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6 de jun. de 2014

Por que pobreza? Educação, educação (China)

Olá amigos
Ontem eu estava vendo esse documentário "Por que pobreza? -  educação, educação" que retrata a educação superior na China. 
Fiquei chocada como um dos países mais ricos do mundo, mesmo com uma política comunista não consegue prover educação superior pública e gratuita aos seus educandos, deixando-os à mercê de instituições fraudulentas que apenas "tomam" dinheiro dos alunos mais pobres sob a promessa de se formarem em uma universidade e assim garantir um lugar no mercado de trabalho -  o que não acontece e muitos ficam sem o dinheiro e sem o diploma. 
O documentário mostra ainda como é difícil para os chineses conseguirem trabalho, mesmo com ensino superior, a taxa de desemprego entre os jovens é muito alta e ao mesmo tempo a mãe de obra é desqualificada (mesmo a dos jovens que se formaram em uma universidade).
Espero que vocês gostem desse viés social das relações entre educação, pobreza, ensino a distância e compromisso.
Semíramis

28 de mai. de 2013

Durkheim e a Educação

Èmile Durkheim viveu num período em que a sociedade estava inteiramente ligada às transformações sociais advindas da Revolução Industrial.

Tais transformações foram tão fortes que Durkheim acreditava ser necessário criar um novo método, um novo sistema científico e moral que marchasse em harmonia com a nova ordem social instaurada, tarefa essa da ciência.

Posterior à Marx, Durkheim preocupava-se em combinar pesquisa empírica com teoria sociológica.
Durkheim entendia que a educação era um fator de coesão social.

Acreditava que a educação era elemento principal que recuperaria a ordem social e os professores teriam como função a constituição de uma moral quase que inexistente na sociedade de então.

Considerava que a educação em cada sociedade possuia aspectos múltiplos e uno ao mesmo tempo - pois em cada sociedade haveria um tipo específico de educação com múltiplos aspectos inerentes à ela mesma e aos costumes daquele povo.

A educação deveria de suscitar na criança

1- Um certo número de estados físicos e mentais, indispensáveis para a sua própria sociedade;
2- Um certo número de estados físicos e mentais que o grupo social particular (casta, classe, família, profissão) tenha como certo e indispensáveis á sua própria sociedade.

Assim, para Durkheim não havia um único tipo de educação. varia de acordo com as sociedades e suas necessidades e interesses em jogo.

Nas sociedades em que havia pouca divisão do trabalho e mais solidariedade mecânica coletiva era maior, atingindo um maior número de pessoas, posto que quando as pessoas desempenham as mesmas atividades, os indivíduos tendem a pensar de forma similar.

O conjunto de regras nas primeiras sociedades era melhor introjetado na sociedade por conta do maior compartilhamento dessas regras - até pelo número menor de pessoas envolvidas. Nas segundas sociedades, os conjuntos de regras ficam restritos a grupos mais específicos, variando de lugar e de grupos de pessoas. Nessas sociedades é maior a busca de satisfação social e individualismo, o que se fortaleceu com o capitalismo.

Em sociedades mais diversas, com acentuadas divisões do trabalho, a Solidariedade Orgânica, há um enfraquecimento dos laços sociais e da consciência coletiva, pois há maior distancia entre as pessoas e maior margem para interpretações pessoais.

Para essas sociedades, onde os laços sociais são mais frouxos, há uma perda de sentimentos de união, co-participação e de respeito às normas sociais, a educação assume a condição de mantenedora da moral, elemento imprescindível de coesão social. Através da educação, a sociedade alcançaria a homogeneidade, de forma a fixar na criança os valores sociais e morais desejáveis na sociedade, ainda que as sociedades sejam muito diversas, sempre há valores e crenças básicas comuns à todos os membros.

Se uma sociedade visa preparar uma criança para uma determinada função a que será chamada a desempenhar, a educação não pode ser a mesma, deve ser diferenciada e comum à todos. Durkheim apontava para um tipo de educação diversificada e especializada, cada vez mais precoce. Para ele não haveria maneira de se obter uma educação totalmente igualitária e homogênea, uma vez que, para isso, deveria de se remontar desde os primórdios da humanidade, no seio das classes pré-históricas nas quais não houvesse nenhuma diferenciação. Dessa forma, a educação ( escola) seria a responsável por presidir e organizar o conhecimento direcionado a formar os indivíduos.

Durkheim acreditava que nem todos os seres humanos eram designados a ter o mesmo grau de importância ou desempenhar as mesmas funções (assim ter os mesmos gêneros de vida). Assim, se cada um de nós tem uma destinação diferente, funções diferentes à desempenhar, seria importante se atribuir estudos e capacitações inerentes à cada profissão.

Ou em suas próprias palavras:
"A educação não é, pois, para a sociedade, senão o meio pelo qual ela prepara, no íntimo das crianças, as condições essenciais da própria existência".

DURKHEIM, Èmile. Definição de Educação. In:. Educação e Sociologia, 3. Ed. Tradução de Lourenço Filho. São paulo, Melhoramentos, 1952.

25 de mar. de 2013

Os fatos sociais e a divisão do trabalho social em Durkheim - um breve resumo (aula 2.1)


Semíramis Franciscato Alencar Moreira

Fatos Sociais são fatos exteriores e anteriores a existência do indivíduo e continuariam existindo mesmo que este não existisse ou deixasse de existir. São fatos que exercem coação ao indivíduo, ou seja, ao deixar de praticá-los o indivíduo sofreria pressão por parte da sociedade até que se enquadrasse nos padrões vigentes. São exemplos de Fatos Sociais: falar um mesmo idioma, usar roupas, obedecer a regras, leis ou normas pré-estabelecidas, agir conforme os usos e costumes, etc.

Por exemplo, quando não respeitamos uma determinada ordem ou lei estamos infringindo ao código moral daquela sociedade e logo somos coibidos a continuar nossos atos para que não possamos vir a tirar o direito de outros. Como num caso de um crime: o assassino é coibido para que não venha a promover novos crimes ou mesmo incentivar outros a fazê-lo também.  A punição também seria uma forma de impedir pelo exemplo o ingresso de outros ao crime.

A divisão do trabalho social por Durkheim mostra que a cooperação é necessária para incentivar os indivíduos a trabalharem em nome de um ideal em comum. Uma forma de moral quanto à responsabilidades que todos devemos ter para o bom relacionamento em sociedade, onde cada personagem possa beneficiar e ser beneficiado pelo trabalho social conjunto.

A solidariedade seria uma das vertentes dessa moral em Durkheim.

Assim: 

 

Fonte:
RODRIGUES, J.A. (org.) DURKHEIM – COLEÇÃO GRANDES CIENTISTAS SOCIAIS, VOL 1, 3ª edição, 1984 in:0 ENDLICH, Ângela Maria. Divisão Social do Trabalho: breve paralelo de clássicos Comte, Durkheim, Weber e Marx.
Disponível em http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/BolGeogr/article/viewFile/12879/7328  Acessado em 24/03/2013 às 13:00. 

