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10 de mai. de 2013

Aula 9.1 - Karl Marx e a Educação

Para Marx, a história da humanidade é permeada pelas lutas de classes, afirmando o caráter social dessas construções e passíveis de serem transformadas pelas ações dos homens não podendo ser eternizadas. Para isso, os homens deveriam de estar conscientes do processo de alienação e essa necessidade de luta o que deveria em parte ser feito pela educação, de forma a promover a emancipação humana.

Karl Marx enxergou além das aparências o sistema capitalista se comporta por dentro e a sua necessidade de sua superação, o que o torna sempre atual.
Seu pensamento influenciou não só a economia, mas a filosofia, a sociologia, a história, etc. além de ter influenciado a formação do ideário esquerdista de diversos países.

Marx ao explicar o mundo materialista da produção do trabalho afeta ao mundo da consciência, as representações, o conhecimento e as crenças.

Para ele a consciência está diretamente ligada às condições materiais de vida, a qual aparece de forma invertida numa falsa consciência, conforme Marx denominou, os homens são incapazes de captar a essência das relações.

Em cada sociedade há a divisão do trabalho, estabelecendo onde cada indivíduo irá atuar, como vai viver, trabalhar e agir.

Na sociedade capitalista a divisão do trabalho põe de um lado, os que detém os meios de produção e de outro os que oferecem sua mão de obra, seu trabalho para os proprietários dos meios de produção em troca de um salário.

São os burgueses e os proletários

Burgueses - Cidadãos no uso de privilégios especiais.
Pessoas que pertencem à classe média ou dirigente (por oposição à classe dos operários e camponeses)

Proletários - Proletário é uma classe social dentro do Capitalismo que trabalha com os instrumentos de outra pessoa, isso é, destituídos dos meios de produção, eles possuem a penas a venda de sua força de trabalho para sobreviverem. Substantivo derivado de prole (muitos filhos).

Muito embora essa relação pareça justa, Marx demonstrou que nem sempre essa relação tinha um saldo positivo para ambas as partes, uma vez que o processo de divisão do trabalho e apropriação dos meios de produção nunca foi justo. O fato de pensarmos estas relações como normais ou próprias do gênero humano é meramente uma ideia inculcada pela classe dominante.

A burguesia além de possuir os meios de produção comprava a força de trabalho por um valor sempre muito menor do que o proletário produz, ou seja, a extração da mais-valia.

Mais-Valia - Na doutrina marxista, a remuneração do capitalista, consequência de uma espoliação dos trabalhadores assalariados, que, em troca de sua força de trabalho, recebem apenas o valor das mercadorias e serviços indispensáveis à sua subsistência. (A diferença entre o valor dos bens produzidos e os salários recebidos constitui a "mais-valia", de que se apropriam os capitalistas.)

A burguesia com esse sistema faz com que a sociedade acredite que o capitalismo é o única possibilidade possível, pois sempre esteve presente na humanidade e ainda é a melhor maneira de conduzi-la.

Para chegar à essa conclusão, Marx procurou entender o funcionamento da educação no modo de produção capitalista, observando como as escolas inglesas funcionavam e constatou a precariedade do ensino, a insalubridade do ambiente de estudo, a incapacidade docente em lidar com os alunos, enfim, às péssimas condições à que os alunos enfrentavam. 

3 de abr. de 2013

Aula 9 - Texto apoio - Karl Marx - O Filósofo da Revolução

O pensador alemão, um dos mais influentes de todos os tempos, investigou a mecânica do capitalismo e previu que o sistema seria superado pela emancipação dos trabalhadores

Márcio Ferrari (novaescola@atleitor.com.br)


Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. "Cabe agora transformá-lo", concluía. Coerentemente com essa ideia, durante sua vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária, criando um dos sistemas de idéias mais influentes da história.
Direta ou indiretamente, a obra do filósofo alemão originou várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade. "A educação, para Marx, participa do processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo", diz Leandro Konder, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
No século 20, o pensamento de Marx foi submetido a numerosas interpretações, agrupadas sob a classificação de "marxismo". Algumas sustentaram regimes políticos duradouros, como o comunismo soviético (1917-1991) e o chinês (em vigor desde 1949). Muitos governos comunistas entraram em colapso, por oposição popular, nas décadas de 1980 e 1990. Em recente pesquisa da rádio BBC, que mobilizou grande parte da imprensa inglesa, Marx foi eleito o filósofo mais importante de todos os tempos.

Na base do pensamento de Marx está a idéia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado.

O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes (feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central. "O moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor, uma sociedade com o capitalista industrial", escreveu Marx.

A obra de Marx reúne uma grande variedade de textos: reflexões curtas sobre questões políticas imediatas, estudos históricos, escritos militantes – como O Manifesto Comunista, parceria com Friedrich Engels – e trabalhos de grande fôlego, como sua obra-prima, O Capital, que só teve o primeiro de quatro volumes lançado antes de sua morte. A complexidade da obra de Marx, com suas constantes autocríticas e correções de rota, é responsável, em parte, pela variedade de interpretações feitas por seus seguidores.

Trabalho e alienação

Em O Capital, Marx realiza uma investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. Para Marx, as estruturas sociais e a própria organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo. Por isso, para o pensador, a idéia de revolução deve implicar mudanças radicais e globais, que rompam com todos os instrumentos de dominação da burguesia.

Marx abordou as relações capitalistas como fenômeno histórico, mutável e contraditório, trazendo em si impulsos de ruptura. Um desses impulsos resulta do processo de alienação a que o trabalhador é submetido, segundo o pensador. Por causa da divisão do trabalho – característica do industrialismo, em que cabe a cada um apenas uma pequena etapa da produção –, o empregado se aliena do processo total.

Além disso, o retorno da produção de cada homem é uma quantia de dinheiro, que, por sua vez, será trocada por produtos. O comércio seria uma engrenagem de trocas em que tudo – do trabalho ao dinheiro, das máquinas ao salário – tem valor de mercadoria, multiplicando o aspecto alienante.
Por outro lado, esse processo se dá à custa da concentração da propriedade por aqueles que empregam a mão-de-obra em troca de salário. As necessidades dos trabalhadores os levarão a buscar produtos fora de seu alcance. Isso os pressiona a querer romper com a própria alienação.
Um dos objetivos da revolução prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase no pensamento marxista. "A superação da alienação e da expropriação intelectual já está sendo feita, segundo Marx", diz Leandro Konder. "O processo atual se aceleraria com a revolução proletária para alcançar, afinal, as metas maiores na sociedade comunista."

Aprendizado para a mente, o corpo e as mãos

Marx aprovava ensino nas fábricas. Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações "de partido ou de classe". Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião.
Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para o trabalho.
O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência "profissionalizante", que levava as escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o exercício de determinada função.
Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de "onilateral" (múltipla), difere da visão de educação "integral" porque esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhada pela escola, mas por "outros adultos".
O filósofo não chegou a fazer uma análise profunda da educação com base na teoria que ajudou a criar. Isso ficou para seguidores como o italiano Antonio Gramsci (1891-1937), o ucraniano Anton Makarenko (1888-1939) e a russa Nadia Krupskaia (1869-1939).

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