Aula 8 - Educação e Mudança Social  
A mudança é inevitável. Ela está intimamente ligada  a história e não há como se desvencilhar dela. Há os que tentam retê-la, coibir  ou retroceder os parâmetros comportamentais, mas a história avança. Haverá  períodos de mudanças lentos ou mais rápidos, mudanças mais ou menos bruscas,  grupos fechados ou abertos, abertos ou não à essas mudanças, porém no final,  mesmo que não haja uma ruptura com padrões, normas e pressupostos, ela avança  progressivamente, conservando na situação atual resquícios das situações  anteriores.
Assim, em plena era capitalista ainda conservamos elementos  medievais, relações feudais: a organização em salas, em fileiras de carteiras, o  professor que só ensina e o aluno que só aprende... etc. 
A educação escolar  pode atuar historicamente promovendo ações de mudanças internas e externas da  escola como pode se voltar contra a História, transformando-se em eficaz  instrumento de conservação da situação vigente. Dessa forma a história avançará  mesmo sem a escola e esta caminhará à reboque da história. 
O que se observa  é que na mesma escola coexistem parelhados aos motivos sociais, processos de  controle social e processos de mudança social, prevalecendo ora uns, ora outros.  
Entre os processos que contribuem para a mudança social e que podem ser  vivenciados na escola, encontramos a descoberta, a invenção, a visão de  conjunto, a espontaneidade, a liberdade e a  participação.
1. A descoberta
É o  aprofundamento em algum conhecimento que já existe. Na escola, os alunos entram  em contato com conhecimentos já existentes, patrimônio cultural da humanidade e  que até então era ignorado por eles. Por essa mesma razão esses conhecimentos  podem consistir em verdadeiras descobertas para esses educandos se trabalhados  de forma investigativa, prática, de forma que percorram os caminhos dos  descobridores, do cientista, etc. A redescoberta desses conhecimentos  possibilitam uma compreensão aprofundada desses processos – uma ida ao  observatório, num microscópio, através de instrumentos de aferição do clima, das  distâncias, das direções, num laboratório manipulando elementos, enfim tornando  a aquisição do conhecimento em algo palpável e real, pelo menos próximo da  realidade.
A redescoberta da realidade
A  redescoberta pode abranger tanto o estudo das coisas quanto o dos grupos e  pessoas. Encontramos certa facilidade ao lidarmos com as disciplinas ciências e  geografia. É de grande importância o contato do aluno com minerais, vegetais e  que vivenciem situações em locais onde poderão completar seu raciocínio e não  apenas através de ilustrações ou descrições. O ideal seria promover nas escolas  hortas, pomares, viveiros, jardins ou aquários para que vivenciassem a  aprendizagem ao vivo. O aluno descobrirá observando, vendo, tocando, plantando,  acompanhando o crescimento e o ciclo de cada atividade e não apenas lendo e  decorando. Esse procedimento de redescoberta deveria nortear o trabalho de cada  professor da educação infantil e da primeira fase do ensino fundamental, quando  a criança, segundo Piaget, encontra-se na fase das operações concretas. Assim,  prima-se pelo diálogo, pelo respeito às novas idéias, pelo debate em nome de se  alcançar novas respostas e partilhar saberes, de forma a conhecer e compreender  os pontos de vista do outro – educados para redescobrir e transformar a  sociedade em que vivem, estarão preparados para participar da construção de uma  sociedade mais justa.
2- A invenção
É  o resultado da combinação entre os conhecimentos já existentes com o objetivo de  se obter um novo produto.
A maior parte das invenções ocorre fora do  cotidiano escolar, entretanto a escola pode e deve contribuir para incentivar a  criatividade e estimular a inventividade do aluno, contribuindo  significativamente para o processo de mudança social.
Como  incentivar o aluno a desenvolver a inventividade:
·  Propor exercícios em que os alunos devem mencionar o maior número possível de  usos para um mesmo objeto (tijolo, cimento, caneta, papel, lápis) em determinado  tempo (2 minutos)
· Escrever o maior número possível de objetos de uma  determinada cor, com tempo determinado.
· Incentivar brincadeiras como  adedanha, nas quais são possíveis relacionar numa lista de objetos,  características humanas, cores, frutas, veículos, etc com a mesma letra  escolhida.
