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10 de mai. de 2017
O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASIL
Após tanto tempo recebendo lendo notícias tão tristes sobre nosso país, recebi este texto.
Leiam, vai lhes fazer bem.
O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASIL
LEIA COM BASTANTE ATENÇÃO
Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado.
Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.
Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo – ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.
Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal – e tem fila na porta.
Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.
Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.
Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.
Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.
Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc… Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.
Os dados são da Antropos Consulting:
1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.
2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.
3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.
4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.
5.. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.
6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.
7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.
8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês.
9. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.
10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO- 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.
11. O Brasil é 1º maior mercado de jatos e helicópteros executivos do mundo.
Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil?
1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?
2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta?
3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?
4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?
5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?
6, Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?
Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando..
É! O Brasil é um país abençoado de fato. Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.
Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques.
Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente.
Bendita seja, querida pátria chamada
Brasil!!
Divulgue esta mensagem para o máximo de pessoas que você puder. Com essa atitude, talvez não consigamos mudar o modo de pensar de cada brasileiro, mas ao ler estas palavras irá, pelo menos, por alguns momentos, refletir e se orgulhar de ser brasileiro…
🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷
3 de out. de 2015
Infância e Adolescência: quando buscar ajuda?
Infância e Adolescência: quando buscar ajuda?
disponível em : http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=27
Às vezes há grande dúvida sobre a necessidade de se recomendar ou procurar um tratamento psiquiátrico.
| Infância e Adolescência | Mulher | Família | |
Não se sabe exatamente quando a criança deixa de lado a chupeta e adota o laptop, antes passando pelo celular. Antes parecia possível ver a criança passar serenamente para a pré-adolescência, desta para a adolescência e, paulatinamente, para o adulto jovem. Hoje o desenvolvimento da infância e adolescência é mais turbulento.
Entre a infância e adolescência existe a criança adolescentóide – arremedando o adolescente – com batom, celular e preocupado com grifes, cortes de cabelo fashion, bem como o adolescente com (ir)responsabilidades infantis. Participando desse desenvolvimento complicado existem no Brasil cerca de 5 milhões de crianças e adolescentes demonstrando problemas emocionais, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A Associação Brasileira de Psiquiatria realizou, em parceria com o instituto Ibope, promoveu uma pesquisa nacional que estimou a prevalência de sintomas dos transtornos mentais mais comuns na infância e na adolescência (de 6 a 17 anos). Para essa pesquisa foram entrevistadas 2002 pessoas, em 142 municípios de todas as regiões do Brasil em outubro de 2007.
Aproximadamente 12,6% das mães entrevistadas relataram ter um filho com sintomas emocionais suficientes para necessitar tratamento (vem daí o número de 5 milhões). Dessas mães, 28,9% delas não conseguiram ou não tiveram acesso a atendimento público; 46,7% obtiveram tratamento no SUS e 24,2% através de convênio ou profissional particular. Em geral as crianças que não conseguem tratamento se desenvolvem mal e podem se tornar adultos vulneráveis e com dificuldades emocionais.
Segundo a pesquisa, a maior parte das crianças e adolescentes apresenta sintomas que somam mais de um transtorno emocional. Resumindo, são mais de 3 milhões (8,7%) com sinais de hiperatividade ou desatenção; mais de 2,5 milhões (7,8%) com dificuldades de leitura, escrita e contas (sintomas que correspondem ao transtorno de aprendizagem), mais de 2 milhões com sintomas de irritabilidade e comportamentos desafiadores e igual número com dificuldade de compreensão e atraso em relação a outras crianças da mesma idade.
Sinais importantes de depressão típica também aparecem em aproximadamente 1,5 milhão (4,2%) das crianças e adolescentes e mais 1,5 milhão delas apresenta transtornos ansiosos importantes. Mais de 1 milhão das crianças e adolescentes (2,8%) apresenta problemas significativos com álcool e outras drogas. Esta população parece ter enfrentado uma dificuldade ainda maior para conseguir tratamento. Na área de problemas de conduta, como mentir, brigar, furtar e desrespeitar, 1,2 milhão (3,4%) de crianças apresenta problemas.
SINTOMAS DE PROBLEMAS EMOCIONAIS MAIS FREQÛENTES* - %
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Hiperatividade/Desatenção
|
8.7
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Tristeza/desânimo/choro
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4.2
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Ansiedade com separação da figura de apego
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5.9
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Dificuldades com leitura, escrita e contas
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7.8
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Medos específicos (insetos, trovão, etc)
|
6.4
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Ansiedade em situações sociais
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4.2
|
Ansiedade com coisas rotineiras (provas, o futuro, etc)
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3.7
|
Comportamentos desafiadores, opositivos/irritabilidade
|
6.7
|
Dificuldades de compreensão/atraso escolar
|
6.4
|
Problemas com o uso de álcool e/ou drogas
|
2.8
|
Mentiras/brigas/furtos/desrespeito
|
3.4
|
* - Dados da pesquisa da ABP coordenada pela Dra. Tatiana Moya - Release da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) de 10/10/2008, disponível em http://www.abpbrasil.org.br/sala_imprensa/releases/exibRelease/?release=115.
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Quando se deve buscar tratamento psiquiátrico em crianças e adolescentesGeralmente as pessoas têm muitas dúvidas sobre a necessidade de uma criança ou adolescente procurar um tratamento psiquiátrico. E não se excluem muitos médicos desse público desorientado. Às vezes são os familiares ou amigos os primeiros a suspeitar que a criança ou adolescente precisa de cuidados psiquiátricos, outras tantas vezes são os professores quem primeiro observa a necessidade dessas crianças e adolescentes. Detectar precocemente eventuais problemas emocionais na criança ou adolescentes é fundamental para o sucesso do tratamento.
Entre aquilo que deve ser observado incluem-se os comportamentos, os problemas nas relações sociais e no trabalho (ou escola), as alterações do sono, da atenção, da adaptação e da alimentação, o abuso de álcool ou drogas, expressão exagerada das emoções, dificuldades em lidar com questões cotidianas. Perceber precocemente alterações no modo de vida ou na adaptação das crianças e adolescentes pode contribuir na identificação de problemas psiquiátricos no momento em que o tratamento seria mais eficaz.
A maneira de ser dessa criança ou adolescente deve ser especialmente valorizada, principalmente quando se estabelecem comparações com outras pessoas nas mesmas circunstâncias (importante ver também a página O Diagnóstico em Psiquiatria, na seção Temas Livres).
Na idade pré-escolar, em torno dos 6 anos, algumas patologias podem ser bem identificadas. Os quadros ansiosos, por exemplo, quando se manifestam através do quadro de Ansiedade de Separação da Infância são facilmente identificados. Esta situação se caracteriza por extrema recusa em separar-se da figura de maior ligação afetiva – geralmente a mãe. As características principais da Ansiedade de Separação da Infânciasão:
Relutância em se separar da pessoa de vínculo afetivo (em geral a mãe)
Preocupação excessiva em perder esse vínculo afetivo
Recusa ou grande dificuldade em ir para a escola
Medo exagerado de ficar sozinho
Pesadelos que envolvem separação
A depressão, por outro lado, não é facilmente diagnosticada na primeira infância ou na idade pré-escolar. Embora existam quadros depressivos nessa faixa etária, as classificações de doenças (DSM.IV e CID.10) não enfatizam esse diagnóstico, pois o quadro clínico de depressão na infância em geral é bastante atípico. Entretanto, existem outros sintomas psicoemocionais que podem ser indícios indiretos de um transtorno afetivo depressivo.
Os freqüentíssimos casos de Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são mais facilmente diagnosticados em crianças um pouco mais velhas, em torno dos 7-8 anos, embora eles já estejam presentes precocemente. Os principais sintomas a serem observados em relação ao TDAH são:
Desatenção em todos os níveis
Dificuldade em terminar tarefas
Dificuldade em seguir orientações
Perda de coisas, desorganização e esquecimento
Distraibilidade, inquietação (cadeira, mãos, pés)
Fala excessiva
Pouca sensação de dor
(Veja mais sobre o TDAH)
Quadros psiquiátricos mais graves, como por exemplo, o Autismo Infantil, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Deficiência Mental, também podem ser identificados nessas crianças mais novas, em torno dos primeiros 30 meses.
Os sintomas indicativos de possível problema emocional, de comportamento ou de desenvolvimento em uma criança em idade escolar que necessita avaliação psiquiátrica podem incluir qualquer dos itens abaixo:
1. - Redução significativa no rendimento escolarNeste caso pode estar em jogo alterações do interesse e da atenção. Problemas domésticos que causam preocupação excessiva à criança podem comprometer fortemente o grau de interesse e de atenção, assim como também as dificuldades na adaptação ao ambiente escolar que ocorrem em mudanças de escola.
A partir dos sete anos os problemas emocionais podem ser suspeitados principalmente em função do rendimento escolar e dos transtornos de aprendizado. A Depressão costuma estar associada ao declínio visível no rendimento escolar com início definido. O Déficit de Atenção, embora também se relacione ao desempenho, este se mostra contínuo e cronicamente baixo. A Deficiência Mental deve ser pensada principalmente quando se acompanha de uma série de outros sintomas.
2. - Redução significativa no interesse escolarA Depressão Infantil é particularmente acompanhada de desinteresse geral, tanto nos adultos quanto nas crianças e adolescentes. Ambiente escolar estressante, tenha origem nos colegas ou nos professores, também pode ocasionar aversão à escola e prejuízo do interesse. A falta de empatia com professores, eventual situação vexatória diante dos colegas ou bullying podem resultar em severo desinteresse (veja Dificuldades de Aprendizagem, na seção Infância e Adolescência).
As crianças portadoras de Déficit de Atenção, com ou sem hiperatividade, podem proporcionar grave desarmonia ambiental, seja por desentendimento com professores ou com colegas e, conseqüentemente, criar uma convivência estressante o suficiente para produzir desinteresse.
3. - Abandono de certas atividades antes desejadasAbandonar por desinteresse as atividades que antes davam prazer é outro sinal deDepressão Infantil. O sintoma de anedonia – incapacidade para sentir prazer – aparece tanto nas depressões dos adultos quanto das crianças.
O desânimo e o desinteresse levam a criança ou adolescente deprimido a um comportamento de retraimento, apatia e isolamento social. O desânimo é físico, como uma perda da energia global geralmente confundida com preguiça e responsável por muitos exames de sangue em busca de uma anemia que não se confirma. O desinteresse é emocional, é a perda do prazer ou gosto em fazer as coisas.
4. - Distanciamento de amigos ou familiaresO retraimento social, juntamente com a recusa em participar de compromissos familiares pode significar muitas coisas, desde a Depressão Infantil, Fobia Social, insegurança, até mesmo sentimentos de vergonha quando os pais brigam muito, quando um deles bebe, quando estão para se separar...
As crianças vítimas de abuso sexual ou de violência causada por babás, além de outros sintomas, podem apresentar distanciamento de amigos ou familiares, abandono de certas atividades, perturbações do sono com insônia inicial (causada geralmente por medo), inquietação, mudança de comportamento em relação ao agressor, irritabilidade...
5. - Perturbação do sonoOs exemplos de alterações do sono incluem o terror noturno, pesadelos, insônia e/ou hipersonia, sonambulismo, enurese (xixi na cama) noturna, bruxismo, etc. Essas alterações têm valor quando consideradas em conjunto com outras alterações de qualquer um dos demais itens apontados aqui.
