8 de jan. de 2011
O juízo moral na criança e ensino superior - uma analogia docente
Profª Semíramis Franciscato Alencar Moreira
O jogo de regras é para Jean Piaget uma condição fundamental para a atividade humana.
Os jogos coletivos de regras são paradigmáticos para a moralidade humana pois apresentam uma atividade interindividual necessariamente regulada por algumas normas que, embora herdadas por gerações anteriores, podem ser modificadas pelos membros de cada grupo de jogadores, o que os constitui de certa forma, “legisladores” de cada um deles.
Piaget diz que: “Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras”.
Embora essas normas não tenham um caráter moral em si, o respeito é a moral (os parâmetros de justiça e honestidade). Assim, o respeito provém de mútuos acordos entre os participantes do jogo e não da aceitação de regras impostas por autoridades estranhas a este grupo.
Num jogo de bolinhas de gude, pode-se observar a prática e a consciência da regra em cada indivíduo. Piaget pede num primeiro momento, que um menino o ensinasse a jogar e se punha a jogar com ele. Depois o perguntou de onde vinham essas regras, quem as havia determinado, se as regras poderiam ser modificadas, etc.
A evolução da prática e da consciência da regra pode ser dividida em três etapas. A primeira é a fase da anomia, a ausência total de regras, entre os 5, 6 anos de idade as crianças não seguem regras coletivas. Interessam-se pelos jogos para satisfazerem seus interesses motores ou fantasias simbólicas, e não para participar de uma atividade coletiva. As crianças podem estar em grupo, realizando uma mesma tarefa, mas estão agindo individualmente.
A Segunda etapa é a heteronomia, que abrange indivíduos de 9, 10 anos. Nesta fase, o surge no indivíduo o desejo de participar das atividades coletivas e regradas. Estes indivíduos não concebem as regras como um contrato firmado entre os jogadores, mas como uma lei, imutável, concebida e mantida pela tradição. Não concebem a si próprios como legisladores.
A terceira e última etapa é a da autonomia. Com características opostas às da fase heterônoma, esta fase representa a concepção adulta do jogo. Na autonomia, ocorre a plena maturação das regras do jogo. A criança já se concebe como possível legislador, capaz de criar novas regras que serão submetidas à aceitação ou a rejeição dos outros. Deste modo, a autonomia na prática da regra aparece mais cedo do que a revelada pela consciência da mesma.
Para cada uma dessas etapas devemos considerar as idéias de Henri Wallon, no que concerne às três dimensões do desenvolvimento humano: a afetividade, a linguagem, o movimento para a construção da personalidade.
Estes três fatores incidem drasticamente na formação interior do indivíduo e suas relações com os conjuntos de normas ditadas por diversos grupos. São constantes os casos de indivíduos ou grupos de indivíduos que se rebelam contra ordens pré-estabelecidas socialmente.
No estágio categorial do indivíduo por volta dos 6 anos, sob a concepção walloniana, o indivíduo volta sua atenção para o aprendizado e o conhecimento do mundo, este mesmo impulso se dá na adolescência, mas desta vez sob um impulso maior de uma gama de emotividade e questionamentos que provocam conflitos e o desejo de modificar as regras.
A professora Izabel Galvão, analisa este princípio: ‘’importante recurso para a construção da identidade (individual ou coletiva), as condutas de oposição podem ser interpretadas também como indício de uma necessidade de autonomia”.
O indivíduo recém saído da adolescência, com conflitos pessoais e psíquicos é o mesmo que integrará os cursos de graduação nas diversas instituições de ensino.
Na formação do educando de ensino superior, é observado a entrada dos iniciantes em qualquer graduação: curiosos, muitas vezes sem a menor noção da estrutura acadêmica que terão de compreender e aceitar. Se encontram em estado de anomia acadêmica. Ele não tem consciência das normas e tenta se adequar.
Este estado se transforma à partir do momento em que os graduandos procuram estabelecer contato com os alunos veteranos, compreendem, então, as regras do jogo, conforme seu grau de envolvimento com o grupo.
As relações coletivas são essenciais para o entrosamento do graduando com as regras da instituição de ensino e o grupo a que pertence. Assim, passa a aceitar e aplicar tais procedimentos devotadamente. A fase heterônoma do indivíduo.
Vygostky, ilustra bem este raciocínio ao se referir as atividades de grupo como fator relevante para o bom desempenho das funções mentais: “O homem é um agregado de relações sociais. As funções mentais são relações sociais internalizadas”.
Enquanto compreende e apreende as regras impostas pelo grupo e pela instituição , ele também elabora e submete suas próprias regras ao grupo. Esta autonomia, o indivíduo a conquista na fase final de sua graduação. Neste momento, o indivíduo se sente mais seguro para reorganizar seu pensamento e reelaborar e reeditar as regras anteriormente propostas.
O papel do docente superior seria o de mediador deste encontro, um facilitador das interações sociais, através de um ensino dialético, que despertasse o auto-questionamento e o questionamento do mundo que o cerca.
Fontes bibliográficas
· GALVÃO. Izabel. Henri Wallon: Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil. Petrópolis, Vozes, 2001.
· PIAGET. Jean O Julgamento Moral na Criança. São Paulo, Ed. Mestre Jou, 1977.
