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27 de mar. de 2008

Afinal, somos apenas outro tijolo no muro...


Esta semana deixei fluir minha alma roqueira-reflexiva para lavrar algumas idéias pedagógicas sobre as formas de educação durante boa parte do século XX, antes (e mesmo bastante tempo depois) dos mais importantes estudos pedagógicos e psico-sociológicos já cientificamente comprovados.

Estava revendo o clássico filme The Wall de Alan Parker e Roger Waters (Pink Floyd). Lembro-me da primeira vez que o vi e, tal como na música tema, Another brick in the wall, lembro-me de alguns professores de minha vida escolar: como as relações entre professores e alunos podiam ser tão distantes? Eu e muitos colegas, tal como o protagonista Pink, também tivemos nossos poemas e redações ridicularizados na sala de aula (isso no Brasil dos anos 80 onde a recém descoberta teoria construtivista estava anos-luz das escolas públicas) não havia diálogo, mas gritos de "ô diabo!" ou a crescente incapacidade de ter a profissão (missão) professor como algo mais do que sobreviver.

O engraçado é que ainda hoje, com todas as teorias educacionais, inovadoras propostas pedagógicas e revolucionárias técnicas didáticas, encontro relatos desse tipo. Professores inconformados com sua função que encontram na escola apenas uma fonte insuficiente ou temporária de recursos financeiros, fazendo com que seus alunos sejam alvo de sua ira e frustração por não conseguirem atingir suas metas sonhadas.

Em pleno século XXI encontramos alunos amordaçados pelo medo de dizer o que pensam. Algemados na imobilidade condicionante de uma desconfortável carteira, sem atividades extra-classe ou mesmo de uma aula ao ar livre, recursos interessantes que poderiam proporcionar enriquecedores momentos de aprendizagem para ambos - professores e alunos - porém, me esqueci, estamos falando de professores que mal disfarçam seu desgosto por suas próprias vidas, presos às pesadas bigornas do cumprimento ipsis literis de seu currículo, no cansativo cuspe e giz que faz muita gente dormir sono pesado.

E para quem pensa que eles estão apenas nas salas da Educação Básica, se enganou. Alguns desses baluartes da educação estão respeitosamente sentados nas grandes mesas das universidades federais, estaduais e particulares, usando a armadura reluzente de seus títulos empoeirados de stricto e lato sensu, desrespeitando o livre pensamento e a capacidade de aprendizagem de seus graduandos. São senhores e senhoras sinistros, de linguagem complexa e erudita que, se bem analisada, não passa da simples constatação do óbvio.

Ao verem um aluno trazer uma experiência ou um questionamento proveniente de uma observação própria, esses senhores do saber se põem a rechaçar a questão e o ato questionador do aluno. Se este apresenta um argumento plausível, emaranham-se em explicações complexas e verborrágicas, onde dão por encerradas qualquer sombra de razão à questão, vindo mais tarde promover suas teses e fabulosos artigos em cima deste ou daquele questionamento formulados por seus pupilos. Muito conveniente, não?

Claro que nem todos os professores, sejam eles de Educação Básica ou de Ensino Superior adotam essa conduta sarcástica. Muitos são verdadeiros representantes da educação libertadora que sonhamos, empenham-se ao máximo para trazerem às salas de aula, elementos enriquecedores, atuais, práticos e inovadores que tragam, à um só tempo, liberdade de exprimir as idéias de acordo com o seu próprio entendimento, por sua visão de mundo, em diálogos e trocas de informações com outros colegas. Esses educadores não revolucionam só o saber de sua disciplina em si, antes promovem a inovação e o interesse destes educandos no curso como um todo.

No entanto, minha análise parte do pressuposto de que os senhores do saber são os que melhores colocações têm nas diversas universidades e escolas, posto que com seus títulos e sua fluência verborrágica, conseguem iludir aos coordenadores e diretores dessas IE´s. Não, não quero crer que tudo esteja baseado no mesquinho jogo de interesses, onde só haja a contratação desses detentores do saber, em nome de uma pseudo-seriedade de suas instituíções.

Não. Prefiro acreditar que os educadores de fato estão saindo da educação por pura falta de oportunidades... quem ama ensinar, ensina por qualquer salário acima do mínimo (R$450, 00 não dá para nada, não é?) ou mesmo porque perderam a esperança no sistema educacional brasileiro.

Entretanto, a questão continua não sendo o salário (se pago) e sim a crescente falta de colocação dos bons professores no mercado. Tal como nossos alunos, estamos acuados, sendo silenciados e brutalmente condenados a implodir o muro de nossos próprios ideais.
Um abraço aos educadores do Brasil

Semíramis

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