19 de mar. de 2013

Aula 07 continuação - A educação fora e dentro da escola - Educação Infantil


Continuação da aula 07. Educação Fora e Dentro da Escola

 Partindo da máxima que "O próprio indivíduo se educa" – através da organização e reorganização de suas experiências – sabemos que ninguém o fará por ele. Um indivíduo que não organiza ou reorganiza seu interior – conceitos, pensamentos, ações e atitudes – seria um mero autômato, agindo apenas pelo condicionamento (ver os cães de Pavlov ou os macaquinhos de Harlow).
Esse mesmo indivíduo deverá ser trabalhado/ preparado para perceber e interpretar tais estímulos, exigindo ampla participação pessoal. Desta forma, se considerarmos que toda educação é uma auto-educação, a sociedade desempenha papel importante de geradora dos meios, determinante dos objetivos a serem alcançados e na orientação desse processo.
O indivíduo educa-se para determinada situação por meio de uns tantos recursos técnicos materiais e humanos que a sociedade os prepara cuidadosamente
A educação tanto fora quanto dentro da escola poderá ser intencional e não-intencional.
Intencional – quando as condições educativas; objetivos; recursos; atividades – são previamente estabelecidas e arranjadas pelo grupo.
Não-intencional – quando não há preparação prévia das condições que levem à educação; o indivíduo, como participante do grupo ou mero espectador, a partir da própria convivência social, vai assimilando e incorporando maneiras de agir, pensar e sentir do grupo.
Fora da escola predomina a educação não-intencional, já que o indivíduo  aprende e se educa através de todas as experiências sociais das quais  participa: brinquedos, passeios, , programas de comunicação (TV, rádio, internet)convivência familiar, grupal religiosa ou não, etc. O que não quer dizer que fora da escola ou das religiões não há educação intencional.
A maior parte dos pais tem objetivos claros a atingir em relação aos filhos e aplicam meios que consideram mais eficientes para alcançar tais objetivos. Então existe a intenção de educar, de orientar, de criar condições para que os filhos possam se desenvolver de acordo com as expectativas dos pais e da sociedade.    
O nascimento introduz a criança num mundo novo, com numerosas e sempre novas experiências, tanto individuais quanto sociais.
Ao nascer, o bebê se defronta com muitas coisas que nada tem a ver com a sociedade, mas envolve-se de maneira especial seu próprio corpo: fome, prazer, dor, conforto, segurança – seu corpo é atingido por inúmeros estímulos físicos externos: luz/escuridão; superfícies de diversas texturas; líquidos, sólidos, etc.
Mas é também ao nascer que tem início a vida social da criança, já que seu mundo é habitado por outras pessoas  - aos poucos a criança vai distinguindo, compreendendo a importância relativa de cada uma para seu próprio bem –estar. Só outra pessoa pode saciar a fome do bebê ou dar-lhe o conforto necessário, o calor, a segurança, a limpeza e higiene.
São os outros que criam as condições para as experiências infantis  estabelecerem padrões através dos quais ela estabelecerá relações com o mundo exterior. Padrões que são incorporados pela criança, penetram em seu organismo e interferem no seu crescimento.    

Aula 6 - Tipos de Isolamento - Isolamento Social, Cultural e Psíquico

isolamento social  é a falta de interação social . Esta prática retira do homem a possibilidade de se construir uma consciência coletiva e convivência coletiva. 

O isolamento social pode ser causado por bloqueios emocionais, psicológicos e sociais. 

Por outro lado estar socializado pode beneficiar o ser humano:
  • Individualmente: estimulação a inteligência e desenvolvimento de personalidade, libertação de costumes cristalizados; auxilio para a solução de problemas;
  • Coletivamente : interação entre os povos, costumes, instituições sociais e mudanças sociais;
O contato entre pessoas e as diversas maneiras de relacionamento podem ser especificadas das seguintes maneiras:
  • Contato físicos: baseado em percepções sensitivas; por meio da visão, olfato, audição e tato.
  • Plano psíquico: praticada por uma troca de idéias ou emoções entre os indivíduos;
  • Plano psicofísico: são aqueles contatos humanos que abrangem também os contatos psíquicos.
  • Diretos: contato efetuado de indivíduo para indivíduo, sem intermediários;
  • Indiretos: contato de indivíduo para indivíduo feito por intermediários ou suportes técnicos de comunicação.


Isolamento Cultural 

O Isolamento Cultural diz respeito à toda e qualquer forma de alienação do indivíduo à cultura, ao estudo e às expressões artísticas que promovam diversão, conhecimento, tanto de sua própria cultura, quanto da cultura mundial.
O significado vulgar de isolamento remete para afastamento.
O isolamento não deve ser apenas considerado a nível individual, mas também de grupo. É o que sucede, frequentemente, com países que enveredam por regimes políticos não democráticos, que recorrem a estratégias reprovadas pelos outros, como é o caso do recurso a ataques, à guerra, ao não respeito pelos direitos humanos, etc., levando estes últimos a isolá-los da comunidade internacional através de sanções, que podem ir do embargo econômico à expulsão de associações ou alianças ou até mesmo ao corte de relações diplomáticas.
A pessoa ou o país que se encontra em estado de isolamento não pode progredir, porque a condição primeira da evolução cultural é a sinergia entre as diferentes culturas. A censura é um mecanismo de isolamento cultural.

Isolamento Psíquico
Existem ainda outros elementos que reforçam esse tipo de isolamento social, como:

É o sutil impedimento de comunicação devido à participação nas experiências de grupos diversos dentro da mesma cultura. Ou seja, se dá através das diferenças de atitudes, sentimento, pontos de vista, interesses dos indivíduos pertencentes a uma mesma cultura.
As atitudes sociais e particulares como o egoísmo, o etnocentrismo, preconceitos, timidez, pedantismo, retraimento, aversão, suspeitas.
Os arranjos grupais que enumeram os sistemas de castas, classes, sociedades secretas, partidos, seitas e as organizações profissionais.
Todo esse isolamento produz algumas conseqüências, tanto no indivíduo como num grupo. Vejamos:

 a) no indivíduo: se for completo resulta no homoferus; e se não for completo, mais pronunciado, produz no indivíduo isolado, uma mentalidade retardada.. Ou seja, numa diminuição das funções mentais ou até mesmo a loucura.
 b) de um grupo: produz costumes cristalizados e equilíbrio. Além disso, produz uma cultura de folk, ou seja, uma sociedade homogênea.

Questões Propostas
1. Verifique em sua comunidade, no seu cotidiano, exemplos de isolamento social.
2. Faça uma pesquisa sobre filmes que aborde os tipos de isolamento.
3. Á partir da exibição de 2 ou 3 filmes escolhidos pela classe para análise, promovam um debate sobre as causas e consequências do isolamento social. 

2 de jun. de 2011

Aula 8 - Educação e Mudança Social

Aula 8 - Educação e Mudança Social 

A mudança é inevitável. Ela está intimamente ligada a história e não há como se desvencilhar dela. Há os que tentam retê-la, coibir ou retroceder os parâmetros comportamentais, mas a história avança. Haverá períodos de mudanças lentos ou mais rápidos, mudanças mais ou menos bruscas, grupos fechados ou abertos, abertos ou não à essas mudanças, porém no final, mesmo que não haja uma ruptura com padrões, normas e pressupostos, ela avança progressivamente, conservando na situação atual resquícios das situações anteriores.

