O Ato Docente na Construção Social – Preparando os Profissionais do Amanhã - Semíramis F. Alencar Moreira (especialista em Docência de Ens. Superior pela UNESA)
Ser professor não é ser somente um repassador de conhecimentos. É ser um formador de opinião. No Ensino Superior, esta função se aprofunda, pois se transforma num elo entre a Instituição de Ensino e os graduandos.
Os graduandos, provenientes de diversas camadas sociais, trazem consigo uma bagagem cultural extensa, suas visões de mundo, muitas vezes parciais ou distorcidas, o que seriam de suma importância se trabalhadas em sala, dentro de cada carreira.
A universidade hoje deveria estar intimamente inserida na realidade social como um órgão capaz de orientar, instruir e transformar a sociedade, seguindo o impulso primeiro que levou a Universidade de Berlim, no início do século XIX, a incrementar a cultura a fim de garantir à nação alemã, o contato como desenvolvimento internacional.
Com seus órgãos de extensão, a universidade aproxima os diversos grupos sociais do conhecimento, despertando nos indivíduos o desejo de aprender e de se libertar das amarras históricas de frustração e descaso que a elite, por séculos, o excluiu.
Por trás de um discurso fabuloso, de neutralidade e imparcialidade, o que é visto muitas vezes é o protecionismo e a falta de comprometimento com a educação. O tempo é de mudança de engajamento com o futuro e com as gerações de profissionais que se seguirão, cônscios ou não, das reais responsabilidades de seus cargos. Este comprometimento começa na universidade.
A universidade, tanto na pesquisa, no ensino e na extensão, deve estar apta a formar indivíduos para a vida, para atuarem como agentes transformadores de sua sociedade e ao mesmo tempo serem agentes curadores de suas tradições e de sua cultura, como Goergen ressalta neste trecho:
“Não se trata de negar o sentido ou a necessidade da extensão universitária nem de agregar às tradicionais atividades de ensino e pesquisa algo como um polimento cultural ou ético, mas de assumir um novo conceito, ampliado de racionalidade.”
A educação, se pautada por estes valores, encontrarão a democracia e o desenvolvimento ligados por diversas razões fundamentais. Em primeiro lugar, porque a democracia proporciona a única solução suscetível de conciliar, a longo prazo, os interesses étnicos, religiosos e culturais antagônicos, minimizando o risco de conflitos internos violentos.
Acresce que a democracia é, por definição, um modo de funcionamento do Estado que, por sua vez, influi em todos os aspectos dos esforços em prol do desenvolvimento. Sendo um direito fundamental da pessoa humana, seu avanço é uma importante medida do desenvolvimento. A participação dos indivíduos na tomada de decisões sobre sua existência é um princípio essencial do desenvolvimento.
Assim a Universidade e o docente de nível superior passam a ter um importante papel na formação dos indivíduos mais atuantes socialmente, na construção do processo democrático dentro das unidades de ensino. Cabe destacar que, para que o educador forneça estes subsídios deve ele estar ciente de que a educação é um processo social e político, econômico e cultural.
Nas palavras de Freire, destaca-se o seguinte ponto:
“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo(...) Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. (...) Sou professor a favor da decência contra o despudor. A favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. ” (1996:102, 103).
No entanto, não é o que vem acontecendo. Todos os anos as entidades de nível superior formam especialistas teóricos, sem nenhuma criticidade ou habilidade em sua carreira. Ao que parece, o papel da universidade termina quando conseguiu, finalmente, diplomar seu alunado.
Mercantilistamente, a cada ano, administradores de empresas, advogados, professores, médicos, engenheiros, etc. são encaminhados à seus ofícios sem ter a menor idéia do que fazerna prática, uma vez que, no mundo real, sem teorias ou pensamentos utópicos, os processos cotidianos nem sempre são tão simples que se possa recorrer a um manual. Ainda, nos dizeres de Goergen:
“A universidade deveria sentir-se menos tranqüila ante a desastrosa formação ética, cultural, estética e cidadã daqueles que orgulhosamente diploma todos os anos.”(2001:10).
Culpados? Nem alunos, nem professores, nem a sociedade capitalista decadente. Nem mesmo a universidade que mascara a incapacidade de seus docentes com o rótulo de “tradição” ou de ensino não-ideológico. A educação é um ato político, democrático, artístico, social, cultural, ideológico, muitas vezes utópico, é bem verdade, mas que deveria de visar a formação ética tanto de professores quanto dos alunos.
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