6. Hiperatividade, inquietação, irritabilidade e/ou agressividadeQualquer uma dessas alterações acima pode representar um indício de depressão ou ansiedade infantil, cujos quadros, geralmente, são bem diferentes dos adultos. As manifestações atípicas da depressão na criança são tão comuns que boa parte dos casos diagnosticados como Déficit de Atenção com Hiperatividade é, de fato, reflexo de quadros depressivos infantis.
A alteração mais grave que apresenta agressividade infantil é o Transtorno de Conduta. Todo esforço deve ser empenhado para excluir esse diagnóstico, principalmente por se tratar de um problema de caráter e não ter cura (veja Transtorno de Conduta na seção Infância e Adolescência).
7. - Reações emocionais mais violentasAqui, como em outros itens, pode tratar-se de sinais de Depressão Infantil ou deTranstorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, porém, a irritabilidade é também comum em crianças portadoras de disritmia cerebral, embora os neurologistas insistam em dizer que não. Também podemos pensar em Transtorno de Conduta, como no item acima.
Se as explosões emocionais começaram de um determinado tempo para cá, ou seja, se não fazem parte da maneira de ser da criança ou adolescente, podem representar problemas vivenciais atuais, conflitos, medos, traumas.
8. - Rebeldia, birra e implicância, atitudes de oposiçãoExiste um quadro denominado Transtorno de Oposição na Infância ou Transtorno Desafiador Opositivo, onde a criança confronta qualquer tipo de autoridade, seja doméstica, social ou na escola. Felizmente a maioria desses casos não reflete umTranstorno de Conduta, como seria de se esperar, mas sim uma autoestima bastante baixa, necessidade de chamar atenção, sentimento de inferioridade.
9. - Preocupação e/ou ansiedade excessivasQuando crianças anteriormente bem adaptadas passam a apresentar preocupações de adultos, como por exemplo, questionamentos sobre a morte, saúde dos pais, segurança econômica, sobre o que fariam sem seus pais, insegurança com a economia doméstica, pode ser indício de depressão infantil.
Quais são os sintomas de um problema potencial em adolescentes?A entrada na adolescência traz mudanças significativas na pessoa, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. O adolescente começa a valorizar o pensamento abstrato, nascendo daí a possibilidade fascinante do jovem estabelecer suas próprias hipóteses, teorias, opiniões e pontos de vista. Essas hipóteses permitem ao adolescente fazer suas escolhas.
Por outro lado, surgem as crises de liberdade e de responsabilidade. Infelizmente, é nessa idade também que podem surgir quadros delirantes e alucinatórios, depressões e tentativas de suicídio, bem como comportamentos delinqüenciais e outras patologias emocionais.
Vejamos abaixo os sintomas mais comuns e sugestivos de possível problema emocional em uma criança de mais idade ou adolescente. Muito embora os sintomas a serem observados sejam os mesmos da infância, o significado deles pode ser diferente nos adolescentes.
1. - Redução significativa no rendimento escolarA Depressão do Adolescente proporciona, tal como na criança e nos adultos, importante desinteresse geral. Ao invés da importância do ambiente e a falta de empatia com professores, como ocorre na infância, para o adolescente pesa muito os conflitos íntimos, os sentimentos de inferioridade, a baixa auto-estima, ou seja, os sintomas clássicos da depressão (veja Depressão na Adolescência, na seção Infância e Adolescência).
Entre os conflitos intrapsíquicos contam as frustrações com o sexo oposto, a exposição ao bullying, dificuldades de adaptação às mudanças de escola, cidade, país, cultura. É comum a queda do rendimento escolar quando o adolescente toma contacto com drogas, notadamente da maconha ou uso abusivo de álcool.
Outro fator que pode comprometer o rendimento escolar na adolescência são os surtos psicóticos, comuns nessa faixa etária. Nesse caso, muitos outros sintomas além do baixo rendimento escolar farão parte do quadro (veja Psicose na Adolescência, na seção Infância e Adolescência).
2. - Abandono de certas atividades, amigos ou familiaresMudança no grupo de amigos, afastamento repentino das atividades familiares e sociais habituais, abandono de atividades antes prazerosas, enfim, esse tipo de mudança brusca no comportamento do adolescente merece toda atenção. Tanto os quadros psicóticos quanto o uso de drogas podem resultar em afastamento das atividades habituais, dos amigos e familiares.
Por ordem de freqüência, o uso de drogas como causa dessas mudanças bruscas nas atitudes dos adolescentes é muito mais comum que o desenvolvimento de surtos psicóticos ou eclosão de depressão grave. Quando o problema é o uso de drogas, não há isolamento social, como acontece nas psicoses ou depressões, há sim, mudanças na conduta, no grupo de amigos...
Na Depressão, embora possa haver desânimo e desinteresse suficientes para que o jovem abandone algumas atividades, além do isolamento social percebe-se importante componente de tristeza e angústia, o que nem sempre acompanha as mudanças de comportamento no uso de drogas e nas psicoses.
3. - Alterações do sonoNa Depressão pode haver insônia. É comum, por exemplo, o adolescente ficar até altas horas ouvindo músicas em seu quarto. Pode haver também o contrário, ou seja, a hipersonia. Dormir demais pode ser uma tentativa de fugir de uma realidade angustiante.
Nos quadros afetivos bipolares, onde a depressão é intercalada de episódios de euforia, o jovem dorme muito pouco ou quase nada. Ele fica inquieto, agitado, hiperativo, falante e exageradamente animado. Nos casos de Psicose o sono pode desaparecer completamente. Surgem outros sintomas, tais como desleixo pessoal, apatia, estranheza e mudanças significativas dos hábitos.
4. - Alterações do ApetiteNas meninas adolescentes a falta de apetite ou anorexia tem sido o quadro mais freqüente de alteração alimentar. Podem surgir ainda crises de voracidade alimentar com bulimia ou não (veja Anorexia, Compulsão Alimentar e Bulimia, na seção Transtornos Alimentares).
Os adolescentes com Transtornos Alimentares normalmente apresentam obsessão pela forma física e podem, em casos mais graves, distorcer a auto-imagem corporal. Isso se observa quando se sentem gordos, apesar de estarem com peso bem abaixo do normal e, mesmo ainda, quando todas as outras pessoas não concordam com a opinião de excesso de peso.
Um sinal que chama a atenção para eventual Transtorno Alimentar é quando a adolescente faz uso abusivo, geralmente escondido, de laxantes e diuréticos. Na bulimia é comum a adolescente sair sempre da mesa e ir ao banheiro logo depois de comer.
O resultado da anorexia ou bulimia é a progressiva deterioração física e mental, começando com sintomas leves como queda dos cabelos, aftas, atraso menstrual, etc., até complicações cardiovasculares, renais e endócrinas graves e que podem levar a morte.
O Comer Compulsivo também pode ser uma alteração do apetite que acompanha transtornos emocionais na adolescência. Nesse caso a pessoa come compulsivamente grandes quantidades de comida, geralmente calóricas. Estados ansiosos geralmente resultam em compulsão alimentar.
5. - Agressões freqüentes, rebeldia, atitudes de oposição ou reações violentasA agressividade na adolescência é um problema complexo. O comportamento agressivo e violento pode ser um traço da personalidade. Neste caso a pessoa É agressiva. A agressividade pode surgir como uma mudança na atitude da pessoa que não era agressiva. Neste caso a pessoa ESTÁ agressiva. Em psiquiatria as mudanças do comportamento têm mais valor.
O comportamento rebelde, agressivo e violento pode resultar de modismo ou como um comportamento desejável no meio social do adolescente. Isso pode ser reflexo de um apelo de seu meio, do grupo social que pertence.
O comportamento rebelde, agressivo e violento pode resultar de modismo ou como um comportamento desejável no meio social do adolescente. Isso pode ser reflexo de um apelo de seu meio, do grupo social que pertence.
O comportamento agressivo pode, não obstante, refletir um conflito emocional íntimo e/ou um quadro depressivo, ou ainda, um sinal de abuso de drogas. Comportamentos destrutivos envolvendo vandalismo, incendiarismo, destruição de propriedades, normalmente acontecem na sociopatia, a qual, no adolescente, recebe o nome Transtorno de Conduta.
6. - Provocar dano a si mesmoIsso pode acontecer nos Transtornos do Controle dos Impulsos, por exemplo, naTricotilomania (arrancar cabelos e pelos), na Auto-Escoriação da pele, na Auto-Mutilação, nas atitudes de vômito da Bulimia. Esses comportamentos auto-prejudiciais fazem parte dos transtornos classificados no Espectro Obsessivo-Compulsivo.
Transtornos de Personalidade graves, como por exemplo, o transtorno histérico e o transtorno borderline, ambas com início na infância e adolescência, proporcionam comportamento teatral de auto-agressividade e ferimentos auto provocados com propósitos de manipulação do entorno.
7. - Pensamentos de morte e/ou suicidasPensar na morte não é mesma coisa que pensar em suicídio. Pessoas deprimidas podem pensar que preferiam estar mortas, embora não pensem em se matar. O suicida, por sua vez, pensa em se matar.
A Depressão é a principal patologia relacionada à idéia de morte ou pensamento suicida. Não obstante, as psicoses também podem levar ao suicídio, geralmente decorrente de um delírio bizarro.
8. - Comportamento sexualizado excessivo e/ou precoceA expressiva maioria dos casos de atividade sexual precoce, notadamente nas meninas, parece ser estimulada pelas próprias mães. Estas, talvez devido a alguma fantasia íntima, acabam por estimular suas filhas a parecerem atrizes de novela, apresentadoras de TV ou outras personagens da mídia com notória atuação sexual. Esse fenômeno tem sido relacionado ao aumento na incidência de Puberdade Precoce e na precocidade da idade de iniciação sexual.
Fora esses casos de conotação cultural, o Transtorno de Conduta é a condição mórbida mais associada ao comportamento hipersexualizado em meninas e meninos. Em segundo lugar vem o Transtorno Afetivo Bipolar do adolescente, durante a fase de euforia, fortemente relacionado ao aumento da libido. Finalmente, alguns casos de Retardo Mental são também associados ao comportamento hipersexualizado.
10. - Mentiras, fugas, embusteEssas atitudes costumam aparecer nos transtornos do caráter, como por exemplo, no Transtorno de Conduta e, em alguns casos, nas depressões com prejuízo da autoestima.
Os pais, muitas vezes por conta do natural envolvimento afetivo, podem não perceber, não reconhecer ou não aceitar os problemas emocionais em seus filhos. Mas isso não exclui a existência de tais problemas, apenas retarda seu tratamento. Quanto aos educadores, muitas vezes são eles os primeiros a observar os sintomas iniciais de um problema psiquiátrico na infância e adolescência. Essa facilidade se deve, entre outras razões, ao fato de poderem ter uma crítica mais desapaixonada da conduta da criança ou do adolescente.
Uma doença psiquiátrica na criança ou no adolescente quando diagnosticada e tratada a tempo pode evitar importantes seqüelas na vida adulta. É fundamental detectar o problema e consultar com um especialista.
para referir:
Ballone GJ, Infância e Adolescência: quando tratar, in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br, revisto em 2010.
Ballone GJ, Infância e Adolescência: quando tratar, in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br, revisto em 2010.
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26 de mar. de 2014
Existe uma relação entre crueldade com seres humanos e com animais?
Existe uma relação entre crueldade com seres humanos e com animais?
Muitos assassinos em série começaram matando animais. Pesquisas norte-americanas mostram que a crueldade animal pode ser sintoma de uma mente doentia.