Assim, em plena era capitalista ainda conservamos elementos medievais, relações feudais: a organização em salas, em fileiras de carteiras, o professor que só ensina e o aluno que só aprende... etc.
A educação escolar pode atuar historicamente promovendo ações de mudanças internas e externas da escola como pode se voltar contra a História, transformando-se em eficaz instrumento de conservação da situação vigente. Dessa forma a história avançará mesmo sem a escola e esta caminhará à reboque da história.
O que se observa é que na mesma escola coexistem parelhados aos motivos sociais, processos de controle social e processos de mudança social, prevalecendo ora uns, ora outros.
Entre os processos que contribuem para a mudança social e que podem ser vivenciados na escola, encontramos a descoberta, a invenção, a visão de conjunto, a espontaneidade, a liberdade e a participação.


1. A descoberta

É o aprofundamento em algum conhecimento que já existe. Na escola, os alunos entram em contato com conhecimentos já existentes, patrimônio cultural da humanidade e que até então era ignorado por eles. Por essa mesma razão esses conhecimentos podem consistir em verdadeiras descobertas para esses educandos se trabalhados de forma investigativa, prática, de forma que percorram os caminhos dos descobridores, do cientista, etc. A redescoberta desses conhecimentos possibilitam uma compreensão aprofundada desses processos – uma ida ao observatório, num microscópio, através de instrumentos de aferição do clima, das distâncias, das direções, num laboratório manipulando elementos, enfim tornando a aquisição do conhecimento em algo palpável e real, pelo menos próximo da realidade.


A redescoberta da realidade

A redescoberta pode abranger tanto o estudo das coisas quanto o dos grupos e pessoas. Encontramos certa facilidade ao lidarmos com as disciplinas ciências e geografia. É de grande importância o contato do aluno com minerais, vegetais e que vivenciem situações em locais onde poderão completar seu raciocínio e não apenas através de ilustrações ou descrições. O ideal seria promover nas escolas hortas, pomares, viveiros, jardins ou aquários para que vivenciassem a aprendizagem ao vivo. O aluno descobrirá observando, vendo, tocando, plantando, acompanhando o crescimento e o ciclo de cada atividade e não apenas lendo e decorando. Esse procedimento de redescoberta deveria nortear o trabalho de cada professor da educação infantil e da primeira fase do ensino fundamental, quando a criança, segundo Piaget, encontra-se na fase das operações concretas. Assim, prima-se pelo diálogo, pelo respeito às novas idéias, pelo debate em nome de se alcançar novas respostas e partilhar saberes, de forma a conhecer e compreender os pontos de vista do outro – educados para redescobrir e transformar a sociedade em que vivem, estarão preparados para participar da construção de uma sociedade mais justa.


2- A invenção

É o resultado da combinação entre os conhecimentos já existentes com o objetivo de se obter um novo produto.
A maior parte das invenções ocorre fora do cotidiano escolar, entretanto a escola pode e deve contribuir para incentivar a criatividade e estimular a inventividade do aluno, contribuindo significativamente para o processo de mudança social.


Como incentivar o aluno a desenvolver a inventividade:

· Propor exercícios em que os alunos devem mencionar o maior número possível de usos para um mesmo objeto (tijolo, cimento, caneta, papel, lápis) em determinado tempo (2 minutos)
· Escrever o maior número possível de objetos de uma determinada cor, com tempo determinado.
· Incentivar brincadeiras como adedanha, nas quais são possíveis relacionar numa lista de objetos, características humanas, cores, frutas, veículos, etc com a mesma letra escolhida.
· Descrever objetos depois de observados por algum tempo (descrição de plantas, frutas, pinturas, paisagens, imagens, etc.)
· Descrever objetos de olhos vendados, os manipulando a fim de sentir a textura, a forma, o peso e a sensação.
· Elaborar planos de sobrevivência em situações extremas e diversas (deserto, selva, ilha deserta, com salário mínimo, etc.) com apenas alguns meios disponíveis.
· Um aluno começar uma história cada aluno dar continuidade até o final.
· Dar título a uma história
· Elaborar modelos de organização social, envolvendo a distribuição das terras, da renda, o trabalho, a alimentação, a saúde, a educação, etc.
· Fazer jogos de montagem – montagem de fotos, painel, quebra cabeças, mosaico, etc.
· Desenvolver o mural da turma com as principais atividades desenvolvidas na sala de aula – varal de idéias – mural de recados – avisos.
· Criar um jornal da classe, um informativo mensal ou bimestral das atividades da turma com pensamentos, novas idéias, dicas de saúde, lazer e estudo.
· Criar nova distribuição dos móveis da sala, carteiras, quadros, mesas, armário, etc.
· Discutir sobre problemas existentes na comunidade, no país e no mundo permitindo que cada aluno expresse sua opinião e ofereça suas soluções.
· Simular situações em que o aluno deva tomar decisões como: presidente, prefeito, policial, médico, advogado, promotor, agricultor, professor, etc.
· Possibilitar aos alunos dar sugestões sobre mudanças nos métodos de trabalho na sala de aula, nas avaliações, no estudo das matérias, etc.
· Realizar visitas em bairros distantes e comunidades rurais do município a fim de conhecer diferentes realidades e formar visões de conjunto mais abrangentes.

Quanto menos repetitivas e mais inventivas as atividades escolares, tanto mais a educação estará contribuindo para formar pessoas dispostas a colaborar para a mudança social, para superação de situações injustas.


3-Visão de Conjunto

Escola e comunidade não devem ser vistas isoladamente, mas interagindo e atuando em conjunto para a formação de novas gerações.
A escola será tanto ou mais eficiente quanto mais ela estiver aberta as condições do país e do mundo em que vivemos.
O interesse pelos problemas sociais atuais que afligem a humanidade não poderá deixar de existir dentro da escola,
na medida em que esta pretender formar pessoas para atuarem de forma construtiva na solução desses problemas.
A escola também pode contribuir para a superação da segregação entre as pessoas, para a compreensão da pessoa, qualquer que seja, como princípio e fim das atividades humanas, solidariedade por melhores condições de vida. Á escola cabe também o importante papel na superação das posições dogmáticas, de quem se julga dono da verdade.
A visão de conjunto permite compreender que o mesmo fato pode ser visto sob vários pontos de vista, de diversas perspectivas, todas possíveis e viáveis. O aluno deverá ser estimulado a desenvolver a compreensão e a tolerância em relação a posições e pontos de vista alheios.
Quando um professor quando vai trabalhar numa comunidade que não é a sua, surge a necessidade de que ele compreenda a realidade diferente dos alunos.
O professor pode e deve trazer o conhecimento de outras realidades aos alunos, como um intercâmbio cultural, a fim de formar pessoas abertas e tolerantes com uma visão de conjunto integrada, útil ao domínio e à utilização do conhecimento.

4- Espontaneidade – O comportamento em sala quando é controlado e rígido num sistema de recompensa e punição, inibe o comportamento espontâneo, gratuito e que abre campo para a criatividade mais segura.

5- Liberdade – A liberdade não se ensina como matéria escolar, se aprende como consciência e na prática diária. A liberdade desenvolve um clima de respeito entre os pontos de vista e sentimento de livre expressão para aprender, escrever e criar.

6- Participação – O aluno deve ser estimulado a participar das aulas, do que ocorre em sala e fora dela, permitindo o aluno contribuir na escolha de assuntos e métodos de trabalho.