· Descrever objetos depois de observados por algum tempo  (descrição de plantas, frutas, pinturas, paisagens, imagens, etc.)
·  Descrever objetos de olhos vendados, os manipulando a fim de sentir a textura, a  forma, o peso e a sensação.
· Elaborar planos de sobrevivência em situações  extremas e diversas (deserto, selva, ilha deserta, com salário mínimo, etc.) com  apenas alguns meios disponíveis.
· Um aluno começar uma história cada aluno  dar continuidade até o final.
· Dar título a uma história 
· Elaborar  modelos de organização social, envolvendo a distribuição das terras, da renda, o  trabalho, a alimentação, a saúde, a educação, etc.
· Fazer jogos de montagem  – montagem de fotos, painel, quebra cabeças, mosaico, etc.
· Desenvolver o  mural da turma com as principais atividades desenvolvidas na sala de aula –  varal de idéias – mural de recados – avisos.
· Criar um jornal da classe, um  informativo mensal ou bimestral das atividades da turma com pensamentos, novas  idéias, dicas de saúde, lazer e estudo.
· Criar nova distribuição dos móveis  da sala, carteiras, quadros, mesas, armário, etc.
· Discutir sobre problemas  existentes na comunidade, no país e no mundo permitindo que cada aluno expresse  sua opinião e ofereça suas soluções.
· Simular situações em que o aluno deva  tomar decisões como: presidente, prefeito, policial, médico, advogado, promotor,  agricultor, professor, etc.
· Possibilitar aos alunos dar sugestões sobre  mudanças nos métodos de trabalho na sala de aula, nas avaliações, no estudo das  matérias, etc.
· Realizar visitas em bairros distantes e comunidades rurais  do município a fim de conhecer diferentes realidades e formar visões de conjunto  mais abrangentes.
Quanto menos repetitivas e mais inventivas as  atividades escolares, tanto mais a educação estará contribuindo para formar  pessoas dispostas a colaborar para a mudança social, para superação de situações  injustas.
3-Visão de Conjunto
Escola e comunidade não  devem ser vistas isoladamente, mas interagindo e atuando em conjunto para a  formação de novas gerações.
A escola será tanto ou mais eficiente quanto mais  ela estiver aberta as condições do país e do mundo em que vivemos.
O  interesse pelos problemas sociais atuais que afligem a humanidade não poderá  deixar de existir dentro da escola, 
na medida em que esta pretender formar  pessoas para atuarem de forma construtiva na solução desses problemas.
A  escola também pode contribuir para a superação da segregação entre as pessoas,  para a compreensão da pessoa, qualquer que seja, como princípio e fim das  atividades humanas, solidariedade por melhores condições de vida. Á escola cabe  também o importante papel na superação das posições dogmáticas, de quem se julga  dono da verdade.
A visão de conjunto permite compreender que o mesmo fato  pode ser visto sob vários pontos de vista, de diversas perspectivas, todas  possíveis e viáveis. O aluno deverá ser estimulado a desenvolver a compreensão e  a tolerância em relação a posições e pontos de vista alheios.
Quando um  professor quando vai trabalhar numa comunidade que não é a sua, surge a  necessidade de que ele compreenda a realidade diferente dos alunos. 
O  professor pode e deve trazer o conhecimento de outras realidades aos alunos,  como um intercâmbio cultural, a fim de formar pessoas abertas e tolerantes com  uma visão de conjunto integrada, útil ao domínio e à utilização do  conhecimento.
4- Espontaneidade – O comportamento em  sala quando é controlado e rígido num sistema de recompensa e punição, inibe o  comportamento espontâneo, gratuito e que abre campo para a criatividade mais  segura. 
5- Liberdade – A liberdade não se ensina como  matéria escolar, se aprende como consciência e na prática diária. A liberdade  desenvolve um clima de respeito entre os pontos de vista e sentimento de livre  expressão para aprender, escrever e criar. 
6-  Participação – O aluno deve ser estimulado a participar das aulas, do  que ocorre em sala e fora dela, permitindo o aluno contribuir na escolha de  assuntos e métodos de trabalho. 
