Vai passar nessa avenida um samba popular/ Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar/Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais/Que aqui sangraram pelos nossos pés/Que aqui sambaram nossos ancestrais...
Comecei explicando à ele que o carnaval que a gente conhece começou no Entrudo, que era uma festa muito antiga (medieval), também chamada de festas dos Loucos de Paris (quem já viu o Corcunda de Notre Dame ou já leu o livro, saberá bem do que estou falando.).Estas eram as festas pagãs, de homens e mulheres livres, ciganos, prostitutas, bêbados, loucos e boêmios. Destas Festas dos Loucos, nasceram os cordões vermelhos e verdes, surgindo mais adiante o cordão azul, até hoje presentes nos autos populares do folclore brasileiro. Nestas festas do entrudo, que aconteciam, mais ou menos 40 dias antes da páscoa, eram regadas à vinho, farras, arremessos de restos de comida e dejetos humanos e de animais.
O Carnaval é trazido para o Brasil pelos portugueses. Entre os ricos, eram festas que aconteciam nos salões, nos teatros, nos bailes de máscaras organizados pela aristocracia eram inspirados no Carnaval de Veneza e da França (os bailes de máscaras - lembrou-se de Romeu e Julieta?!).
Mesmo no tempo de minha mãe as coisas não tinham o sentido sensulíssimo esbanjador que se tem hoje. Quando eu era criança já havia fotos quase pornográficas nas revistas especializadas em bailes de carnaval. Uma lástima!!!! Quase não há mais sambas-enredos inteligentes que denunciem ou faça com que o povo reflita sobre sua própria condição social.
Para que o sentido da alegria carnavalesca não dure apenas nas festas de Momo (outro costume nos deixado pelos Loucos de Paris, o rei dos loucos), a história e o porquê do carnaval devem ser enfatizados como elementos propícios à quebra de gelo, à integração e um início de ano letivo propício ao debate e a alegria de estudar e aprender.Chico Buarque
Composição: Chico Buarque e Francis Hime
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída/sem perceber que era subtraída / Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente/ levavam pedras feito penitentes/ Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz / Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval, o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos / O bloco dos napoleões retintos/e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar / A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, o lelê,
ai que vida boa, o lalá
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, o lelê,ai que vida boa, o lalá
O estandarte do sanatório geral
vai passar....