Analisando os escritos de Spinoza vê-se claramente que não é possível criar rotas de aprendizagem a partir das concepções de que educar é preencher lacunas. O resultado do estabelecimento prévio de conteúdos (consideração única do currículo oficial), da produção de materiais explicadores (objetos de aprendizagem pré-definidos), de determinada utilização do espaço com conhecida pré-disposição de corpos (um atrás do outro olhando para a única fonte de saber) e da realização de avaliações de saberes adquiridos que desenham o caminho certo por meio do qual ocorrerá a passagem de conhecimentos aos alunos, só produz experiências tristes, vazias de significado e distanciadoras do pensamento próprio e da própria potência.
Não há método que conceda a ninguém a capacidade de fazer por nós o experimento brando e custoso que é aprender, desaprender e reaprender. Uma alternativa seriam os encontros potencializados entre corpos, alegrias, situações e saberes alheios que poderiam inspirar e voltar a nossa atenção para nossas próprias forças/potências.
O trabalho em grupo, em equipe, em times ou ainda com o termo que você preferir, mas que se refira a algum tipo de condição de aprendizagem colaborativa e interativa. Seria um esforço desejado pelo educador para que os aprendizes vivenciassem, igualmente e colaborativamente, as potências que lhe são próprias.
Se compreendermos o pensar como encontro e não como consequência da aplicação de métodos, seu ensino implicaria na preparação de condições que favoreçam esse encontro. As NTIC (novas tecnologias de informação e comunicação) podem servir como instrumentos facilitadores dos encontros de potências a partir das condições apropriadas trazidas por elas.
Um bom exemplo seria a utilização de recursos digitais que estendem o encontro de aprendizagem para além da sala de aula presencial assim como podemos encontrar no Edmodo (ferramenta digital de rede social educativa).
O professor tecedor de saberes e fazeres tem, na sociedade em rede, recursos impensáveis e quase que inesgotáveis para, no campo do modo, do método, do “como”, parir espaços e encontros onde as diversas individualidades e os diversos desejos possam interagir, tecer conhecimentos e eclodir em suas próprias potências.
No próximo e último escrito dessas reflexões spinozanas sobre a educação, fomentaremos o seu pensar sobre o terceiro mito. O mito da finalidade da educação. Para que educar?
Prof. Sandro Ribeiro – novembro de 2016.
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