Em 1998, Russell Weston entrou no Capitólio, puxou uma arma e começou a atirar ao redor. Quando terminou, dois policias estavam mortos e um visitante ferido. Poucas horas antes, Weston já havia atirado numa dúzia de gatos de rua alimentados por seu pai.
Ally Walker, estrela da televisão norte-americana, tem certeza de que os dois acontecimentos estão relacionados e que Russel não é um caso isolado. Em um documentário na TV, ela procura esclarecer que a violência contra animais muitas vezes antecede a violência contra pessoas. "Segundo dados do FBI, 80% dos assassinos começaram torturando animais", afirma Ally.
Em 1998, Russell Weston entrou no Capitólio, puxou uma arma e começou a atirar ao redor. Quando terminou, dois policias estavam mortos e um visitante ferido. Poucas horas antes, Weston já havia atirado numa dúzia de gatos de rua alimentados por seu pai.
Ally Walker, estrela da televisão norte-americana, tem certeza de que os dois acontecimentos estão relacionados e que Russel não é um caso isolado. Em um documentário na TV, ela procura esclarecer que a violência contra animais muitas vezes antecede a violência contra pessoas. "Segundo dados do FBI, 80% dos assassinos começaram torturando animais", afirma Ally.
Relacionamos abaixo o nome dos criminosos, os crimes que cometeram e a crueldade anterior aos animais:
Albert de Salvo (O Estrangulador de Boston):
Assassinou 13 mulheres.
Na juventude prendia cães e gatos em jaulas para depois atirar flechas neles.
Assassinou 13 mulheres.
Na juventude prendia cães e gatos em jaulas para depois atirar flechas neles.
Brenda Spencer
Uma colegial que matou duas crianças nos EUA.
Costumava se divertir ateando fogo na cauda de cães e gatos e ninguém deu muita importância a isto.
Uma colegial que matou duas crianças nos EUA.
Costumava se divertir ateando fogo na cauda de cães e gatos e ninguém deu muita importância a isto.
David R. Davis
Assassinou a esposa para receber o seguro.
Matou dois poneys, jogava garrafas em gatinhos, caçava com métodos ilegais.
Assassinou a esposa para receber o seguro.
Matou dois poneys, jogava garrafas em gatinhos, caçava com métodos ilegais.
Edward Kemperer
Matou os avós, a mãe e sete mulheres.
Cortou dois gatos em pedacinhos.
Matou os avós, a mãe e sete mulheres.
Cortou dois gatos em pedacinhos.
Henry L. Lucas
Matou a mãe, a companheira e um grande número de pessoas.
Matava animais e fazia sexo com os cadáveres.
Matou a mãe, a companheira e um grande número de pessoas.
Matava animais e fazia sexo com os cadáveres.
Jack Bassenti
Estuprou e matou três mulheres.
Quando sua cadela deu cria enterrou os filhotes vivos.
Estuprou e matou três mulheres.
Quando sua cadela deu cria enterrou os filhotes vivos.
Jeffrey Dahmer
Matou dezessete homens.
Empalava sapos quando crianças e matava animais deliberadamente com seu carro.
Matou dezessete homens.
Empalava sapos quando crianças e matava animais deliberadamente com seu carro.
Johnny Rieken
Assassino de Christina Nytsch e Ulrike Everts.
Matava cães, gatos e outros animais quando tinha 11 ou 12 anos.
Assassino de Christina Nytsch e Ulrike Everts.
Matava cães, gatos e outros animais quando tinha 11 ou 12 anos.
Luke Woodham
Aos 16 anos esfaqueou a mãe e matou a tiros duas adolescentes.
Incendiou seu próprio cachorro despejando um líquido inflamável na garganta e pondo fogo por fora e por dentro ao mesmo tempo. "No sábado da semana passada, cometi meu primeiro assassinato. A vítima foi minha querida cachorra Sparkle. Nunca vou esquecer o uivo que ela deu. Pereceu algo quase humano. Então nós rimos e batemos mais nela". Esta frase foi extraída do diário de Luke Woodham.
Aos 16 anos esfaqueou a mãe e matou a tiros duas adolescentes.
Incendiou seu próprio cachorro despejando um líquido inflamável na garganta e pondo fogo por fora e por dentro ao mesmo tempo. "No sábado da semana passada, cometi meu primeiro assassinato. A vítima foi minha querida cachorra Sparkle. Nunca vou esquecer o uivo que ela deu. Pereceu algo quase humano. Então nós rimos e batemos mais nela". Esta frase foi extraída do diário de Luke Woodham.
Michael Cartier
Matou Kristen Lardner com três tiros na cabeça.
Aos quatro anos de idade puxou as pernas de um coelho até saírem da articulação e jogou um gatinho através de uma janela fechada.
Matou Kristen Lardner com três tiros na cabeça.
Aos quatro anos de idade puxou as pernas de um coelho até saírem da articulação e jogou um gatinho através de uma janela fechada.
Peter Kurten (O Monstro de Düsseldorf)
Matou ou tentou matar mais de 50 homens, mulheres e crianças.
Torturava cães e fazia sexo com eles, enquanto os matava.
Matou ou tentou matar mais de 50 homens, mulheres e crianças.
Torturava cães e fazia sexo com eles, enquanto os matava.
Randy Roth
Matou duas esposas e tentou matar a terceira.
Passou um esmeril elétrico em um sapo e amarrou um gato ao motor de um carro.
Matou duas esposas e tentou matar a terceira.
Passou um esmeril elétrico em um sapo e amarrou um gato ao motor de um carro.
Richard A. Davis
Assassinou uma criança de doze anos.
Incendiava gatos.
Assassinou uma criança de doze anos.
Incendiava gatos.
Richard Speck
Matou oito mulheres.
Jogava pássaros dentro do elevador.
Matou oito mulheres.
Jogava pássaros dentro do elevador.
Richard W. Leonard
Matava com arco e flecha ou degolando.
Quando criança a avó o forçava a matar e mutilar gatos com sua cria.
Matava com arco e flecha ou degolando.
Quando criança a avó o forçava a matar e mutilar gatos com sua cria.
Rolf Diesterweg:
O assassino de Kim Kerkowe e Sylke Meyer.
Na juventude matava lebres, gatos e outros animais.
O assassino de Kim Kerkowe e Sylke Meyer.
Na juventude matava lebres, gatos e outros animais.
Theodore R. Bundy:
Matou 33 mulheres.
Presenciava o avô sendo cruel com os animais.
Matou 33 mulheres.
Presenciava o avô sendo cruel com os animais.
Entretanto, mais assustadores ainda são os recentes tiroteios em diversos colégios dos Estados Unidos. Todos eles têm algo em comum: os adolescentes criminosos já se haviam destacado anteriormente por atos de violência contra animais. Encarregados da Proteção aos Animais estão cientes desta tendência. Em São Francisco os funcionários já são orientados para reconhecerem o abuso infantil baseado na sua relação com o abuso animal. Segundo dados da Comissão de Combate ao Abuso Infantil, os moradores da cidade muitas vezes denunciam com maior rapidez o abuso contra animais porque são visíveis.
Segundo Ally Walker, "o abuso contra animais é um crime a ser levado a sério com conseqüências graves para todos". Em seu papel de apresentadora de TV a atriz espera ajudar a chamar a atenção da população para sinais precoces de comportamento assassino e, desta forma, salvar vidas — de animais e de pessoas.
Fontes:
Pet Abuse
PETA's Animal Times, inverno 1998/99
The Cruelty Connection por Beverley Cuddy
PetSite
19 de mar. de 2014
10 RAZÕES PORQUE OS TRÊS ANOS DE IDADE SÃO “PIORES” DO QUE OS DOIS.
10 RAZÕES PORQUE OS TRÊS ANOS DE IDADE SÃO "PIORES" DO QUE OS DOIS.
- Aos dois anos as crianças quase não falam. Aos três quase nunca se calam.
- Aos dois anos as crianças choram. Aos três fazem birras tão grandes que parece que estão possuídos.
- Aos dois anos as crianças comem tudo o que lhes dermos, e ainda comem do chão se for preciso. Aos três só gostam de dois alimentos, e um deles é queijo.
- Aos dois anos o banho é um evento de 10 minutos, e o resultado é uma criança limpa. Aos três os banhos levam mais de 20 minutos, e o resultado é a mãe encharcada, a casa de banho inundada, e 16 toalhas usada.
- Aos dois anos as crianças usam fraldas. Aos três o nosso mundo gira à volta das bexigas e intestinos deles.
- Aos dois anos as crianças distraem-se com uma caixa de pastilhas elásticas na mercearia. Aos três querem escolher as frutas e legumes que vamos comprar.
- Aos dois anos escolhemos a roupa e vestimo-los. Ficam queridos que fartam. Aos três as crianças insistem em vestir-se sozinhos e querem sair de casa com outfits que parecem "saídos do Júlio de Matos"
- Aos dois anos as crianças não gostam de se sujar. Aos três a sujidade cresce com eles.
- Aos dois anos podemos ajudá-los com as suas tarefas, poupando milhares de biliões de minutos na nossa vida. Aos três querem fazer tudo sozinhos e demoram uma E-TER-NI-DA-DE!
- Aos dois anos a manipulação é a última coisa nas suas mentes. Aos três eles fazem de nós gato-sapato. E sabem-no!
imagem Jill Greenberg
20 de fev. de 2014
O mundo será melhor quando os meninos brincarem de boneca
O mundo será melhor quando os meninos brincarem de boneca
POR SABINE
19/02/14 16:12
Outro dia participei de um debate sobre direitos da criança e do adolescente que acabou chegando à questão dos brinquedos.
Sim, brinquedos. Estávamos em uma escola pública de uma cidade pequena (12 mil habitantes) do Rio Grande do Norte. A criançada queria saber de onde vem a determinação de que meninas brincam de bonecas e meninos brincam de carrinho.
De onde vem isso?
Quem decide que as meninas são rosa e os meninos são azul é a sociedade.
Da mesma forma, as pessoas determinam que meninas brincam de boneca e fogãozinho enquanto meninos brincam de guerra e carrinho.
Tem de ser assim? Não. Eu, menina, nunca tive fogõezinhos porque não me interessava por culinária. Mas adoro carros.
O mesmo vale para os meninos.
MENINOS E BONECAS
Na discussão na escola potiguar, o advogado e ativista Gustavo Barbosa fez uma pergunta interessante: qual é o problema de um menino brincar com uma boneca? “O risco é que ele se tornará um bom pai?”
Pois é.
Meninos e meninas têm o direito de brincar, de escolher seus brinquedos e de decidir por quais áreas têm aptidão.
Quando a criança brinca, ela ativa o cérebro por meio da imaginação, da capacidade de concentração e da escolha de alternativas. Isso é super importante para o seu desenvolvimento (leia aqui).
Então vamos deixar as crianças brincarem com liberdade.
O mundo será melhor quando os meninos e meninas não forem recriminados pela escolha dos seus brinquedos. Quando puderem desenvolver suas aptidões sem serem talhados por preconceitos.
E quando as meninas puderem brincar de carrinho e os meninos, de boneca.
Obrigada, Plan, pelo convite para essa jornada incrível que fizemos no universo educacional do Nordeste!
Sim, brinquedos. Estávamos em uma escola pública de uma cidade pequena (12 mil habitantes) do Rio Grande do Norte. A criançada queria saber de onde vem a determinação de que meninas brincam de bonecas e meninos brincam de carrinho.
De onde vem isso?
