociedade em geral com a mesma duvida. E para voce a escola serve pra que ? pela www.erdfilmes.com





O segundo um vídeo que contém imagens e a narração do poema "A escola" de Paulo Freire


A escola de vidro - de Ruth Rocha

11 de mar. de 2010

Comentário de professor sobre matéria de Gilberto Dimenstein

greve professores sao paulo       Escrito em 9 mar 2010
 Da APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

O colunista Gilberto Dimenstein publicou hoje um texto descabido na Folha de São Paulo sobre a      greve dos professores estaduais de São Paulo, com o título "uma greve contra os pobres".
Os comentários de professores incrédulos com o colunista são a melhor parte da polêmica. Um comentário em particular é perfeito, escrito por Márcio Ferro:
Sou professor da rede estadual há oito anos e ocupo dois cargos como professor desde 2005. Este ano decidi que será o último no qual ocupo estes cargos. A partir do ano que vem mudarei de carreira e, infelizmente, largarei a profissão que um dia imaginei que desempenharia e que seria aquela que me realizaria como profissional e ser humano.
Estou cansado de ser tratado como um lixo pela política educacional (ou pela falta dela) do governo do estado de São Paulo. Sem um plano de carreira, sem condições de trabalho dignas, lidando semanalmente com mais de mil alunos (21 turmas x 50 alunos), recebendo um
salário ridículo, sem nenhum benefício, tendo que pagar para tomar conta dos carros da escola, comprar água, sem horário para refeição, sofrendo com a violência por parte da comunidade (já levei tiros em porta de escola e fui agredido e presenciei agressões aos meus colegas), sem um apoio pedagógico realmente eficaz, entre muitos outros fatores.
Mas o que mais me chateia são as opiniões do senhor, Sr. Gilberto Dimenstein. Estou cansado de ser tratado em seus comentários como um mercenário que só pensa em dinheiro, ou como um alguém que falta quase que diariamente ao trabalho por pura negligência. Não aguento mais! Suas colunas também foram determinantes para me levar a tomar a decisão de largar o magistério. Meus amigos (que não são professores) leem suas opiniões e acham que estou aumentando a situação, que estou mentindo, pois ao lerem sua coluna e verem a
propaganda do governo estadual, acreditam que a escola pública está uma maravilha.
Peço ao senhor que, ao publicar suas próximas colunas, pense, mas pense muito, em quantos professores o senhor está desmotivando. Informe-se, procure, estude e – acima de tudo – conheça a realidade das escolas estaduais das regiões periféricas. O senhor mesmo já percebeu que a atratividade da carreira do magistério é quase nula frente aos jovens concluintes do ensino médio. Trabalhe para valorizar a educação e não políticas educacionais pautadas pela economia e sem foco no ser humano.
Afirmo que estou em greve! Não só por salário, mas para que o filho do pobre – ao qual o senhor se refere em sua coluna – possa chegar ao fim do ensino médio com condições de igualdade para disputar com o filho do rico uma vaga no mercado de trabalho ou em uma universidade, sem precisar de cotas. Não aguento mais ver alunos sem saber ler e escrever egressos da escola pública. Formados. Porém sem esperanças e sendo motivo de piadas.

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