· PIAGET. Jean Estudos Sociológicos. Rio de Janeiro, Ed.Forense, 1977
· TAILLE. OLIVEIRA. DANTAS. Yves de la, Marta Kohl, Heloysa. Piaget, Vygostky e Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão. São Paulo, Summus editorial, 2003
· VYGOTSKY. Lev Semeniovich. Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
29 de dez. de 2010
Receita de Ano Novo - Carlos Drummond Andrade
Receita de Ano Novo - Carlos Drummond AndradePara você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Um ótimo ano de 2011! |
26 de dez. de 2010
Respondendo ao Professor Dr. Luiz Carlos Formiga.
Obrigada, querido Ramon e querido professor Formiga pela divulgação desse artigo e de meu blog Educando o Amanhã. Respostas em Azul! Abraços Semíramis Alencar Em 26 de dezembro de 2010 10:26, R Chaves <ramonchaves@hotmail.com> escreveu: LUIZ CARLOS <formigalcd@hotmail.com>; To: gadelh Subject: RE: Eu Acuso - Educando o Amanha Date: Sun, 26 Dec 2010 12:02:03 +0000 Coloquei também um de origem espírita. Divulguem. Discussão nos links Ramon Re: Evangelização Espírita Infantil Onde se dá a formação de educadores? Licenciaturas? Faculdade de Educação? Onde elas ficam? Universidades? A formação de Educadores deveria de ser desenvolvida, em primeiro lugar, no seio da própria família, comprometida com os valores morais voltados para a ética, a cidadania, o respeito e a solidariedade - educando nossos filhos e filhas, educamos também a sociedade. Faculdades, universidades, centros acadêmicos e licenciaturas pouco ajudam quando já não trazemos a educação do seio familiar. O estudo ajuda a formar, entretanto as famílias tem papel essencial na condução desse processo de maturação. O que mudou na universidade dominada pelo materialismo? Pouco ou nada. Na realidade, sempre foi materialista Como aproveitar a agilidades tecnológicas da nova era na universidade? Colocando as ferramentas tecnológicas a serviço do bem, como forma de prestação de serviços, repassando informações úteis, de forma a agrupar a comunidade para a solução de seus próprios problemas Como pensar em formação de educadores sem pensar em valores espiritualistas? Pensando exatamente no estado de coisas que se encontra a educação hoje - completamente desvirtuada de sua real função: a de educar . na escola se aprende de tudo: a humilhar o semelhante, a roubar, a mentir para si mesmo, a enganar, a colar, a discriminar, a agredir... Os professores, pressionados pelas más condições de trabalho e baixa renda não prezam pela correta conduta dos alunos, também vitimizados pelo sistema capitalista que também vitimizam seus pais. Nessa reação em cadeia, onde o mais forte é o que pode se impôr pela força, o mais inteligente, aquele que pode se driblar os currículos e tarefas propostas sob a alegação de que podem recorrer aos órgãos de proteção ao adolescente, a justiça por danos morais. Lastimável... a educação voltará a ser respeitada somente se cada professor dentro de sua crença começar a desenvolver uma educação pautada nos valores realmente humanos, desde a pré-escola, sem protecionismos ou desmandos, a escola que tem professores, pais e alunos que são parceiros na construção de uma nova sociedade, que não se pautem apenas na pequenez de passar ou não de ano, sob o argumento de que "traumatiza o aluno". A educação apenas alcançará algum efeito quando passar a respeitar seus educadores mais sérios, a incentivar o uso das novas metodologias de ensino, a compartilhar a visão de mundo do outro, a respeitar a lei de Diretrizes e Bases, dos Regimentos Escolares, de aceitarem o "não" como resposta, de reconhecer suas falhas, enfim, quando cada um de nossos pais, alunos, professores e dirigentes escolares reconhecerem que a educação sem verdade não é educação - é desvirtuamento. Abraços, Semíramis F. Alencar Moreira (pedagoga; especialista em Docência de Ensino Superior e professora) "Nas salas de aula desses cinqüenta e tantos anos de magistério, sempre olhei o adolescente, apiedado... E ouvia Jesus na página maravilhosa de Boa Nova: Pedro, eles não são pecadores... Eles são somente frágeis... E a fragilidade se mistura com os nossos conhecimentos de Física, de Química, de Biologia, de Psicologia... E as vontades? Como despertar as vontades? Como fortalecer os frágeis? Como ativar as vontades para querer o melhor para os próprios espíritos? E você? Onde fica? Pode ajudar ampliando essas reflexões? |
O que é o Natal?
Enviado gentilmente pela amiga Maristella Bilmeyer ! Feliz Natal, Bella! Io te voglio benne! Bacci. Aos leitores do Educando o Amanhã, meus desejos sinceros de que a alegria do Natal se estenda ao Reveillon e se prolongue por todos os dias do ano de 2011. Abraços fraternos Semíramis Alencar |
21 de dez. de 2010
Aos Amigos - Nossa mensagem de Natal
Com votos sinceros de que o verdadeiro sentido do Natal de Jesus esteja presente no coração de todos os amigos, irmanados em fé, amor e paz. Semíramis Alencar e Família |
20 de dez. de 2010
Eu Acuso - ou sobre o professor em BH
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