11 de mai. de 2011

AULA 7 - A EDUCAÇÃO FORA E DENTRO DA ESCOLA

 AULA 7 - A EDUCAÇÃO FORA E DENTRO DA ESCOLA

A educação nos acompanha ao longo da vida, uma vez que estamos sempre aprendendo coisas novas e reavaliando nossos conhecimentos.

Entretanto, na infância esse processo educativo torna-se mais intenso de forma a proporcionar ao indivíduo experiências físicas, intelectuais , emocionais e sociais para que se torne um ser social, um ser humano.
A educação ocorre em todos os ambientes pelos quais a criança passa, desde que haja pessoas maiores que elas ou adultas, cujos padrões de comportamento a criança é levada a assimilar.


1 – Caráter Social da Educação
Segundo Durkheim:
"A educação é ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, ou no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança particularmente, se destine." (Durkheim, Èmile. Educação e Sociologia. SP, 1978)
Portanto, podemos dizer que a educação é, ao mesmo tempo, múltipla e uma.
A educação consiste na socialização metódica das novas gerações.


Aspectos Múltiplo e Uno da Educação
A educação não é a mesma em todos os tempos e em todas as partes. Não é uma atividade estática. Para as diversas sociedades, épocas históricas há diferentes tipos de educação e diferentes ideais educativos, ou seja, não há uma educação universal e única.
Idade Antiga - Iniciada com o surgimento da escrita, durou até a invasão do Império Romano Ocidental pelos bárbaros, em 476 d.C.

· Atenas – A educação visava formar espíritos prudentes, sutis, harmônicos, adoradores do belo e das artes: a música, a escultura, as danças, o teatro, permeados pela matemática e a filosofia como forma de aproveitar os prazeres da vida.

· Roma – Homens de ação, de cálculo, a honra e a glória pelo militarismo e a política como forma de dominação, a supremacia pela inteligência e pela força, conquistas bélicas.
Idade Média – Seu início deu-se com o fim do Império Romano Ocidental e seu término foi caracterizado pela invasão dos turcos a Constantinopla, em 1453.
A Educação cristã, basicamente focada para a compreensão das escrituras, conduzida pelo temor a Deus; forma de se alcançar a santidade – seminários, conventos – libertação dos pecados e dominação política pela Igreja.



Iluminismo/ Humanismo/Renascimento – A ciência e as artes em comunhão; cultura do belo e do bom; retorno a filosofia como propagadora da liberdade de pensamento e de religião; culto das formas harmônicas; o canto, a pintura e a literatura como forma de retratar a sociedade; do corpo humano, primeiros passos da medicina como a conhecemos hoje; o pensamento político voltado para a administração do bem comum.
Idade Moderna - Com a invasão de Constantinopla iniciaram-se as chamadas grandes navegações, que deram origem à Idade Moderna, que durou até a época da Revolução Francesa, em 1789.


A educação focada nas evoluções do conhecimento humano, pelo desbravamento de novos mundos, expansão marítma, expansão territorial do Velho Mundo. Novos sistemas políticos, o pensamento voltado para a administração do bem comum.


Idade Contemporânea - Iniciada com a Revolução Francesa, dura até os dias de hoje. Educação voltada para a aquisição de conhecimentos e técnicas que poderão contribuir para a evolução das sociedades.


Para sociedades diferentes – objetivos educacionais diferentes.


Sociedades Indígenas – robustez física, conhecimento da arte da caça, pesca, seleção e colheita de frutos e sementes, preservação da cultura através da oralidade (cânticos, lendas, danças e costumes através da tradição oral)

Sociedade Capitalista – Individualismo, competição, produção em larga escala, comercialização, obtenção de poder e liderança.

Sociedade Socialista – Orientação coletivista; solidariedade, cooperação e afiliação.

Mesmo no interior de uma mesma sociedade variam os tipos de educação e seus objetivos.


Sociedade de Castas (índia) – Quem não se lembra da novela Caminho das ìndias ?



Sociedade de Castas (índia) – A educação varia de uma casta a outra: aos Brâmanes uma educação mais refinada, religiosa. Aos kshatriya, a educação dada a que possam exercer funções de natureza política e militar e estão diretamente subordinados aos brâmanes, em diversos momentos da história, entretanto, houve conflitos e rebeliões. Aos vaishas e shudras, aos primeiros a educação é dada no sentido de capacitar o indivíduo a realizar as atividades comerciais e a agricultura. Já os shudras estabelecem uma ampla classe composta por camponeses, operários e artesãos.

Os dalit, também conhecidos como párias, são todos aqueles que violaram o sistema de castas por meio da infração de alguma regra social. Em conseqüência, realizam trabalhos considerados desprezíveis, como a limpeza de esgotos, o recolhimento do lixo e o manejo com os mortos. Uma vez rebaixado como dalit, a pessoa coloca todos seus descendentes nesta mesma posição.

Os jatis são aqueles que não se enquadram em nenhuma das regras mais gerais estabelecidas pelo sistema de castas. Apesar de não integrarem nenhuma casta específica, têm a preocupação de obterem reconhecimento das castas superiores adotando alguns hábitos cultivados pelos brâmanes, por exemplo. Geralmente, um jati exerce uma profissão liberal herdada de seus progenitores, sem nada significar para as tradições hindus.

Oficialmente, desde quando a Índia adotou uma constituição em 1950, o sistema de castas foi abolido em todo o território. Contudo, as tradições e a forte religiosidade ainda resistem às ações governamentais e transformações econômicas que atingem a realidade presente dos indianos. Enquanto isso, o regime tradicional já contabiliza mais de três mil classes e subclasses que organizam esse complexo sistema de segmentação da sociedade indiana.


Sociedade Ocidental atual – A educação da cidade não é a mesma do campo. A da cidade favorece a competição, o individualismo, a excelência nas carreiras de modo que o aluno possa se sobressair aos demais.

Já a educação do campo compreende a coletividade, o trabalho em equipe, cooperação como processo e a assimilação como motivo social, em nome de um objetivo em comum, que é o trabalho cooperativo.
Ou seja, todas as formas de educação visam inculcar nas novas gerações, idéias, sentimentos e práticas que, segundo a sociedade ou grupo dominante dentro da sociedade são capazes de fazê-las adultas.


Educação como socialização

Cada ser humano é constituído de dois seres :

- Ser Individual – estados mentais que só se relacionam conosco mesmo;
- Ser Social - sistema de idéias, sentimentos e hábitos que exprimem em nós não a nossa individualidade, mas o grupo ou grupos diferentes que pertençamos.

O objetivo da educação – constituir esse Ser Social em cada um de nós.
Não nascemos com esse ser social, nem ele se desenvolve espontaneamente, pois espontaneamente o ser humano não a submeteria a autoridade, não respeitaria a disciplina, nem se sacrificaria por objetivos comuns. É a educação, como socialização, que o leva a tais condutas sociais.
Ao nascer, o ser humano é associal. A cada geração, a sociedade deve começar do zero, pois a socialização não é hereditária e deve processar-se continuamente, a cada nova geração.


A educação cria um ser novo, transforma cada ser associal que nasce num ser social

4 de abr. de 2011

Aula 6 - Cultura e Organização Social

 
Aula 6 - Cultura e Organização Social

Cultura é a herança que o grupo social transmite a seus membros através da aprendizagem e da convivência social.
Cada geração e cada indivíduo também contribuem para ampliar e modificar a cultura que recebem. É isso que explica o progresso, as mudanças que ocorrem nas sucessões das gerações.
A cultura abrange a maneira de viver (ser, pensar e sentir) de um povo. A forma de organização social de um povo também faz parte da cultura.