Quem decide que as meninas são rosa e os meninos são azul é a sociedade.
Da mesma forma, as pessoas determinam que meninas brincam de boneca e fogãozinho enquanto meninos brincam de guerra e carrinho.
Tem de ser assim? Não. Eu, menina, nunca tive fogõezinhos porque não me interessava por culinária. Mas adoro carros.
O mesmo vale para os meninos.
MENINOS E BONECAS
Na discussão na escola potiguar, o advogado e ativista Gustavo Barbosa fez uma pergunta interessante: qual é o problema de um menino brincar com uma boneca? “O risco é que ele se tornará um bom pai?”
Pois é.
Meninos e meninas têm o direito de brincar, de escolher seus brinquedos e de decidir por quais áreas têm aptidão.
Quando a criança brinca, ela ativa o cérebro por meio da imaginação, da capacidade de concentração e da escolha de alternativas. Isso é super importante para o seu desenvolvimento (leia aqui).
Então vamos deixar as crianças brincarem com liberdade.
O mundo será melhor quando os meninos e meninas não forem recriminados pela escolha dos seus brinquedos. Quando puderem desenvolver suas aptidões sem serem talhados por preconceitos.
E quando as meninas puderem brincar de carrinho e os meninos, de boneca.
Obrigada, Plan, pelo convite para essa jornada incrível que fizemos no universo educacional do Nordeste!
Geração Tédio - excesso de atividades diárias estão tornando as crianças e adolescentes apáticos
Clarice Kunsch | Edição 202
Marina Kuzuyabu
Geração tédio
Pesquisa realizada pela psicóloga e pedagoga Clarice Kunsch mostra que as crianças podem ficar apáticas se forem excessivamente controladas pelos pais (e professores) e enfrentarem uma agenda cheia de atividades
Marina Kuzuyabu
A falta de encantamento e iniciativa de algumas crianças sempre chamou a atenção da psicóloga e pedagoga Clarice Krohling Kunsch. Professora de uma escola particular infantil de São Paulo (SP), a profissional resolveu encarar a questão e investigar as raízes do problema. Seu palpite inicial era de que o excesso de bens materiais estaria causando essa falta de interesse generalizada, que ela também chama de “tédio existencial”. Sua pesquisa acabou rendendo uma tese de mestrado, defendida em 2013 no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
Clarice: as crianças perderam a capacidade de fantasiar |
Por meio de observações e entrevistas realizadas com pais e crianças de 5 a 7 anos, a pesquisadora concluiu que, na verdade, a apatia está relacionada com o excesso de controle dos pais sobre seus filhos e com a agenda saturada de atividades enfrentada desde cedo pelos pequenos. Acostumados a cumprir uma rotina puxada – que começa cedinho na escola e se estende até o final da tarde em uma academia ou instituto de esportes, línguas, artes, etc. – e a obedecer a ordens sobre o que fazer e como fazer a todo o momento, os jovens alunos vão, aos poucos, perdendo a iniciativa e deixam de reagir naturalmente.
Na escola, as crianças podem até “travar”, deixando de assimilar conteúdos e de responder prontamente a questões por receio de errar, como explica Clarice na entrevista que segue. “Estou falando de uma minoria, mas é uma minoria que, do meu ponto de vista, não deveria existir”, especifica. Clarice também fala sobre os impactos de se adiantar conteúdos na Educação Infantil e sobre a expectativa exagerada dos pais em relação ao futuro de seus filhos.
Como se deu o processo de realização do estudo? Com quantas crianças você trabalhou e qual era o perfil delas?
Fui para uma escola particular de nível socioeconômico alto, em São Paulo, e convidei todos os alunos com idades entre 5 e 6 anos para participar. Das 40 solicitações enviadas às famílias, tive retorno de apenas nove. Para ampliar o universo pesquisado, estendi o convite aos alunos da 1ª série do ensino fundamental, que têm idades entre 6 e 7 anos. No total, entrevistei 30 crianças e 14 pais. Na abordagem com os adultos, investiguei como era a rotina de seus filhos, quais eram os hábitos de consumo da família, como aproveitavam os finais de semana, que tipos de viagens realizavam, como comemoravam as datas de aniversários, enfim, qual era o perfil de consumo deles. Em um segundo momento, parti para um levantamento a respeito dos sentidos que a família atribuía a determinadas coisas, quais eram as expectativas em relação ao futuro dos filhos e como eles percebiam a criança em casa.
E como foi o contato com as crianças? Como elas contribuíram com sua pesquisa?
Tinha planejado ouvir apenas os pais, mas depois percebi que seria interessante também escutar a criança para ter o ponto de vista delas. As entrevistas foram mais simples, mas, da mesma forma, procurei saber o que elas faziam fora da escola e quais eram seus interesses. A pesquisa também foi feita com base em observações dos alunos dentro da rotina escolar.
Fui para uma escola particular de nível socioeconômico alto, em São Paulo, e convidei todos os alunos com idades entre 5 e 6 anos para participar. Das 40 solicitações enviadas às famílias, tive retorno de apenas nove. Para ampliar o universo pesquisado, estendi o convite aos alunos da 1ª série do ensino fundamental, que têm idades entre 6 e 7 anos. No total, entrevistei 30 crianças e 14 pais. Na abordagem com os adultos, investiguei como era a rotina de seus filhos, quais eram os hábitos de consumo da família, como aproveitavam os finais de semana, que tipos de viagens realizavam, como comemoravam as datas de aniversários, enfim, qual era o perfil de consumo deles. Em um segundo momento, parti para um levantamento a respeito dos sentidos que a família atribuía a determinadas coisas, quais eram as expectativas em relação ao futuro dos filhos e como eles percebiam a criança em casa.
E como foi o contato com as crianças? Como elas contribuíram com sua pesquisa?
Tinha planejado ouvir apenas os pais, mas depois percebi que seria interessante também escutar a criança para ter o ponto de vista delas. As entrevistas foram mais simples, mas, da mesma forma, procurei saber o que elas faziam fora da escola e quais eram seus interesses. A pesquisa também foi feita com base em observações dos alunos dentro da rotina escolar.
Você conta que percebia um desinteresse por parte de algumas crianças durante as atividades realizadas na escola. Como você entendia esse problema antes da investigação que realizou?
Quando comecei minha pesquisa, acreditava que o problema era o consumismo, o excesso de bens. Como muitas crianças de hoje têm de tudo, achava que o mundo estava se tornando desinteressante para elas por essa razão. Mas conforme avancei nas entrevistas e nas observações na escola, fui percebendo que a criança pode ter muita coisa e se relacionar com aquilo de forma saudável. Hoje vejo que o problema está na maneira como a vida é consumida. Vejo um número cada vez maior de famílias encarando os filhos como um projeto. Outro dia escutei uma mãe dizer: “pago escola, psicopedagogo, fonoaudiólogo e meu filho não melhora as notas”. Mas ele não é uma mercadoria ou um projeto que você desenvolve dentro de uma empresa e que se fizer tudo certo ele será bem-sucedido.
Quando comecei minha pesquisa, acreditava que o problema era o consumismo, o excesso de bens. Como muitas crianças de hoje têm de tudo, achava que o mundo estava se tornando desinteressante para elas por essa razão. Mas conforme avancei nas entrevistas e nas observações na escola, fui percebendo que a criança pode ter muita coisa e se relacionar com aquilo de forma saudável. Hoje vejo que o problema está na maneira como a vida é consumida. Vejo um número cada vez maior de famílias encarando os filhos como um projeto. Outro dia escutei uma mãe dizer: “pago escola, psicopedagogo, fonoaudiólogo e meu filho não melhora as notas”. Mas ele não é uma mercadoria ou um projeto que você desenvolve dentro de uma empresa e que se fizer tudo certo ele será bem-sucedido.
Hoje se discute muito que as crianças não têm limites. Mas sua pesquisa mostra justamente o contrário: que há excesso de limites.
Realmente há mais limites. As crianças estão cada vez mais institucionalizadas, envolvidas em atividades dirigidas por outro adulto. Isso acontece porque, em várias famílias, tanto o pai como a mãe trabalham fora. Muitas vezes, eles não têm um profissional de confiança para cuidar de seu filho depois que ele volta da escola e aí acabam mandando-o para um clube ou para uma escola de idiomas, por exemplo, porque sabem que naquele local ele estará seguro. Assim, ele fica sob a intermediação de um adulto o dia inteiro. É claro que uma criança precisa disso. Isso é necessário para a integridade, para a segurança física dela. Mas o problema é que ela fica o tempo todo ouvindo o que fazer. Em casa não é diferente: alguns pais determinam qual é a hora de brincar, de desenhar, etc. Tem muito pai e mãe supercontrolador e superprotetor.
Realmente há mais limites. As crianças estão cada vez mais institucionalizadas, envolvidas em atividades dirigidas por outro adulto. Isso acontece porque, em várias famílias, tanto o pai como a mãe trabalham fora. Muitas vezes, eles não têm um profissional de confiança para cuidar de seu filho depois que ele volta da escola e aí acabam mandando-o para um clube ou para uma escola de idiomas, por exemplo, porque sabem que naquele local ele estará seguro. Assim, ele fica sob a intermediação de um adulto o dia inteiro. É claro que uma criança precisa disso. Isso é necessário para a integridade, para a segurança física dela. Mas o problema é que ela fica o tempo todo ouvindo o que fazer. Em casa não é diferente: alguns pais determinam qual é a hora de brincar, de desenhar, etc. Tem muito pai e mãe supercontrolador e superprotetor.
Como você apontou, esse excesso de atividades extracurriculares está relacionado com o estilo de vida moderno das grandes cidades. Considerando que essa é a realidade de muitas famílias brasileiras, como contornar o problema?
Sempre falo para os pais: não é a vida da criança que determina a realidade familiar, mas o contrário. Se os dois trabalham, é necessário se adaptar, claro. Mas é preciso investigar o que está motivando os pais quando colocam seus filhos para fazer uma atividade. É por segurança? Competição? Expectativa? Entre os pais hoje há uma expectativa muito grande para criar os gênios do futuro, os próximos presidentes de empresas. Então, esses pais vão procurar aulas de mandarim, por exemplo, porque dizem que essa é a língua do futuro. Mas isso é uma previsão, ninguém sabe ao certo qual será a demanda para isso. Também existe uma competição entre as famílias, que não é escancarada, mas está ali. Os pais veem que o coleguinha do filho está fazendo uma atividade e logo pensam que deveriam colocar o deles para também fazer alguma coisa. Então, reforço, é preciso ver quais são os valores que estão permeando essas decisões e ficar atento às reações da criança. Tem criança que aguenta uma batelada de coisas, mas tem criança que não. É precso respeitar o limite de cada um.
E como o tédio se manifesta a partir dessa situação? Quais são as consequências disso?
Por estarem o tempo todo fazendo alguma coisa, com alguém por perto controlando, as crianças ficam sem saber o que fazer quando se veem sozinhas, à toa. Cada vez mais você encontra crianças que perguntam “agora brinco do quê?, agora faço o quê?”. Mas como isso é possível, não saber o que fazer na própria casa? Crianças saudáveis do ponto de vista mental e físico se envolvem com qualquer coisa. Mas os jovens com sinais de tédio precisam de um empurrãozinho; não têm criatividade e espontaneidade, características que considero fundamentais na infância. É claro que tem aquele tédio comum, que acontece quando você está na fila do banco, no aeroporto ou em qualquer outra situação sem fazer nada. Mas tem aquele tédio existencial que é mais profundo. É um pouco exagerado falar assim, mas vejo tédio na criança quando ela não se interessa por nada e fica esperando alguém que traga ideias, que diga o que fazer.
