Na ânsia de se fazer entender e alcançar os resultados o mais rápido possível, deixamos para trás um universo de possibilidades humanas.
Recentemente conversava com um amigo, professor de educação física e instrutor de academia sobre o distanciamento das pessoas das questões afetivas, essencialmente sobre a incapacidade das pessoas em se entregar à novas descobertas e à novos contatos.
"Há pessoas que chegam numa academia e sequer são capazes de um sorriso, um bom dia! - dizia ele - Não conversam sobre nada além da própria prática de exercícios e os resultados. Há anos têm alunos que chegam e eu se quer sei quem eles são, senão pelo primeiro nome, fico chateado com isso pois a vida deveria de ser mais do que isso.".
Será que estamos nos embrutecendo? onde está aquela camaradagem, o coleguismo e as relações fraternas que costumávamos ter uns com os outros. Antigamente (quando o máximo de tecnologia que possuíamos era um Tk 83 e os jogos de Atari) as pessoas eram mais solidárias. Costumavam fazer amizade com o vizinho da porta ao lado, com o padeiro, com o jornaleiro, com todos que dirá com os colegas de escola ou academia ou seus professores. Hoje tudo está tão pasteurizado, começo a acreditar que trocaram o ser pelo ter - antes você poderia ser uma pessoa legal - hoje você precisa de ter uma posição social legal.
Com o avanço das tecnologias, onde tudo poderia contribuir para a maior interação e mesmo maior aquisição de conhecimento, se tornou apenas mais um meio de se abstrair da realidade. Não assumimos que, por mais conhecimento que adquiramos, sem o contato com as sensações e anseios do outro dificilmente nossa capacidade de aprender e construir conhecimento estará plenamente completa. Por mais integrados que estamos às ferramentas e aos recursos digitais, sem o contato humano, sem a voz de nosso interlocutor, seu olhar e seu jeito de ser, não passamos de cópias de máquinas, destituídos de sentimentos e preocupações sociais.
O maior desafio do ser humano é se manter humano perante as relações, pois isso é o que nos caracterizam humanos - seres em constante comunicação uns com outros, aprendendo sempre, nesta teia de relações que é a vida.
Abraços Fraternos,
Semíramis Alencar
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