A cultura pode ser material ou não-material.

Cultura Material – objetos manufaturados, os artefatos: ferramentas, prédios, móveis, meios de transportes, estradas, pontes, cadernos, etc. Ou seja, todo e qualquer objeto resultante da transformação da natureza pelo homem.

Cultura Não-Material – a linguagem, as idéias, as músicas, poesias, rituais, os costumes e hábitos de um povo. Ou seja, todo o ideário que permeiam as tradições de cada povo.

No futebol – a cultura material do futebol são as traves, os uniformes, a bola, chuteiras, caneleiras, o escudo, gramado, luvas, joelheiras, apito. A cultura não-material é o hino do time, o grito da torcida, as regras de arbitragem, os jargões dos comentaristas esportivos.

O futebol deixando de existir, sua cultura deixa de ter o significado e antes: a bola, passa a ser um enfeite; o gramado, pasto para o gado; o uniforme, luvas e joelheiras, meras peças de vestuário; as traves, pedaços de madeira.

A Cultura como sistema de normas

A cultura mostra como deve ser o padrão de comportamento do indivíduo – um padrão de comportamento é uma norma, ou seja, uma expectativa ou uma determinação de como o indivíduo deve agir dentro de um grupo. Uma norma social ou cultura resulta da própria história do povo ou do grupo social que a adota.

  • O que é norma numa sociedade pode não ser na outra;


  • A norma só cabe em comportamentos possíveis e não-necessários. A norma pode estabelecer maneiras de comer e tipos de alimentos que possam ser ingeridos; modo conveniente de andar, vestir, relacionar-se.
  • As normas podem ser mais ou menos coercitivas, mais ou menos obrigatórias. Assim, podemos ter hábitos, tradições populares, instituições e leis.


  • Hábitos e Tradições

    As novas gerações absorvem costumes e hábitos das anteriores. Porém, costumes e hábitos podem ser modificados e sua não-observância pode não implicar sanções sociais mais sérias.

    Instituições – conjuntos organizados de normas, que obrigam mais do que simples hábitos e costumes, mas relacionamentos sociais que incorporam certos valores e procedimentos comuns e atendem a certas necessidades básicas da sociedade.
    As principais instituições são : Religião, governo, educação (escolas e universidades), ONG ou grupos menores como os grupos de trabalho, de agremiações de futebol, de escolas de samba, Folia de Reis, etc.

    17 de mar. de 2011

    Aula 5 - Interação Social

    Aula 5 - Interação Social

    São as mútuas relações que são estabelecidas e desenvolvidas entre os indivíduos e os grupos sociais

    1.Isolamento Social
    Há mais ou menos 700 anos, Frederico II, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, efetuou um experimento para descobrir que língua as crianças falariam quando crescessem se jamais tivessem ouvido uma única palavra falada. Falariam hebraico?  grego?  latim? aramaico? Ou a mesma língua que os pais? Então, Frederico deu as instruções para que as mães apenas higienizassem e alimentassem sem, no entanto, emitirem qualquer som ou falassem perto delas. O experimento fracassou, pois todas as crianças morreram.

    É praticamente impossível uma criança viver em completo isolamento: morreria de fome. No caso de terem apenas suas necessidades fisiológicas atendidas, até poderia sobreviver, porém enfrentariam enormes problemas de adaptação social.
    Harry F. Harlow (1905-1981), psicólogo, pegou 5 macacos filhotes e os isolou de sua mãe natural e dos outros macacos. Estes 5 filhotes foram criados numa estrutura metálica coberta com um tecido, funcionando como uma "mãe substituta", dando-lhes mamadeira e a que se agarravam quando assustados.
    Até ficarem jovens, pareciam satisfeitos, mas ao crescerem e colocados com outros macacos alguns se mostraram agressivos, insociáveis. Outros , apáticos, retraídos, incapazes de manterem contato.  Dessa forma  , podemos perceber que crianças rejeitadas e carentes de afeto podem manifestar os mesmos comportamentos anti-sociais.

    Há casos de adultos que conseguiram sobreviver a longos períodos de isolamento nas florestas sem saber que a Segunda Guerra  Mundial havia terminado ou criados nas florestas desde pequenos com símios, no entanto sem ter aprendido a socializar-se novamente.

    O isolamento social ocorre com maior freqüência com pessoas consideradas indesejáveis pela sociedade como criminosos e deficientes mentais, que são confinados á presídios ou manicômios em condições de vida sub-humanas. Essa segregação social ao invés de corrigir esses indivíduos os produz efeitos psicologicamente nocivos, o que pode agravar seus problemas de adaptação social, os tornando mais violentos.

    Isolamento Cultural
    Ocorre quando o indivíduo sai de um grupo social e vai viver em outro lugar com hábitos e costumes diferentes. Há um período inicial de isolamento e adaptação, no qual se apresentam inúmeras dificuldades, como problemas de comunicação, em caso de línguas diferentes, problemas alimentares, de convivência humana, condições de trabalho, etc.


    Isolamento Psíquico

    Mais comum do que podemos imaginar, o isolamento psíquico para Durkheim seria a principal causa de suicídios: o indivíduo está física e culturalmente  integrado ao grupo, mas sente-se só, não confia seus problemas, aflições ou alegrias à ninguém, tampouco partilha a convivência com outrem, não tem amigos, se esquiva de aventuras amorosas, tornando assim sua vida insuportável.


    2- Processos Sociais

    São mecanismos através dos quais se dá a interação entre os indivíduos e grupos na vida social. São inúmeros os processos sociais, uns colaborando para manter os grupos sociais unidos, outros que podem provocar a separação entre os indivíduos e grupos. Entre os principais processos sociais estão a cooperação, a competição, o conflito, a acomodação e a assimilação.

    - COOPERAÇÃO – É o trabalho em conjunto – pode existir tanto em pequenos grupos quanto em grandes organizações mundiais como a ONU (Organização das Nações Unidas) O menor de todos os grupos se chama díade – formado por duas pessoas.
     A cooperação pode ser deliberada ou não-deliberada, por exemplo: Os índios caçam e pescam em conjunto, pois sempre fizeram dessa forma, essencial para sobrevivência do grupo. Já numa organização como a ONU procura-se deliberadamente promover a cooperação – a cooperação é sugerida, acordada.
    Embora a cooperação implique a consideração dos desejos dos outros e pressupõe que seja desinteressada, na maioria dos casos. As pessoas e grupos podem cooperar pois vêem nesse processo a melhor forma a seus interesses.
    Na sala de aula o professor deve zelar pela cooperação dos alunos através de tarefas que possibilitem a convivência social, o bem da coletividade e o interesse individual.

    - COMPETIÇÃO – Consiste em tentar superar os outros. Pressupõe a existência de apenas uma ou de poucas recompensas aos vencedores.
    Na sala de aula quando as primeiras classificações são muito valorizadas ou quando o professor dá muita importância a nota, gera um clima de competição entre os alunos, onde alguns tendem a superar, vencer os outros.
    Geralmente a competição leva os competidores a desenvolverem atitudes hostis entre si. A competição é um desestímulo a quem perde. A competição tende a transformar-se em conflito.  