Sempre falo para os pais: não é a vida da criança que determina a realidade familiar, mas o contrário. Se os dois trabalham, é necessário se adaptar, claro. Mas é preciso investigar o que está motivando os pais quando colocam seus filhos para fazer uma atividade. É por segurança? Competição? Expectativa? Entre os pais hoje há uma expectativa muito grande para criar os gênios do futuro, os próximos presidentes de empresas. Então, esses pais vão procurar aulas de mandarim, por exemplo, porque dizem que essa é a língua do futuro. Mas isso é uma previsão, ninguém sabe ao certo qual será a demanda para isso. Também existe uma competição entre as famílias, que não é escancarada, mas está ali. Os pais veem que o coleguinha do filho está fazendo uma atividade e logo pensam que deveriam colocar o deles para também fazer alguma coisa. Então, reforço, é preciso ver quais são os valores que estão permeando essas decisões e ficar atento às reações da criança. Tem criança que aguenta uma batelada de coisas, mas tem criança que não. É precso respeitar o limite de cada um.
E como o tédio se manifesta a partir dessa situação? Quais são as consequências disso?
Por estarem o tempo todo fazendo alguma coisa, com alguém por perto controlando, as crianças ficam sem saber o que fazer quando se veem sozinhas, à toa. Cada vez mais você encontra crianças que perguntam “agora brinco do quê?, agora faço o quê?”. Mas como isso é possível, não saber o que fazer na própria casa? Crianças saudáveis do ponto de vista mental e físico se envolvem com qualquer coisa. Mas os jovens com sinais de tédio precisam de um empurrãozinho; não têm criatividade e espontaneidade, características que considero fundamentais na infância. É claro que tem aquele tédio comum, que acontece quando você está na fila do banco, no aeroporto ou em qualquer outra situação sem fazer nada. Mas tem aquele tédio existencial que é mais profundo. É um pouco exagerado falar assim, mas vejo tédio na criança quando ela não se interessa por nada e fica esperando alguém que traga ideias, que diga o que fazer.
A criança deve então ser deixada sozinha mais vezes? Por que é importante dar esse espaço para elas?
O adulto tem de estar presente, mas estar presente não significa estar ao lado. A mãe pode estar no quarto e a criança na sala brincando. Não precisa estar junto, vigiando. Brincar é um processo que se aprende, que precisa da mediação de alguém no começo, mas depois a criança deve ser deixada sozinha para enfrentar o desafio de fazer aquilo de forma independente. Isso favorece a criatividade, a espontaneidade e também a fantasia. Para uma criança, um carrinho não é só um carrinho. Aquilo pode voar para ela. Mas dependendo de quem fizer a mediação, essa fantasia pode ir por água abaixo. Como o adulto tem a tendência de apresentar as coisas mais prontas, a possibilidade de a criança fazer suas próprias descobertas é eliminada nesse contato. E hoje tem alunos pequenos que já perderam a capacidade de fantasiar. Você mostra um bichinho de pelúcia e eles não veem nada além daquilo. Então me pergunto: para onde está indo esse encantamento? É esperado que a escola fique muito chata mesmo nesse contexto.
O adulto tem de estar presente, mas estar presente não significa estar ao lado. A mãe pode estar no quarto e a criança na sala brincando. Não precisa estar junto, vigiando. Brincar é um processo que se aprende, que precisa da mediação de alguém no começo, mas depois a criança deve ser deixada sozinha para enfrentar o desafio de fazer aquilo de forma independente. Isso favorece a criatividade, a espontaneidade e também a fantasia. Para uma criança, um carrinho não é só um carrinho. Aquilo pode voar para ela. Mas dependendo de quem fizer a mediação, essa fantasia pode ir por água abaixo. Como o adulto tem a tendência de apresentar as coisas mais prontas, a possibilidade de a criança fazer suas próprias descobertas é eliminada nesse contato. E hoje tem alunos pequenos que já perderam a capacidade de fantasiar. Você mostra um bichinho de pelúcia e eles não veem nada além daquilo. Então me pergunto: para onde está indo esse encantamento? É esperado que a escola fique muito chata mesmo nesse contexto.
Quais são os impactos desse desinteresse no desenvolvimento das crianças e, principalmente, no aprendizado?
Entrevistei uma criança que tinha uma agenda muito lotada. Conversando com seus professores, eles relataram que ela “trava”. É tanto conteúdo que ela não consegue administrar. Pode surgir também insegurança. O aluno só se expressa quando tem certeza do que está falando, o que é ruim para a sua espontaneidade. Isso está relacionado à expectativa dos pais. Ele sente essa pressão e fica com medo de falhar. Esse sentimento começa a “atropelar” o seu desenvolvimento e a coisa deixa de fluir.
Entrevistei uma criança que tinha uma agenda muito lotada. Conversando com seus professores, eles relataram que ela “trava”. É tanto conteúdo que ela não consegue administrar. Pode surgir também insegurança. O aluno só se expressa quando tem certeza do que está falando, o que é ruim para a sua espontaneidade. Isso está relacionado à expectativa dos pais. Ele sente essa pressão e fica com medo de falhar. Esse sentimento começa a “atropelar” o seu desenvolvimento e a coisa deixa de fluir.
Como essa realidade está se refletindo nas escolas? Os professores também estão superprotetores e supercontroladores?
Não sei se é um movimento dos professores, mas volta e meia ficamos sabendo de escolas que estão promovendo brincadeiras na hora do recreio. Acho triste saber que há alunos precisando de alguém para contar histórias, de alguém que ofereça materiais porque senão eles não conseguem brincar, não sabem o que fazer. Acredito que na escola deve haver momento dirigido, que acontece na sala de aula, e também o momento livre para o aluno fazer o que ele quiser, se relacionar com quem quiser, brigar com quem quiser, ficar sozinho... Isso é fundamental. Mas acredito que isso está relacionado às expectativas sociais. As escolas estão respondendo à demanda de alguns pais, que não querem pagar uma escola para deixar seus filhos “apenas” brincando. Também vejo que há uma pressão cada vez maior para que a alfabetização seja antecipada, o que é uma bobagem.
Não sei se é um movimento dos professores, mas volta e meia ficamos sabendo de escolas que estão promovendo brincadeiras na hora do recreio. Acho triste saber que há alunos precisando de alguém para contar histórias, de alguém que ofereça materiais porque senão eles não conseguem brincar, não sabem o que fazer. Acredito que na escola deve haver momento dirigido, que acontece na sala de aula, e também o momento livre para o aluno fazer o que ele quiser, se relacionar com quem quiser, brigar com quem quiser, ficar sozinho... Isso é fundamental. Mas acredito que isso está relacionado às expectativas sociais. As escolas estão respondendo à demanda de alguns pais, que não querem pagar uma escola para deixar seus filhos “apenas” brincando. Também vejo que há uma pressão cada vez maior para que a alfabetização seja antecipada, o que é uma bobagem.
Quais são as consequências de uma alfabetização antecipada?
A gente sempre brinca: quem, em uma entrevista de emprego, teve de responder com que idade foi alfabetizado? A resposta é mais uma prova de que isso não faz diferença nenhuma. Mas muitas escolas estão mudando o currículo em função dessas demandas do mercado. Os pais, por uma questão de vaidade e competição, também querem uma escola que alfabetize seus filhos aos três, quatro anos. Com isso, muitos conteúdos estão sendo antecipados, mas mais por uma cobrança social. É claro que a criança tem capacidade para aprender, mesmo nessa fase, mas me pergunto: por quê e para quê? Não faz nenhuma diferença ser alfabetizado com 4, 5, 6 ou 7 anos. Mas aquela que foi alfabetizada com 4 ou 5 anos deixou de brincar para aprender a ler e escrever. Mas se ela não brincar, não se sujar nessa fase, não vai ser no ensino fundamental que ela vai fazer isso.
A gente sempre brinca: quem, em uma entrevista de emprego, teve de responder com que idade foi alfabetizado? A resposta é mais uma prova de que isso não faz diferença nenhuma. Mas muitas escolas estão mudando o currículo em função dessas demandas do mercado. Os pais, por uma questão de vaidade e competição, também querem uma escola que alfabetize seus filhos aos três, quatro anos. Com isso, muitos conteúdos estão sendo antecipados, mas mais por uma cobrança social. É claro que a criança tem capacidade para aprender, mesmo nessa fase, mas me pergunto: por quê e para quê? Não faz nenhuma diferença ser alfabetizado com 4, 5, 6 ou 7 anos. Mas aquela que foi alfabetizada com 4 ou 5 anos deixou de brincar para aprender a ler e escrever. Mas se ela não brincar, não se sujar nessa fase, não vai ser no ensino fundamental que ela vai fazer isso.
Durante sua pesquisa, você também teve tempo de conversar com os professores. Pelo que você notou, eles também estão atentos ao problema da apatia?
Estão atentos sim. Mas vejo que na avaliação que eles fazem a respeito do problema há muitas crenças envolvidas. Muitos acham que o problema é o uso de equipamentos eletrônicos. Também tem profissionais que acham que as crianças que têm algum tipo de dificuldade são aquelas em quem você percebe mais desinteresse. Mas isso não é verdade. Não dá para pensar que a criança não se interessa tanto porque tem dificuldade ou porque ela só gosta de videogame. Falta às vezes um olhar individual para aquele aluno.
Estão atentos sim. Mas vejo que na avaliação que eles fazem a respeito do problema há muitas crenças envolvidas. Muitos acham que o problema é o uso de equipamentos eletrônicos. Também tem profissionais que acham que as crianças que têm algum tipo de dificuldade são aquelas em quem você percebe mais desinteresse. Mas isso não é verdade. Não dá para pensar que a criança não se interessa tanto porque tem dificuldade ou porque ela só gosta de videogame. Falta às vezes um olhar individual para aquele aluno.
Quais contribuições os professores podem dar para frear ou reverter o problema?
Acho que se deve começar com uma mudança de olhar para deixar de enxergar aquela criança como alguém adoecido. Depois disso, os professores devem avaliar a rotina dela e aí alertar quem está envolvido com ela. O que os pais vão fazer com a informação não dá para controlar e o professor tem de saber lidar com essa frustração. Mas o importante é nunca deixar de falar, nunca deixar de apontar. Também ressalto que é preciso ter cuidado para não creditar o problema ao excesso de televisão ou de videogame. Esse não é o caminho. Tem de olhar para aquela criança e tentar entender o que está acontecendo verdadeiramente. Em sala de aula, o professor pode orientar suas práticas para criar mais momentos de estímulo à criança que a motivem a participar mais, apresentar soluções, enfim, a se virar. Essa geração que está entrando agora no mercado de trabalho já quer as coisas prontas. Se nada mudar, vai faltar uma reação mais espontânea às demandas lá na frente.
Acho que se deve começar com uma mudança de olhar para deixar de enxergar aquela criança como alguém adoecido. Depois disso, os professores devem avaliar a rotina dela e aí alertar quem está envolvido com ela. O que os pais vão fazer com a informação não dá para controlar e o professor tem de saber lidar com essa frustração. Mas o importante é nunca deixar de falar, nunca deixar de apontar. Também ressalto que é preciso ter cuidado para não creditar o problema ao excesso de televisão ou de videogame. Esse não é o caminho. Tem de olhar para aquela criança e tentar entender o que está acontecendo verdadeiramente. Em sala de aula, o professor pode orientar suas práticas para criar mais momentos de estímulo à criança que a motivem a participar mais, apresentar soluções, enfim, a se virar. Essa geração que está entrando agora no mercado de trabalho já quer as coisas prontas. Se nada mudar, vai faltar uma reação mais espontânea às demandas lá na frente.