    - CONFLITO – recompensas pela eliminação ou enfraquecimento dos rivais, acarretando prejuízos materiais ou sociais aos oponentes, como a demissão do emprego, expulsão do País, perda de direitos políticos, etc. De forma mais violenta o conflito pode custar a vida de indivíduos e grupos: assassinato, extermínio de grupos e comunidades, guerras são alguns exemplos de conflitos que uma vez iniciados, tende a tornarem-se cada vez mais intensos.
    Na sala de aula podemos observar o conflito através de divergências entre alunos, aluno e professor – o chamado bullying que acarreta problemas de convívio pelo resto da vida

    - ACOMODAÇÃO – Processo mais adotado quando se pretende superar o conflito. Ajustamento, acordo temporário entre indivíduos e grupos que visam a superação do problema.
    Entretanto, a acomodação é um processo temporário, pois o conflito pode voltar a qualquer momento.
    A tolerância é um exemplo de acomodação. Quando um grupo perde um conflito é obrigado a aceitar um acordo.

    - ASSIMILAÇÃO – conjunto de mudanças psíquicas e culturais qye resultam tanto da transferência de um grupo para outro diferente, quanto do encontro e convivência de grupos diferentes – processo de difusão cultural mútua através do qual grupos e pessoas passam a partilhar de uma cultura em comum.


    3 - MOTIVOS SOCIAIS

    São motivos que fazem com que as pessoas queiram viver/precisem viver em sociedade. Já constatamos que as pessoas são diferentes umas das outras, assim os motivos que as levam a buscar grupos e organizações também podem ser diferentes.
    Realizações, fazer algo, atuar, sentirem-se uteis socialmente, estudar, trabalhar... outros podem estar mais motivados pela necessidade de conviver, participar como membros de algum grupo, de mesmos ideais – a afiliação – outros ainda podem se sentir na pretensão de influenciar pessoas e grupos, de se sobrepor aos demais – a necessidade de Poder.

    - MOTIVO DE REALIZAÇÃO – As pessoas com alto motivo de realização revelam confiança em si, preferem assumir responsabilidades individuais, gostam de ver resultados concretos de seus trabalhos; obtém boas notas, participam de atividades estudantis e comunitárias; escolhem técnicos de preferência a amigos para compor suas equipes; resistem a pressões sociais e aos incentivos externos; aceitam riscos moderados em situações que dependem suas habilidades.
    As pessoas que agem pelo motivo de realização procuram fazer sempre o melhor: obter a melhor nota, correr mais, inventar novas coisas, alcançar o ponto mais alto da carreira.

    - MOTIVO DE AFILIAÇÃO – Consiste no desejo de estar com outras pessoas e com elas se relacionar de forma afetuosa e amiga. Mais do que com tarefas e produção, os indivíduos motivados pela necessidade de afiliação se preocupam com a pessoa humana e buscam restabelecer relações amistosas rompidas, consolar e ajudar outras pessoas, participando de encontros e festas.
    Pessoas com alto motivo de afiliação preferem estar junto a outras pessoas que sozinhas, preocupam-se mais com os aspectos interpessoais do trabalho do que com as tarefas. Buscam a aprovação dos outros e produzem mais quando trabalham em cooperação.
    Como desejam ser bem-quistos, prestam atenção aos sentimentos alheios. Ao participarem de grupos, procuram estabelecer um clima de amizade, dando apoio.
     O sentimento de isolamento, rejeição e mal querer é o pior que pode ocorrer com a pessoa que tem a necessidade de afiliação. Prefere ter amizades do que ter sucesso na carreira. Discussões e conflitos são altamente frustrantes.
    Pessoas com necessidade de afiliação preferem colocações as quais possam estabelecer boas relações. Tal necessidade atualmente se torna indispensável ao status de liderança, ao bom desenvolvimento executivo, de forma a valorizar o lado humano de funcionários e colegas de trabalho, conduzindo-os a um melhor entendimento e melhores comunicações.
    Num primeiro momento a necessidade de afiliação está relacionada com uma educação familiar paternalista, cultivadora de dependência e laços familiares. Também é observada a correlação entre afiliação e ansiedade: pessoas com alto motivo de afiliação se revelariam mais ansiosas.

    - MOTIVO DE PODER - O líder é alguém que sabe ouvir e interpretar as necessidades e aspirações dos liderados e orientar sua realização. A necessidade de poder se caracteriza pelo desejo de exercer influência e impacto sobre os outros. Revela-se também que o poder tem duas faces: uma negativa e outra positiva. A negativa ou pessoal se caracteriza pela equação "domínio-submissão", ou seja na fórmula "eu ganho, tu perdes"  "tu ganhas, eu perco" . A vida em sociedade é um jogo onde os mais fortes sobrevivem (a lei da selva).
     A face positiva ou socializada  do poder se caracteriza pela preocupação em classificar os objetivos do grupo, em prover os meios para alcançar esses objetivos e em fazer com que o grupo se sinta forte e competente para realizar o que deseja.  



    Questões propostas

    1-Qual a diferença entre a organização social do ser humano e das outras espécies de animais?
    2-Qual a importância da convivência social para o ser humano? Exemplos.
    3-- o que se entende por isolamento social? Exemplo.
    4-O que se entende por isolamento cultural? Exemplo.
    5-Defina com exemplos o isolamento os psíquico.
    6-O que é processo social?
    7-O que é cooperação e de que formas pode se expressar?
    8-Defina competição e como ela pode se manifestar na escola.
    9-O que se entende por conflito? Como ele pode se manifestar nos grupos escolares?
    10-Defina acomodação
    11-Em que consiste a assimilação?
    12-O que são motivos sociais?
    13-Em que consiste o motivo de realização? Exemplos.
    14-Como age a pessoa que é levada pelo motivo de afiliação?
    15- Analise a face negativa do motivo de poder.
    16-Comente a face socializada do motivo de poder.
    17-Qual dos três motivos é o mais forte em você? Por que?

    15 de fev. de 2011

    Aula 4. - Sociologia da Educação - o que é?

    Aula 4

    A escola não está isolada da comunidade e da sociedade a que está inserida. A escola é um reflexo das condições e das exigências estabelecidas pela sociedade, no sentido mais amplo e pela comunidade no sentido mais restrito.

    No interior da escola multiplicam-se os grupos sociais: são grupos de alunos, de professores, de funcionários, de administradores, etc. Esses grupos têm enorme influência no comportamento dos alunos e sobre sua educação. Mesmo dentro da sala de aula, apesar do controle exercido pelo professor, a influência das condições sociais do aluno e dos grupos que ele participa dentro e fora da sala de aula não pode ser menosprezada, antes aproveitada como fator de aprendizagem.

    Dois aspectos principais da Sociologia da Educação

    · Procedências e influências sociais na atividade educativa, em especial na escola – interação dos indivíduos, organização social, influências exercidas pela sociedade, comunidade e grupos pela educação.

    · Aplicação dos conhecimentos e descobertas da sociologia à atividade educativa, através de seus métodos, conceitos e análises de modo a tornar a educação escolar mais eficiente.

    Os aspectos teóricos e práticos serão abordados nessa disciplina de modo a promover o conhecimento da realidade educacional e da transformação dessa mesma realidade a partir dos conhecimentos sociológicos.

    Portanto, a sociologia da educação deve dar atenção a três grandes áreas de estudo.

    - Em nível mais geral – a educação em relação a sociedade em seu sentido mais amplo.

    - Intermediário – interação entre a escola e a comunidade a que está inserida.

    - Particular – condições sociais da sala de aula.


    Questões propostas:

    Com suas palavras defina os conceitos de: fato social, interação social, grupo social, estratificação social, classe social.

    Como se deu o início dos estudos sociológicos? E no Brasil?

    Com base no que foi estudado, qual o papel da sociologia na educação

    Qual o papel de Émile Durkheim para a sociologia da educação?

    Em que consiste o método experimental em sociologia? Dê exemplos.

    O que é observação em sociologia? Dê exemplos.

    Defina questionário e entrevista.

    Em sua concepção quais seriam os principais assuntos a serem estudados durante esse curso de sociologia da educação?


    Pensamento:
    “Temos de nos tornar na mudança que queremos ver”.
    Mahatma Gandhi

    Aula 3 - Métodos utilizados pelos sociólogos

    Aula 3

    4 - Métodos utilizados pelos sociólogos

    Método experimental - Modifica-se uma das variáveis que influem no comportamento de um grupo; mantendo as outras constantes. Por exemplo, vamos supor que a abolição das provas bimestrais pudesse aumentar a cooperação entre os alunos – teoricamente,  as provas aumentam a competitividade e diminuem a cooperação. Para isso divide-se a turma em dois grupos: 1 normalmente com provas bimestrais (grupo de controle)  o outro sem provas bimestrais (grupo experimental) com as mesmas características (idade, grau de instrução, série), sendo só modificada por uma variável – provas que um grupo tem e o outro não.
    O grupo que ficou sem as provas não poderá saber porque essas foram abolidas.
    Ao final de um primeiro período (1 ou 2 anos) se faz um teste, uma observação segundo o que foi abordado ao longo do período – os episódios de comportamento de cooperação – dessa forma pode-se constatar se a hipótese foi confirmada ou não. 
    O experimento em sociologia enfrenta uma série de obstáculos – há diversos fatores (variáveis) que podem contribuir para esse ou aquele resultado.

    Observação – Observar e registrar, com o maior número possível de detalhes o comportamento dos grupos.

    Há dois tipos de observador:
    Participante – O observador participa da vida do grupo observado.
    Não-participante – O observador não se mistura, não influi na vida do grupo observado.

    ·         Questionário e entrevista - Questionário são perguntas elaboradas por escrito de forma a serem respondidas pelo maior número de pessoas (tipo pesquisas de opinião). Depois de respondidas são devolvidas ao pesquisador, que tabula os resultados para obter uma determinada conclusão.
    A entrevista é realizada de forma oral, objetiva, pessoal com um entrevistador, um entrevistado e um gravador para que as respostas do entrevistado não sejam distorcidas. Após esse processo são transcritas as entrevistas, tabuladas as respostas e  analisadas de maneira a se chegar a uma hipótese. (entrevistas de emprego, pesquisas de opinião, de censo).
    ·         Estudo de caso – O pesquisador deve levantar o maior número possível de dados sobre o fato em estudo através dos outros métodos de pesquisa. Alguns desses métodos consistem na observação, tanto participante como a não-participante, entrevista, entrevista familiar, em resumo, levantar informações necessárias para alcançar um resultado.
    Pensamento:

    "A fim de viver livre e feliz você precisa sacrificar o tédio. Nem sempre o sacrifício é fácil."

    Richard Bach - Ilusões, As aventuras de um messias indeciso.

    9 de fev. de 2011

    Aula 2 - Sociologia da educação - O Desenvolvimento da Sociologia

    Aula 1

    O que é Sociologia?


    Sabemos que o comportamento humano é de grande diversidade e complexidade. Cada pessoa influencia e é influenciada pelo seu meio, 

    transforma-se e transforma o seu meio segundo suas ação social, agindo no contexto social, mediante sua formação






    Há comportamentos individuais - ações individuais - como andar, comer, dormir, respirar, beber - logo, o indivíduo, o ator social. Outros são comportamentos são considerados sociais - quando colocamos o outro para contracenar conosco.

    Assim, ações como participar de reuniões, trabalhar numa repartição, frequentar aulas, casar, reunir-se em família são considerados Comportamentos Sociais, porque se desenvolvem no meio da sociedade.





    Vivemos em grupo desde os primórdios de nossa história. Dessa forma, as ciências sociais, entre elas está a Sociologia, analisam e estudam o comportamento e as ações sociais humanas e as diversas formas que estas se manifestam. 





    A Sociologia é o estudo das relações sociais e as formas de associação, considerando todas as interações e que ocorrem em sociedade.





    O estudo da sociedade é algo dinâmico e suscita a análise desapaixonada dos fatos, isentos de interesses, analisando apenas os fatos sociais em si, a mobilidade social, o processo de cooperação, competição, conflitos sociais e a divisão da sociedade, de forma a encontrar soluções para seus possíveis problemas.





    Aula 2

    Nessa segunda aula de sociologia vamos conhecer um pouco sobre as primeiras idéias dessa ciência, seus principais estudiosos e suas primeiras aproximações com a educação através do pensamento de Émile Durkheim.




    3 – O Desenvolvimento da sociologia
    O estudo dos fatos sociais é muito antigo. Com o surgimento dos primeiros grupos humanos, surge também a necessidade de se organizar para sobreviver.
    No século XIX, a sociologia torna-se uma ciência autônoma, ao lado das ciências modernas (física, química, biologia) como reflexo das transformações européias nos séculos XVIII e XIX.
    Tanto a Revolução Industrial (segunda metade do século XVIII) quanto a Revolução Francesa (1789) provocaram transformações radicais na sociedade da época. Com isso surge a sociologia como ciência.

    Sociologia: Ciência, objeto de estudo e análise
    A sociologia é uma ciência, ou seja, trata-se de um conjunto de conhecimentos sistematizados, organizados, baseados na observação e na pesquisa objetiva dos fatos sociais e não em crenças pré-concebidas ou sentimentos subjetivos a respeito dos mesmos fatos.
    "Um sociólogo pode ter sentimentos e crenças bem determinados a cerca de como a sociedade deve organizar-se ou tratar a alguns de seus membros, porém não são estes sentimentos ou crenças que definem essa pessoa como sociólogo. Como profissional, um sociólogo tem a obrigação de relatar e analisar objetivamente tudo o que constitui a vida em grupo (como a vida em família, as classes sociais ou as comunidades) e seus derivados (valores, tradições e costumes)." COHEN, Bruce. Sociologia Geral. São Paulo, McGraw-Hill, pag. 1, 1980.
    A sociologia estuda a sociedade humana, sua estrutura básica, a coesão e a desintegração dos grupos, a transformação da vida social. Um grupo de indivíduos não basta para haver vida social: é necessário que esse grupo interaja, se relacionam uns com os outros, convivam , tenham interesses em comum, vivam de acordo com as normas em comum.
    Nessas 2 vertentes sociológicas, uma defende a concepção de que o fato social seja algo proto e acabado, com ênfase na estrutura  social, a ordem social existente, etc. Na outra vertente é possível observar que o fato social é algo dinâmico, impulsionador dos aspectos que produzam a transformação social.
    Se por um lado é possível compreender a sociologia através dos fatos sociais que revolucionaram a transformação da sociedade, por outro lado é viável entender a sociedade através dos fatos sociais que são responsáveis pela manutenção da ordem, como a família, o governo, as leis, etc.