16 de fev. de 2012
Por que as crianças se suicidam ? Parte I e II - Dr. Luiz Carlos D. Formiga
Por que as crianças se suicidam? Parte I e II
Luiz Carlos D. Formiga
Parte I
"A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Entretanto, por que 'não se tem esse direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofri- mentos? Ao Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos Indivíduos, mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o contrário é o que se dá, como no-lo ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as vistas." Allan Kardec ("O Livro dos Espíritos", comentário à resposta da questão 957).
No dia 12 de maio de 1979 o jornal "O Globo" reuniu alguns profissionais para debater o suicídio e suas razões. A reportagem intitulada "Suicídio - uma doença social de multas causas" merece ser lida porque é matéria que nos permite inúmeras reflexões. Nela podemos observar que no Rio de Janeiro os telefones do Centro de Valorização da Vida recebem cerca de 100 ligações por dia e que em São Paulo há 30 tentativas de suicídio por dia, das quais três são fatais.
Estatística sobre o Rio de Janeiro não é mencionada. Estes números chamam a atenção de qualquer pessoa, principalmente daquelas que ou- viram Allan Kardec solicitar esclarecimentos sobre quais são, em geral, as conseqüências do suicídio sobre o estado do Espírito na questão n° 957 de "O Livro dos Espíritos". Observamos lá que as conseqüências do suicídio são muito diversas mas que urna conseqüência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento.
Os telefones 248-7171 (durante 24 horas) e 221-7723 (horário comercial) são atendidos por voluntários que basicamente apenas ouvem os desabafos dos que estão sob tensão e prontos para cometer o suicídio. Pessoas generosas diplomacias apenas em "ciência de saber escutar", ouvir pacientemente e, quando necessário, emitir alguns conselhos. Segundo Informação do engenheiro Normando Meio de Oliveira Dias, presidente da Sociedade Beneficente Vigília da Amizade, durante as festas de Na- tal, carnaval e feriados a procura é muito mais Intensa, pois as pessoas sentem-se mais sós, mais deprimidas. Outra observação feita é que durante a novela "Dancing Days", na TV Globo, quase ninguém ligava. Por isso foi considerada uma boa amiga do Centro de Valorização da Vida, uma vez que estende sua programação até de madrugada, prendendo e mantendo a pessoa ligada.
Comenta ainda o engenheiro que em São Paulo, onde o hábito de se fazer o lazer é diferente do realizado no Rio, as pessoas potencialmente estão mais protegidas, menos vulneráveis, pois lá o sen- tido de família está sempre mais presente.
A tentativa de suicídio pode ser interpretada como unia conduta destinada a produzir modificações no ambiente familiar da pessoa que executa a tentativa. Quando, na realidade, ocorre indiferença, as tentativas têm possibilidades cada vez maiores de atingir a auto-eliminação. É pertinente lembrar que a Doutrina Espírita chama atenção para o problema da indiferença humana mostrando em "O Evangelho segundo o Espiritismo" que o homem de bem (capítulo XVII) possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à Justiça. E encontra satisfação nos benefícios que derrama, nos serviços que presta, nas lágrimas que seca, nas consolações que dá aos aflitos. Re- conhecendo-se com relativa facilidade aqueles que realmente podem ser considerados como espíritas verdadeiros pela transformação moral que se lhes operou no âmago do ser, e também pelos esforços que empreendem no sentido de domar, de dominar, de vencer suas inclinações más. O verdadeiro espirita não pode ser indiferente à. dor humana. Essa indiferença geradora de problemas diversos e que foi recentemente apontada pelos alunos de uma grande Universidade brasileira, em "enquête" elaborada pelo Serviço de Orientação ao - Universitário, como uma das maiores limitações do Professor Universitário. Como se pode observar não basta o alta saber intelectual e se o desejo é de vôo mais alto é necessário lembrar que o Espírito de Verdade ensinou "ama-vos e Instrui-vos" e o verbo instruir vem em segundo lugar.
Como não se pode falar do tema em questão sem lembrar o Sociólogo Êmile Durkheim, a Professora Silvia Regina Pantoja, socióloga, comenta suas conclusões que são indispensáveis. Durkheim assevera que existem homens capazes de resistir a desgraças horríveis enquanto outros se suicidam depois de aborrecimentos ligeiros. Seria importante investigar a causa desta resistência diversa e o que contribui para essa estrutura maior ou menor. Interessante anotar que é nas épocas em que a vida é menos dura que as pessoas a abandonam com mais facilidade, o que fez o psiquiatra Miguel Chalub, outro entrevistado por "O Globo", lembrar que em situações altamente dramáticas, como nos campos de concentração, o número de suicídios é bem pequeno, o que nos faz concluir que o amor à vida a tudo supera. Analisando diversos fatores, Durkheim assevera que a taxa social dos suicídios só se pode explicar sociologicamente. É a constituição moral da sociedade que fixa em cada instante o contingente dos mortos voluntários. Os movimentos que o paciente executa e que à primeira vista parecem representar exclusivamente o seu temperamento pessoal constituem, na realidade, a continuação e o prolongamento de um estado social que manifestam exteriormente. A Socióloga Sílvia Regina Pantoja nesta oportunidade comentou que Durkheim fez uma análise do suicídio procurando desvencilhar-se de todo tipo de proposta que reúne como causas do suicídio fatores puramente extra-sociais, ou seja, aqueles que repousam na constituição orgânica e psíquica dos indivíduos ou nas condições naturais e físicas do meio ambiente. Assim é que Durkheim abandona as formas como se apresenta o suicídio nos sujeitos particulares para buscar suas causas a partir do estado dos diferentes meios sociais: família, grupos profissionais, confissão religiosa, sociedade política, etc... E, como medida metodológica, se volta depois aos indivíduos para explicar como aquelas causas gerais se individualizaram para produzir os efeitos suicidas. Ao verificar a relação entre a freqüência de suicídios e a confissão religiosa, por exemplo, constata que ela é maior entre os protestantes do que entre os católicos e judeus. Por que no catolicismo e no judaísmo os crentes estão mais preservados da autodestruição? Isto não ocorre pela natureza dos argumentos religiosos, mas pela existência de um certo número de credos e práticas comuns, tradicionais e obrigatórios a todos os adeptos que levam à constituição de uma sociedade. Conclui o pesquisador que quanto mais estes estados coletivos são numerosos e fortes, tanto mais a comunidade religiosa está fortemente integrada; tanto mais, também, é dotada de virtude preservadora. Mais uma vez pode-se observar que o esforço que é feito por grande parte dos espiritistas no Brasil no sentida de unidade, além de ser o caminho adequado é antes de mais nada uma necessidade. Observa-se que a única imposição é que não haja imposição, mas apela-se para a unificação. É pertinente lembrar que no livro "Obras Póstumas" (Allan Kardec) encontramos que o Espiritismo é uma doutrina filosófica, que tem conseqüências religiosas, como toda filosofia espiritualista; pelo que toca forçosamente nas bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a vida futura. Não é ele, porém, uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templo, e, entre os seus adeptos, nenhum tomou nem recebeu o título de sacerdote ou papa. Há uma autoridade coletiva, onde cada qual dispõe de seu voto e que nada podem sem o concurso uns dos outros. Mas todos estão de acordo acerca de princípios fundamentais, condição absoluta para sua admissão e para a de todos os co-participantes da direção. Comenta Kardec que esta autoridade deverá ser, em matéria de Espiritismo, o que é urna academia em matéria de ciência.
Quanto mais integrados os espiritistas mais fortalecida a causa que procura possibilitar maiores oportunidades de o Indivíduo modificar o seu comportamento e chegar à harmonia com a sociedade e consigo mesmo. "O Livro dos Espíritos" - Filosofia Espiritualista -, contém os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e a futura da Humanidade. Seu codificador Allan Kardec assevera ("Obras Póstumas") que é um dever gravar esta crença no espírito das massas e é um fato que essa crença é inata, pois todas as religiões a proclamam. Indaga Kardec por que então não tem dado até hoje os resultados que se deviam esperar? É que, em geral, tem sido apresentada em condições, que a razão não pode aceitar. Para que a doutrina da vida futura produza, de agora em diante, os frutos que podemos esperar, é preciso, antes de tudo, que satisfaça completamente à, razão e à, idéia que formamos da sabedoria, da justiça e da bondade de Deus; que não possa ser desmentida pela ciência; não deixe no espírito nem a dúvida, nem a incerteza; que a vida futura seja tão positiva como a presente, de que é a continuação, corno o dia seguinte o é da véspera. Na reportagem de "O Globo" o médico Fernando Marques dos Reis ensina que há vários suicídios históricos na política de Roma, lembrando o de Bruto, como está no "Júlio César", de Shakespeare, e chega até nós com Camillo Castelo Branco, Santos Dumont e Ge- túlio Vargas. Mas o grande interesse do tema, recorda o médico, está em que o suicida é, antes de tudo, o deprimido, e, como diz o Dr. Paul Lüth, estudioso de história da Medicina, "a depressão é a doença da época". Na Alemanha Ocidental, que tem 60 milhões de habitantes, suicidam-se em média 38 pessoas por semana, ou seja, cerca de 14 mil por ano. A Organização Mundial de Saúde estima em 150 milhões os deprimidos do mundo. Merece registro, como é comentado em "O Globo", que entre os mais acometidos, nesse capítulo das depressões, se acham os pastores e os psiquiatras, entre os quais as cifras de suicídio são oito vezes maiores do que no resto da população. Estas cifras parecem indicar que, em termos bem realistas, "ninguém salva ninguém e que as religiões salvadoras não se salvaram sequer".
Pode-se falar em três tipos de suicídio, segundo a visão de Durkheim. o egoísta, o altruísta e o anômico. O egoísta é aquele que resultaria de uma individuação excessiva nas sociedades onde a moral se esforça para Incutir no indivíduo a idéia de seu grande valor, fazendo que sua personalidade se sobreponha à coletiva. Deve acompanhar o processo outro constituinte que é a vaidade que na linguagem da moda seria a "inflação" da personalidade. O egoísmo é tema estudado nas obras básicas da Doutrina Espírita em diversas oportunidades, basta ver o índice analítico dessas obras. Assim Emmanuel no capitulo XI de "O Evangelho segundo o Espiritismo" ensina que o egoísmo é a chaga da Humanidade. Comenta o Instrutor que é o objetivo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem. Coragem porque é preciso mais coragem para vencer, a si mesmo do que para vencer os outros. Conclama que cada um, pois, coloque todos os seus cuidados para combatê-lo em si, porque esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias deste mundo. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à. felicidade dos homens. Allan Kardec em "O Livro dos Espíritos" apresenta-nos diversas reflexões: como destruí-lo, como obstáculo ao progresso moral, corno verdadeira chaga da sociedade. Relaciona o egoísmo à perda de pessoas amadas, à vida de Isolamento, às desigualdades sociais, às ingratidões, ao problema da fome e aos laços de família.
A visão de Durkheim nos mostra outro tipo de suicídio - o altruísta -, praticado nos meios onde o indivíduo deve abrir mão de sua personalidade e ter espírito de abnegação e entrega de si às causas coletivas. Por exemplo, o espírito militar, que exige que o indivíduo esteja desinteressado de si mesmo em função da defesa patriótica. Nesse particular a questão no 951 de "O Livro dos Espíritos" comenta que todo sacrifício feito à custa de sua própria felicidade é um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, porque é a prática da lei de caridade. Ora, a vida sendo o bem terrestre ao qual o homem atribui maior valor, aquele que a renuncia para o bem de seus semelhantes não comete um atentado: ele faz um sacrifício, Mas, antes de o cumprir, ele deve refletir se sua vida não pode ser mais útil que sua morte. Não devemos deixar de enfatizar que André Luiz, no livro "Con- duta Espírita", recomenda que o ser humano, no trabalho, deve situar em posições distintas as próprias tarefas diante da família e da profissão, da Doutrina que abraça e da coletividade a que deve servir, atendendo a todas as obrigações com o necessário equilíbrio, porque o dever, lealmente cum- prido, mantém a saúde da consciência.
Finalmente, o terceiro tipo de suicídio - o anômico -, que vem de ocorrer nos meios onde o progresso é e tem que ser rápido, levando a ambições e desejos ilimitados, O dever de progredir tira do homem a capacidade de viver dentro de situações limitadas, tira-lhe a capacidade de resignação e, por conseqüência, tem-se o aumento dos descontentes e irrequietos. Nesse particular a doutrina espírita não poderia omitir-se e em diversas oportu- nidades as suas obras básicas discutem o problema da resignação humana. Gostaríamos de lembrar apenas que no livro "Vinha de Luz", de Emmanuel, este abnegado Instrutor mais uma vez leciona com propriedade invulgar. "Jesus forneceu padrões educativos em todas as particularidades da sua passagem pelo mundo. O Evangelho no-lo apresenta nos mais diversos quadros, junto ao trabalho, à simplicidade, ao pecado, à pobreza, à alegria, à, dor, à glorificação e ao martírio. Sua atitude, em cada posição da vida, assinalou um traço novo de conduta para os aprendizes." Assinala Emmanuel que "as marcas do Cristo não são apenas as da cruz, mas também as de sua atividade na experiência comum", recordando que "a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si mesmo para o bem de todos". "Todas as realizações humanas possuem marca própria. Casas, livros, artigos, medicamentos, tudo exibe um sinal de Identificação aos olhos atentos. Se medida semelhante é aproveitada na lei de uso dos objetos transitórios, não se poderia subtrair o mesmo principio, na catalogação de tudo o que se refira à vida eterna. Jesus possui Igualmente os sinais dele." Não seria a resignação um deles?
Durkheim acredita que somente o Estado poderia intervir, o único capaz de reconstituir as relações indivíduo-sociedade. Nem mesmo a família, a religião podem fazê-lo. Para a socióloga Sílvia Regina Pantoja, somente o Estado que olhasse para os grupos profissionais, e não aquele que pri- vilegiasse a ênfase econômica. Aqui nos lembramos do capitulo "As aristocracias" - do livro "Obras Póstumas".
Em nenhum tempo ou nação, os povos dispensaram chefes, ainda mesmo no estado de selvageria. É assim porque, em razão da diversidade de aptidões e de caracteres, que se dão na espécie humana, há sempre incapazes que precisam ser dirigidos, fracos que reclamam proteção, paixões a combater: dai a necessidade de uma autoridade. Sabemos que nas sociedades primitivas a autoridade foi conferida aos chefes de família, aos anciãos, aos velhos, aos patriarcas. A força bruta a segunda aristocracia. Em seguida aaristocracia do nascimento. Elevou-se novo poder - o do ouro que foi seguido de outra mais justa - a da Inteligência. Entretanto o homem mais inteligente pode fazer mau uso das faculdades. Por outro lado, a simples moralidade pode não ter capacidade. É, pois, necessária a união da inteligência e da moralidade para haver legítima preponderância, a que a massa se submeterá, confiada em suas luzes e justiça. Será esta a última aristocracia, durável porque será animada por sentimentos de justiça e caridade. Supremacia que Allan Kardec chamou de aristocracia intelecto-moral. É por isso que a Doutrina Espírita, que em 1857. Inaugurou a era do espírito imortal, afirma que é pela educação, mais ainda do que pela instrução, que se transformará a Humanidade. O homem, que trabalha seriamente em seu melhoramento, assegura sua felicidade desde esta vida, além da satisfação da sua consciência; está livre das misérias materiais e morais, que são as conseqüências forçadas de suas imperfeições; terá calma, porque as vicissitudes não o afetarão senão de leve; terá saúde, por- que não esgotará o corpo com excessos; será rico, porque o é quem se satisfaz com o necessário; terá a paz da alma, porque não terá necessidades impossíveis; não será atormentado pela sede de honras e do supérfluo, pela febre de ambição, da inveja e do ciúme. Nós relembramos - não se suicidará.
O Psiquiatra Miguel Chalub, em "O Globo", chama a atenção para o perfil do suicida: homem, com mais de 55 anos, morador de grandes cidades, AGNÓSTICO (Agnosticismo - doutrina que afirma a impossibilidade do espírito humano de conhecer as realidades que transcendem o mundo sensível ou natural), socialmente isolado, fisicamente doente, sem antecedentes psiquiátricos e alcoólatra moderado. O perfil dos que tentam o suicídio: mulher, jovem, de boa saúde corporal, em situação de conflito evidente com o grupo familiar ou social mais imediato. As estatísticas sobre suicídio demonstram claramente que se associam positivamente ao suicídio em ordem decrescente de importância e significação as pessoas na seguinte situação: sexo masculino, idade avançada, viuvez, celibato ou divórcio, ausência de prole, residente em grande cidade, alto padrão de vida, crise econômica, consumo de álcool e droga, lar desfeito na infância e doença mental ou física. Inversamente, isto é, associam-se negativamente ao suicídio: sexo feminino, juventude, baixa densidade populacional, religião, casamento, prole numerosa, baixo padrão de vida e situação de guerra.
Ainda, o Psiquiatra Miguel Chalub acentua que o suicida não quer matar a si próprio mas alguma coisa que carrega dentro de si e que sinteticamente pode ser: a) sentimento de culpa e b) a vontade de querer matar alguém com quem se identifica. Como as restrições morais o impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim "o suicida mata uma outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda profundamente". O Psicólogo Adler e o Psicanalista Ralph fizeram comentários muito pertinentes quando disseram que todos os fracassados: neuróticos, psicóticos, criminosos, bêbados, crianças-problema, SUICIDAS, pervertidos e prostitutas dão à vida um sentido privado. Aninhado nas raízes inconscientes está sempre o grande fator que influencia a conduta consciente - o egoísmo. Um fator a mais está sempre presente, a obsessão, a influência. maléfica, intencional ou inconsciente, exercida por Espíritos Imperfeitos sobre a Humanidade encarnada, de modo prolongado. Nesse particular a Doutrina Espírita lança luz sobre o problema e a Psiquiatria parece receber essa contribuição, como se pode perceber consultando-se o "Reformador" ano 99, mês de janeiro de 1981. Na página 16 vamos encontrar o "Modelo terapêutico psiquiátrico-espírita" que o Professor Pedro de Oliveira Mundim apresentou em Mesa-Redonda no I Forum Brasileiro de Medicina da Pessoa, Presidente Prudente, São Paulo, em 18-10-1980. Assim, a obsessão pode- ria ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, graças à presença perturbadora de um ser espiritual. Vale a pena ler a descrição feita por Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns", capítulo 23.
Pergunta que nos assalta é como se sente o suicida após a desencarnação. Diversas são as obras que comentam o assunto, assim temos como exem- plo "O Martírio dos Suicidas", de Almerindo Martins de Castro, e "Memórias de um Suicida", de Yvonne A. Pereira. Por outro lado não podemos esquecer que Allan Kardec, no livro "O Céu e o Inferno" ou "A Justiça Divina segundo o Espiritismo", deixa enorme contribuição em exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à, vida espiritual e especificamente no capítulo V da segunda parte, onde cuida dos suicidas.
Parece interessante resumir que após a desencarnação, não há tribunal nem juízes para condenar o espírito, ainda que seja o mais culpado. Fica ele simplesmente diante da própria consciência, nu perante si mesmo e todos os demais, pois nada pode ser escondido no mundo espiritual, tendo o indivíduo de enfrentar suas próprias criações mentais.
Parte II
Pelo exposto podemos verificar que parece raro o encontro de suicídio em crianças. Mas ele existe? Como a criança encara o problema da morte?
Entramos num terreno que se me parece extremamente complexo e o melhor é deixar o especialista, o mestre no assunto, assumir as rédeas do pensamento. Sem sombra de dúvidas é o psicólogo o mais capacitado para esclarecer nossas dúvidas e à Psicologia Infantil está reservado importante papel no futuro da: Humanidade e é por isso que ela funciona como cadeira básica de qualquer Faculdade de Educação.
Artigo, recentemente publicado pela Psicóloga Wilma da Costa Torres, Professora Assistente do Instituto de Psicologia da UFRJ, destaca a abordagem desenvolvimentista da compreensão da morte pela criança. Apresenta e discute os resultados de pesquisas realizadas para Investigar a Influência de fatores maturacionais, cognitivos, sociais e afetivos nas etapas de conceituação da morte. Seu título - "O tema da morte na psicologia Infantil: uma revisão da literatura" - demonstra que, dentro do nossa espaço disponível, não poderemos explorá-lo adequadamente. Entretanto, é parte extraída dos capítulos 2 e 5 da tese "O conceito de morte em diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo: uma abordagem preliminar, apresentada para a obtenção do grau de mestre em Psicologia Aplicada e merece portanto mais tarde ser examinado com carinho. Por ora achamos pertinente anotar algumas conclusões. A primeira, que é apoiada em autores estrangeiros, é que "as diferenças de nível sócio-econômico têm grande importância na aquisição do conceito de morte. Segundo resultados encontrados pelos autores estrangeiros, as crianças urbanas de nível sócio-econômico mais baixo adquirem conhecimentos conceituais acerca da morte mais rapidamente do que as da classe média. O estudo da psicóloga brasileira representa o ponto de partida para a instalação da área de investigação em Tanatologia (*) no Brasil. A equipe de que faz parte prossegue na realização de uma série de investigações visando, através da obtenção de dados extraídos da realidade brasileira, prover psicólogos da área clínica, do desenvolvimento e da educação, de embasamentos teórico-práticos para a abordagem adequada do tema da morte com a criança.
Sumariando de forma muito imperfeita o assunto poderíamos dizer que a pesquisa clássica publicada sobre o assunto tinha uma casuística de 378 criança húngaras e para examinar como as crianças conceituam e lidam com a morte nas várias idades. Interpretava as idéias de morte expressas pelas crianças através de palavras ou desenhos. O autor encontrou evidências para a existência de três etapas diversas. Até 5 anos, não há noção de morte definitiva, a criança não reconhece que a morte envolve total cessação da vida e não compreende a não reversibilidade da morte. A segunda (entre 5 e 9 anos), caracteriza-se por uma forte tendência a personificar a morte. É compreendida como irreversível, porém não como Inevitável. Somente na terceira etapa (9 e 10 anos), a criança reconhece a morte como cessação elas atividadesdo corpo e como inevitável. E, somente na adolescência, estes são verdadeiramente capazes de apreenderem o conceito de morte bem como o significado da vida.