    Alguns filósofos e sociólogos essenciais para a construção da sociologia
    Auguste Comte (1798-1857) foi um filósofo francês, pai do Positivismo,  o primeiro a empregar a palavra "sociologia" na sua obra "Filosofia Positiva" em 1838. Para ele, a sociologia deveria ter seus estudos pautados na observação e classificação sistemáticas e não baseada na especulação e autoridade, como a ciência antiga (monarcas, governantes, sacerdotes) .
    Herbert Spencer (1820-1903) foi um filósofo inglês que publicou em 1876, a obra "Princípios de Sociologia" na qual ele utilizou a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin , desenvolvendo sua teoria da Evolução Social, segundo a qual a sociedade evolui naturalmente do estado primitivo ao industrial.
    Lester Ward (1841-1913) foi um sociólogo norte-americano que em 1883, em seu livro "Sociologia Dinâmica" defendeu o progresso social sob a orientação de sociólogos. Ou seja, esses sociólogos vêem na sociedade política o produto da luta pela vida, e nos governantes a sobrevivência dos mais aptos e na estrutura jurídica dos Estados a organização da concorrência.
    Dessa forma podemos observar que os primeiros sociólogos estavam imbuídos da idéia de progresso, de evolução. Seguindo essa idéia, buscavam fatos que lhes dessem sustentação como as grandes mudanças sociais projetadas pelas descobertas científicas, revoluções ou pelas guerras, tendo importante papel na difusão da idéia de progresso.


    Émile Durkheim
    Émile Durkheim (1858-1917) foi um sociólogo francês que contribuiu decisivamente para tornar mais rigoroso o método cientifico em sociologia. Em seu livro "Regras do Método Sociológico" (1895) Durkheim explica como procedeu em sua pesquisa sobre o suicídio, que seria publicada em 1897.
    1º Planejou o esquema da pesquisa.
    2º coletou grande quantidade de dados sobre os suicidas.
    3º Elaborou uma "Teoria do Suicídio" na qual ele apontou como fator principal o Isolamento Social. 
    Principio fundamental da sociologia para Durkheim é "Considerar os fatos sociais como coisas", implica tomar os fatos sociais em seus aspectos exteriormente observáveis, utilizando métodos de estudo apropriados, como a estatística.


    Para ler e resumir para a aula dia 18/02

    Émile Durkheim, o criador da sociologia da educação
    Para o sociólogo francês, a principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social


    Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o que o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) chamou de individual. Tal porção do sujeito – o jovem bruto – segundo ele é formada pelos estados mentais de cada pessoa. O desenvolvimento dessa metade do homem foi a principal função da educação até o século 19. Principalmente por meio da psicologia, entendida então como a ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes os valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção a Durkheim. "Ele ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu como o outro lado dos alunos, algo formado por um sistema de idéias que exprimem, dentro das pessoas, a sociedade de que fazem parte", explica Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas.
    Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.
    Nessa concepção durkheimiana – também chamada de funcionalista –, as consciências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela consciência humana. "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios – sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento – que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela", escreveu Durkheim.
    Essa teoria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais e à cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento coletivo. "Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de educação, cada uma com as características que lhe são próprias. As sociedades cristãs da Idade Média, por exemplo, não teriam sobrevivido se tivessem dado ao pensamento racional o lugar que lhe é dado atualmente", exemplificou o pensador.


    Ensino público e laico
    Durkheim não desenvolveu métodos pedagógicos, mas suas idéias ajudaram a compreender o significado social do trabalho do professor, tirando a educação escolar da perspectiva individualista, sempre limitada pelo psicologismo idealista – influenciado pelas escolas filosóficas alemãs de Kant (1724-1804) e Hegel (1770-1831). "Segundo Durkheim, o papel da ação educativa é formar um cidadão que tomará parte do espaço público, não somente o desenvolvimento individual do aluno", explica José Sérgio Fonseca de Carvalho, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
    Nas palavras de Durkheim, "a educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados físicos e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto". Tais exigências, com forte influência no processo de ensino, estão relacionadas à religião, às normas e sanções, à ação política, ao grau de desenvolvimento das ciências e até mesmo ao estado de progresso da indústria local.
    Se a educação for desligada das causas históricas, ela se tornará apenas exercício da vontade e do desenvolvimento individual, o que para ele era incompreensível: "Como é que o indivíduo pode pretender reconstruir, por meio do único esforço da sua reflexão privada, o que não é obra do pensamento individual?" E ele mesmo respondeu: "O indivíduo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto em que está inserido, a saber quais são suas origens e as condições de que depende. E não poderá sabê-lo sem ir à escola, começando por observar a matéria bruta que está lá representada". Por tudo isso, Durkheim é também considerado um dos mentores dos ideais republicanos de uma educação pública, monopolizada pelo Estado e laica, liberta da influência do clero romano. Autoridade do professor.
    Durkheim sugeria que a ação educativa funcionasse de forma normativa. A criança estaria pronta para assimilar conhecimentos – e o professor bem preparado, dominando as circunstâncias. "A criança deve exercitar-se a reconhecer [a autoridade] na palavra do educador e a submeter-se ao seu ascendente; é por meio dessa condição que saberá, mais tarde, encontrá-la na sua consciência e aí se conformar a ela", propôs ele. "Em Durkheim, a autonomia da vontade só existe como obediência consentida", diz Heloísa Fernandes, da Faculdade de Ciências Sociais da USP. O sociólogo francês foi criticado por Jean Piaget (1896-1980) e Pierre Bourdieu (1930-2002), defensores da idéia de que a criança determina seus juízos e relações apenas com estímulos de seus educadores, sem que estes exerçam, necessariamente, força autoritária sobre ela.
    A elaboração, adoção e socialização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)foi uma grande conquista para a educação brasileira. Houve padronização na indicação dos conteúdos curriculares e uma clara demonstração do que o governo espera dos jovens que deixarão os bancos escolares nos próximos anos. Para o professor Dermeval Saviani, da Unicamp, esse fato tem certa relação com as concepções de Durkheim. "Os currículos são sugeridos para todos. Esses documentos mostram as necessidades da sociedade. Agora, cabe aos estabelecimentos de ensino pegar essas indicações e moldá-las aos estudantes", explica. "A idéia de fundo é colocar as pessoas certas nos lugares certos, onde a comunidade precisa", diz.
    Para Pensar: Durkheim dizia que a criança, ao nascer, trazia consigo só a sua natureza de indivíduo. "A sociedade encontra-se, a cada nova geração, na presença de uma tábua rasa sobre a qual é necessário construir novamente", escreveu. Os professores, como parte responsável pelo desenvolvimento dos indivíduos, têm um papel determinante e delicado. Devem transmitir os conhecimentos adquiridos, com cuidado para não tirar a autonomia de pensamento dos jovens. A proposta de Durkheim levará o aluno a avançar sozinho? Esse modelo de formação externa contraria a independência nos estudos? Ou será uma condição para que a educação cumpra seu papel social e político?


    ACOMPANHAR

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