Trabalhos posteriores trouxeram novas divisões segundo a faixa etária e um autor de língua inglesa coloca crianças entre 9 e 10 anos numa terceira fase, onde a morte é definitiva, mas a morte funciona biologicamente, acreditando que podem ver, ouvir ou sentir. Na quarta categoria (entre 6 e 12 anos), a morte é definitiva e implica a cessação de todas as funções biológicas; as crianças classificadas nesta categoria expressam conceitos realistas sobre a morte. Assim, é possível entre 5 e 12 anos perceber a morte como final e irreversível.
Muito interessante as conclusões de Gessei e colaboradores que descrevem as crianças de 10 anos como mais positivas e práticas na abordagem da morte. Sabem que depois da morte, com o tempo, o corpo se desintegra ou se mumifica, mas não dedicam maior reflexão a este assunto. Aos 11 anos "teorizam" sobre o que sucede depoisda morte. Aos 12 anos revelam preocupação sobre a natureza da outra vida. Aos 13 anos a especulação cresce, mas a sua morte é vista como distante de um futuro imediato. Aos 14 anos, unia das tendências mais fortes é a de assinalar a inevitabilidade da morte, o que, entretanto, é acompanhada de uma aceitação positiva; nesta fase a vida é mais importante que a morte e as crianças revelam o desejo de viver uma vida plena antes de morrer.
Noutro trabalho, de não menos importância, realizado com crianças inglesas podem identificar-se5 (cinco) categorias para o significado da morte. O nível mais baixo, categoria A - revela ignorância completa, B - algum grau de compreensão, C - compreensão (define morto como negação de vivo), D - compreensão dos aspectos mais abstratos, E (nível mais alto) - compreensão dos aspectos lógicos ou biológicos da morte. A idade de 7 e 8 anos aparece, nessa investigação, como um marco de mudança (categoria C). A idade média das crianças na categoria B foi de 5 anos e meio, e, a assimilação completa (nível E) só surgiu em torno dos 12 anos.
Piaget considera que a partir do momento em que a criança se torna consciente da diferença entre vida e morte, a idéia de morte incentiva a curiosidade da criança, pois, se tudo é acasalado a um motivo, a morte exige uma explicação especial. Sylvia Anthony, aprofundando as considerações de Piaget, assevera que ao estabelecer a relação entre morte e Humanidade como uma categoria na qual ela própria está logicamente Incluída, atinge o máximo de desenvolvimento.
No Brasil, Rio de Janeiro, a Psicóloga Wilma Torres e colaboradores examinaram 183 crianças entre 4 e 13 anos de idade e seus resultados pare- cem confirmar e ampliar os de pesquisadores estrangeiros. Permitiram, seus resultados, identificar três níveis do conceito de morte descritivos do pensamento das crianças dos diferentes períodos de desenvolvimento cognitivo. No nível 1, característico do subperíodo pré-operacional, atribuem vida ao morto. No nível 2, característico do sub-período operacional concreto, já compreendem a morte como definitiva e no nível 3, característico do período formal, reconhecem a morte como processo interno, implicando a cessação da vida do corpo.
É pertinente relembrar que as crianças urbanas de nível sócio-econômico mais baixo adquirem conhecimentos conceituais acerca da morte mais rapidamente do que as da classe média.
Gostaríamos de perguntar se esta mesma criança é a que procura o suicídio. Quais as causas? Talvez aqui devêssemos procurar um Professor Titular de Pediatria de uma Faculdade de Medicina, no Brasil. O "Jornal de Pediatria", em seu volume 43 em 1977, publicou trabalho do Professor Samuel Schvartsman. Na sua casuística e métodos observamos que foram estudados 21 casos de tentativas de suicídio em crianças de 9 a 14 anos de idade, por ingestão de produtos químicos. Após o atendimento médico eram feitos um estudo das condições e circunstâncias sócio-familiares do paciente, que pudessem estar relacionadas direta ou indiretamente com o evento, e uma análise dos fatores que pudessem permitir a distinção entre a encenação suicida e a verdadeira tentativa de suicídio. Este trabalho se reveste de grande importância para diversos profissionais uma vez que as tentativas de suicídio representam atualmente urna situação preocupante nas estatísticas de morbidade e mortalidade. Nos Estados Unidos - cita como exemplo o pediatra de São Paulo - o suicídio é considerado como a 4a causa mais freqüente de óbitosentre os adolescentes.
O trabalho brasileiro examina os principais dados relativos ao paciente e suas condições sócio-familiares: nome, idade, sexo, cor, maturidade, local do acidente, escolaridade, profissão do pai e da mãe, número de irmãos, tentativas anteriores, comunicação do intento, comunicação com outros, planejamento, objetivo primordial, ambiente reativo, repetição se possível, perfil psicológico e religião.
Vamos começar pelo fim apenas porque no trabalho original o autor não o discute. Foram encontradas 9 crianças católicas, 2 adventistas, 2 crentes e em 8 oportunidades não se pôde determinar a religião. Estes resultados estão em aparente contradição aos referidos anteriormente onde discutimos a prevalência maior entre os protestantes, embora aqueles dados tenham sido retirados de casos de suicídio entre adultos. Por outro lado merece investigação o fato de em 8 oportunidades não ter sido possível definir a religião do paciente ou de seu grupo familiar, uma vez que os sociólogos afirmam que tanto mais a comunidade religiosa está fortemente integrada, tanto mais, também, está dotada de virtude preservadora.
O perfil psicológico das crianças revela na grande maioria - INSEGURANÇA. O objetivo primordial - a MORTE. A maioria repetiria a tentativa, embora esta não tenha sido planejada. Não comunicaram o intento, o ambiente não era reativo, não houve tentativas anteriores e o local principal foi o quarto. Dentre os fatores sócio-familiares relacionados de algum modo com a tentativa e as circunstâncias que poderiam ser consideradas como precipitantes, destacam-se o alcoolismo dos pais em 6 oportunidades, o seu mau relacionamento em 5 e sua ausência em 3. A circunstância mais relacionada como precipitante foi a desavença familiar. Os autores discutem a infreqüência de suicídios em crianças com menos de 14 anos de idade em outras localidades, achando de difícil explicação o fato de 19 (90,5%) das crianças em São Paulo estarem entre 9 e 12 anos. Admitem os pesquisadores brasileiros que a intensidade e persistência de condições sócio-familiares desfavoráveis geraram uma precocidade do amadurecimento no sentido depressivo ou da necessidade de atenção ou afeto. Na amostragem cerca de 62% das mães (13 casos) tinham atividades profissionais diurnas fora de casa e, usualmente, seus filhos menores ficavam apenas sob vigilância do mais velho. Ressaltam os autores que existe a possibilidade de amostragem falseada, uma vez que em famílias de nível sócio-econômico superior estes casos são geralmente, e na medida do possível, pouco divulgados ou diagnosticados de maneira confusa ou inadequada. Ao contrário do que pudemos observar em adultos, em outros trabalhos, houve preponderância do sexo feminino. Aqui merece atenção a observação de que se precocemente reconhecidos pela família ou diagnosticados pelo pediatra é possível alterar evidentemente a seqüência de eventos. São os seguintes: tédio, inquietude, fadiga, preocupação corporal, dificuldades de concentração, dificuldades escolares e comportamento agressivo. Conclusão que parece discutível é a do fato de a criança não procurar a morte como diz fazê-lo. O que se reflete na dificuldade em definir ou caracterizá-la, o que não ocorreria com o adulto.
Como tentativas de suicídio são relacionadas a certos tipos de estruturas familiares e condições ambientais, que, em geral os pais ou parentes são hostis à criança ou entre si, sua finalidade seria a modificação destas situações. O suicida visa não apenas recuperar o objeto perdido, como recuperar o afeto e a atenção das pessoas significativas de seu meio ambiente. A procura de afeto é também, de certa forma, enfatizada pela freqüência relativamente pequena de tentativas de suicídio no filho único, possivelmente porque a capacidade afetiva dos pais seja suficientemente grande para compensar outras dificuldades. Dos casos estudados pelos autores brasileiros apenas um era filho único, enquanto 14 tinham de 4 a 8 irmãos.
O espiritista não pode ficar indiferente a essa problemática. No momento em que temos uma Campanha Permanente de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil é necessário que debates sobre problemas diversos da criança sejam realizados de forma a que possamos melhor adequar essa atividade pedagógica. Muito se poderá fazer, entretanto, nessa hora de decisão "é impraticável" o aprimoramento das almas sem educação, e educação exige legiões de cooperadores. Esquecer a infância e a juventude será desprezar o futuro". É por isso que Bezerra de Menezes ("Reformador" - junho/1978) afirma que "ninguém pode empreender tarefas nobilitantes, com as vistas voltadas para a Era Melhor da Humanidade, sem vigoroso empenho de educação evangélica da criança". E Francisco Spineli, no livro "Crestomatia da Imortalidade", assevera que a criança ainda é o sorriso do futuro na face do presente. Evangelizá-la é, pois, espiritualizar o porvir, legando-lhe a lição clara e pura do ensinamento cristão, a fim de que, verdadeiramente, viva o Cristo nas gerações de amanhã. Evangelizá-la de modo que a sua fé, a fé raciocinada, possa apoiar-se nos fatos e na lógica, sem deixar nenhuma obscuridade. Só dessa forma a criatura terá certeza. E ninguém terá certeza se não atingir, pelo menos, o 2.0 nível da taxonomia dos objetivos educacionais segundo Bloom. Porque "a fé necessita de uma base, base que é a Inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E para crer não basta ver, é preciso, sobretudo compreender". Os estudos realizados, pelos pesquisadores das causas do suicídio adulto e infantil, revelam a propriedade e atualidade das palavras de Marta da Anunciação (Depoimentos Vivos):
"Acima de todas as coisas, o amor que observa e corrige, que acompanha e educa, que disciplina e consola, porquanto, sem dúvida alguma, não há método pedagógico de educação melhor do que o AMOR honrado, constante e firme."
Textos correlatos podem ser encontrados em artigos do NEURJ
Referencias Bibliográficas
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- Kardec, A. O Livro dos Espíritos, 54a ed. FEB, RJ, 1981.
- Kardec, A. O Livro dos Médiuns, 44a, ed. FEB, RJ, 1981.
- Kardec, A. Obras Póstumas, 18a ed. FEB, RJ, 1981.
- Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo, 82a ed. FEB, RJ, 1981.
- Kardec, A. O Céu e o Inferno, 26a ed. FEB, RJ, 1979.
- Schwartsmam, S.; Fonseca, M.E.Q.; Manissadjian, A. & Unti, M. Aspectos médico-sociais das tentativas de suicídio de crianças por ingestão de produtos químicos, J. Ped., 43: 152-156, 1977.
- Suicídio - uma doença social de muitas causas. O Globo, 12-5-1979.
- Mundim, P. O Modelo Terapéutico psiquiátrico-Espírita,Reformador, 1.822 (janeiro): 16-21, 1981
- Torres, W.C. O tema da morte na psicologia lnfantil: uma revisão da literatura,Arq. Bras. Psic., 32: 59-71, 1980. (Tese de Mestrado)
- Vieira, W. Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz, 8a ed. FEB, RJ, 1981.
- Xavier, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, 6a ed. FEB, RJ, 1981.
Reformador, 99(1833): 387-392, dezembro, 1981
Republicado no Jornal espírita (SP), novembro, 1984,
com o título: por que as crianças se suicidam?
Republicado no Jornal espírita (SP), novembro, 1984,
com o título: por que as crianças se suicidam?
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